A 29 de Janeiro de 1984 faleceu Afonso Pinto de Magalhães, antigo
Presidente do Futebol Clube do Porto, grande clube que ele engrandeceu nas suas
funções de dirigente durante anos em diversas funções e por fim como Presidente
da Direção entre 1967 a 1972. Entretanto honrado com a categoria de Sócio Honorário, por deliberação da Assembleia dos sócios em 13 de julho de 1962 e mais tarde como Presidente
Honorário também do FC Porto, título com que foi agraciado por aprovação dos sócios em Assembleia Geral (ao tempo ainda chamada de Assembleia Delegada) de 29 de janeiro de 1971, e atribuição no dia seguinte em jantar de homenagem, realizado no pavilhão polivalente das Antas a 30 de janeiro (véspera do jogo dos 4-0 ao Benfica, com 4 golos de Lemos).
Além de sua prestigiada folha de serviços no âmbito social, como banqueiro e homem de negócios criador de famosos grupos empresariais, mais atividades no aspeto altruísta de apoiante das artes e de necessitados, incluindo a criação do Lar do Comércio, assim como seu papel de benemérito do clube de futebol da sua terra, o Arouca, e ainda instituições culturais do Porto, interessa para o caso aqui focar apenas a sua função elevada de Homem do FC Porto. Tendo como dirigente do FC Porto começado por ser Presidente do Conselho Fiscal em 1955/56 e 1965/66. Ficando para a história o caso de ter sido ele o responsável pela vinda de Dorival Yustrich, o treinador da vitória no Campeonato Nacional de 1955/56. Depois, em 1965, estando o clube inundado em dívidas, após a presidência de Nascimento Cordeiro (período tingido extensivamente pela venda de Serafim ao Benfica), Afonso Pinto de Magalhães fez parte do triunvirato salvador, havendo ele, junto com Cesário Bonito e Ponciano Serrano, conseguido atenuar essas dívidas. Até que em 1967 assumiu a presidência do clube e logo tratou de organizar uma campanha com a finalidade de chegar aos trinta mil sócios, quando o FC Porto não tinha ainda nem vinte mil. Objetivo que depois, passados apenas alguns meses, foi alcançado. Sendo então no seu mandato que foram construídas as piscinas (a inicial descoberta e a definitiva já coberta), o pavilhão de treinos das modalidades ditas amadoras, as amplas bilheteiras em frente ao estádio, a remodelação dos espaços do departamento de futebol, incluindo o átrio de entrada social no estádio (entre outras edificações do espaço envolvente do estádio das Antas, ao tempo considerado então como Cidadela Desportiva das Antas), mais a instalação da Sala-museu do FC Porto, de guarida expositora de todos os troféus até aí conquistados e objetos históricos do clube, mais a galeria de quadros dos Internacionais de futebol e dos atletas Olímpicos (no edífício-sede, na Praça do Município); e ainda a construção, em 1968, do Mausoléu do clube no Cemitério de Agramonte, onde repousam alguns portistas considerados como Glórias do FC Porto. Assim como teve a iniciativa do primeiro posto de venda de produtos alusivos ao clube, com a criação do postigo de informações e vendas, junto às bilheteiras alinhadas na praceta em frente ao estádio, para prestar todas as informações necessárias e proporcionar aos adeptos desejadas compras de flâmulas e de literatura portista, etc. Sem esquecer que durante a sua gerência fixou importante cunho tendente à identidade mística do simbolismo portista, com a gravação em discos de vinil do Hino do FC Porto em harmonização e instrumental da Grande Orquestra Sinfónica Ligeira, dirigida por Carlos Dias, e declamação do poema Aleluia, do celebrizado poeta Pedro Homem de Melo, recitado pelo então famoso ator e declamador Manuel Lereno, sob fundo musical de piano tocado por Carlos Dias. Tal como esse poema heroico Aleluia foi colocado num painel de azulejos em pleno átrio de entrada de honra no estádio das Antas, entre o bar então existente ali e a entrada para os balneários e também junto do acesso ao túnel de ligação ao relvado para a entrada da equipa em campo. Bem como criou o "Troféu Futebol Clube do Porto", cujo original estava patente em coluna apropriada no átrio social do estádio (galardão que chegou a ser atribuído a importantes colaboradores do clube, mas na presidência seguinte ficou quase esquecido, do mesmo modo que com Américo Sá nem o Troféu Pinga teve atribuição e acabou por deixar de existir, afinal...). Tal como, nesse amplo corredor da entrada, no tempo de Pinto de Magalhães foram afixados quadros emoldurados com figuras icónicas da vida do clube, entre outras iniciativas marcantes.
Na parte desportiva, houve na sua gerência também salientes vitórias em diversas modalidades e nas camadas jovens do futebol, embora no escalão sénior do futebol não tenha conseguido atingir maior sucesso, além da obtenção da conquista da Taça de Portugal em 1968.
Após esse período histórico, decidido a não continuar, findou essa missão em 1971/72, época em que cedeu o lugar a um novo presidente, havendo então a escolha dos associados recaído em Américo Sá. Enquanto como presidente cessante Pinto de Magalhães recebeu dos diversos órgãos do clube variadas homenagens, incluindo um monumento que estava no aparcamento de entrada das Antas, entre a portaria e o monumento ao Pavão.
Após isso, e com as mudanças político-sociais acontecidas no
país, Pinto de Magalhães passou posteriormente alguns anos no Brasil, acabando
por regressar mais tarde ao país natal, onde faleceu no Porto, a 29 de janeiro
de 1984.
Natural de Arouca, em que nasceu na freguesia do Burgo,
atual União das Freguesias de Arouca e Burgo, daquele concelho da Área
Metropolitana do Porto, Afonso Pinto de Magalhães foi batizado na cidade do
Porto, onde se arreigou. Acabando seus dias também na cidade Invicta, em cujo
campo santo de Agramonte ficou sepultado, em jazigo de família.
A sua ação como Presidente do FC Porto ficou registada em
diversos livros e brochuras, tal como o facto de ter sido vítima da situação
política do tempo, após o 25 de abril de 1974, mais o que de seguida resultou no caso que acabou por lhe fazer justiça, passou à posteridade em volumoso livro raro. Fazendo essas publicações
parte da biblioteca particular do autor destas remembranças. E assim dessas
mesmas são as ilustrações correspondentes, deitando os olhos a algo do que
sobre ele há publicado em livros, brochuras e revistas (sem contar obviamente artigos
e reportagens de jornais), entre estimações in libris. Porque quem faz parte vincada do
mundo grandioso do FC Porto merece ficar dignificado na Memória Portista.
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NOTA BENE - Como complemento, recorde-se outos artigos aqui
publicados neste blogue, entre os quais, além de alguns sobre efemérides, também por exemplo estes (clicando em):
https://memoriaporto.blogspot.com/2016/11/pinto-de-magalhaes-um-homem-do-porto.html
e
https://memoriaporto.blogspot.com/2018/05/efemeride-inicial-tomada-de-posse-como.html
Armando Pinto
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