Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Quando os irmãos Pereira de Carvalho (ciclistas Carlos Carvalho e irmão) chegaram ao FC Porto… em 1951.

Estava-se em janeiro de 1951. O FC Porto, que anos antes havia começado a ganhar a primazia do ciclismo português com Fernando Moreira, mais Dias dos Santos e Onofre Tavares, estava em fase de engrandecimento desse mesmo estatuto com mais valores, como era o caso dos irmãos Luciano e Fernando Moreira de Sá. Mas sempre com novos valores a chegarem, especialmente para as camadas jovens, com vista a assegurar o futuro, quão aconteceu então com a chegada de dois jovens ciclistas oriundos do concelho de Famalicão: Os irmãos Pereira de Carvalho.

Isto assim referido com esta indicação não dirá nada de especial a muita gente, como no tempo também pouco terá dito aos adeptos desse tempo. Porque o melhor estava ainda para acontecer, com o decorrer dos anos seguintes. Mas se dissermos que desse duo de irmãos resultou o reforço portista que deu pelo nome de Carlos Carvalho, mais tarde vencedor da Volta a Portugal de 1959 e Rei da Montanha da Volta a Portugal por 4 vezes, como vencedor do Prémio da Montanha das Voltas de 1955, 1958, 1960 e 1961… já é outra coisa, com outra pedalada na história do ciclismo.

Ora, Carlos Carvalho, como ficou mais tarde conhecido o então jovem José Carlos Pereira de Carvalho, mais seu irmão Fernando, chegavam então ao FC Porto em 1951, corria o mês de janeiro. Como ficou bem descrito no jornal oficial do clube, com introdução alusiva de ser caso de mais dois irmãos que se juntavam ao serviço do FC Porto em modalidades diversas (e além dos referidos havia ainda o caso dos irmãos Lopes, o guarda-redes Américo e o defesa Manuel Lopes, por exemplo, como anos depois também aconteceu com os irmãos ciclistas Mário e Carlos Silva, etc.). Mas melhor que mais adiantamento narrativo, qual fuga ao pelotão da descrição, deixemos a atenção parar no tempo do que publicou o jornal O Porto na ocasião.

Dos dois irmãos em apreço, o Fernando depois acabou por não continuar (pelo menos dele não se sabendo mais nada historicamente nos anais do ciclismo, tendo ido para o Brasil, onde se radicou), mas o Carlos foi o que se sabe. E, depois que  começou a ganhar lugar no ciclismo do FC Porto ainda como amador, depressa ganhou um título, o de Campeão Nacional de Amadores-Seniores de 1953, no mesmo dia em que Onofre Tavares se sagrou também Campeão de Independentes (a categoria da Elite da época).

Então Onofre era um dos primeiros grandes ídolos das multidões do ciclismo nortenho de finais dos anos quarenta a princípios da década de cinquenta e teve apogeu enquanto ciclista do FC Porto. E Carlos Carvalho, que viria a ser mais tarde o grande ciclista trepador português, chamado Rei da Montanha, detentor do recorde de quatro vitórias no Prémio da Montanha em quatro edições da Grandíssima Volta a Portugal (embora em certas publicações apenas indiquem erradamente três ou até menos, mas foram e são mesmo quatro!), começava nos inícios da década dos anos 50 a sua escalada ascencional no panorama do ciclismo português. Vindo também a propósito recordar esse seu início de carreira, por ser fase menos conhecida atualmente em publicações da especialidade, na lembrança do seu primeiro triunfo assinalável, com o alcance do título de Campeão Nacional ainda em Amadores – conforme também comprova outra nota de reportagem do jornal O Porto na edição de 9 de junho de 1953. 

Pois então, voltando a acertar o ritmo da corrida descritiva, segundo reportou o jornal O Porto de 17 de janeiro de 1951 (quanto à chegada ocorrida dias antes), haviam aportado por esse tempo ao FC Porto os dois irmãos que eram promessas do desporto dos pedais. 

Isso portanto já há muito tempo, tendo de permeio se desenrolado toda a carreira de Carlos Carvalho, também há muitos anos. Mas disso chegou agora conhecimento aqui ao autor destas notas a informação do facto, quanto a ter sido noticiado n’ O Porto o referido ingresso dos irmãos Carvalhos no FC Porto em 1951 – por amável envio do amigo Paulo Jorge Oliveira (detentor de grande lote de jornais O Porto, entre muito material que tem colecionado), através do qual recebi as imagens da correspondente parte do jornal, que aqui partilho seguidamente.


Ao tempo o FC Porto havia vencido entretanto 3 Voltas a Portugal, uma por Fernando Moreira em 1948 e 2 por Dias dos Santos em 1949 e 1950. Estava para acontecer no ano seguinte, à chegada de Carlos Carvalho ao escalão mais jovem do clube, a vitória do seu "Padrinho" Fernando Moreira de Sá, em 1952. E tudo o mais de que reza a história.

Armando Pinto

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