Tal como agora aconteceu na transição de 2019 para 2020, também em tempos idos houve
descanso de jogos de futebol em Portugal. Como é referido no livro da biografia
de Barrigana, reportando ao começo de 1952: Então, após um pequeno interregno devido às festas de Natal, o FC
Porto com Barrigana começava aquele ano de 1952 com o "Mãos de Ferro" alinhando contra
o grupo argentino Lanus, no Estádio do Lima, encontro que o FC Porto venceu por
1-0.
Foi pois a 1 de janeiro de 1952 esse encontro internacional
no Lima, estádio que o FC Porto ao tempo utilizava para jogos de maior
afluência de público, derivado do campo da Constituição ser já pequeno em
lotação possível e o estádio das Antas ainda estar em construção (seria inaugurado
volvidos meses, em Maio).
A curiosidade maior, para lá da efeméride do dia em que
lembramos a ocorrência, é o facto da equipa desse clube argentino Lanús ter
sido, muitos anos depois, casa do atual guarda-redes titular do FC Porto, pois Marchesín
defendeu a baliza do Lanús enquanto jogou na Argentina, antes de ter rumado ao
México e depois ter aportado em boa hora no FC Porto.
Na ocasião, em janeiro de 1952 o FC Porto estreou também Zorgo, que dias antes
assinara pelo clube da Constituição e das Antas. E logo tendo tido uma estreia auspiciosa.
Desse sucesso é de registar também o facto de pouco antes a
mesma equipa ter defrontado o Benfica em Lisboa, e dias depois, então no
primeiro do janeiro, no Porto, o FC Porto ter feito melhor figura… e poderia
até ter obtido resultado mais dilatado. Conforme reza a crónica de Rodrigues
Teles, inserta no 3º volume da sua importante obra da História do FC Porto.
Ilustrando a efeméride, juntamos imagens de equipas do FC
Porto de 1952. Estando na imagem cimeira, além dos mais conhecidos à posteridade,
também Diamantino (autor do golo desse jogo; e primeiro em baixo, a contar da esquerda, na foto de cima), mais Vieira e outros que emparceiraram com Zorgo nos inícios de 1952. E
na outra imagem (em baixo) também Américo, nesse ano de 1952 em que o então jovem guarda-redes
Américo Lopes subiu à equipa principal e passou a fazer parte do plantel da primeira
categoria (embora só já no princípio da seguinte década de sessenta conseguisse
ficar com a camisola nº 1, por ter tido à sua frente Barrigana, primeiro,
depois Pinho, e por fim Acúrcio).
Entretanto Zorgo poucos jogos fez pelo FC Porto, tendo
marcado um golo na sua estreia oficial, logo de imediato a 6 de janeiro na
vitória por 6-2 sobre o Oriental, mas após isso e depois de ter feito mais três
jogos, deixou de alinhar na equipa principal. Possivelmente devido a questões
burocráticas, pois houve notícias por essa altura que ele estava "preso" a uma
equipa italiana (mas passada a fase de indefinição e sem ter conseguido lugar a titular nas Antas, continuou a carreira em Portugal passando por clubes como o Boavista e o Vila Real, para mais tarde ter sido treinador). Tendo esse jogador húngaro, enquanto esteve no FC Porto, ainda feito parte da equipa portista que alinhou em
jogos de reservas e em formações mistas – como no caso de um jogo realizado em
ida oficial a Moncorvo, terra do presidente Urgel Horta, em Abril do mesmo
ano de 1952 (dentro das digressões da campanha de angariação de receitas para a construção
do estádio das Antas). Estando Zorgo (em baixo, na quarta posição a contar da esquerda), na foto da equipa que alinhou ali nessa
vila do Nordeste Transmontano. Em cuja festiva visita a equipa azul e branca teve Américo como guarda-redes e António Araújo (ao lado do presidente, na pose fotográfica) esteve como figura emblemática, ao género de embaixador, visto estar em fim de carreira devido a lesão que o reteve afastado longo tempo.
Armando Pinto
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