No dia 9 de Abril de 1918 Vidal Pinheiro, histórico jogador
do FC Porto, tombou em combate nas trincheiras da Flandres, já perto do final
da primeira guerra mundial.
Ficou na memória histórica esse recontro como a célebre
Batalha de La Lys. Uma das tristes páginas do grosso historial da I Grande
Guerra Mundial, com o CEP-Corpo Expedicionário Português como interveniente,
martirizado nas trincheiras e por fim no campo de batalha, como é dos livros pelo
menos. E nessa grande razia mundial também o Futebol Clube do Porto teve
heróis. Salientando-se em tal epopeia sangrenta da Primeira Guerra Mundial esse então jovem Joaquim Vidal Pinheiro, ao tempo reconhecido jogador de futebol,
tendo antes até ajudado a conquistar para o FC Porto a Taça José Monteiro da Costa, o primeiro
título da história do clube azul e branco da Invicta..
Curiosamente esse herói foi atingido e tombou em combate quando
fazia sete anos que, em 1911, alinhara no jogo em que o FC Porto conquistou aquela
Taça José Monteiro da Costa, ao bater o Leixões na última jornada dessa prova, a 9 de abril daquele ano seguinte à implantação da República em Portugal..
Vidal Pinheiro como militar foi Tenente de Artilharia, e fora mobilizado para a frente na 1ª Guerra, e consequentemente viria a ser uma das vítimas mortais da
Batalha de La Lys, entre as baixas no exército portugês provocadas em massa pelo bombardeamento dos alemães.
Repousa em seu túmulo no Cemitério do Prado do Repouso, na
Cidade do Porto (como neste blogue está registado em anterior artigo, sob título "Périplo por onde jaz Gente do FC Porto…"). Entre honras
devidas, a Câmara Municipal do Porto atribuiu seu nome a uma rua na freguesia de
Campanhã.
A notícia da sua morte seria conhecida em Portugal em Maio.
Quando saíra do Porto rumo à expedição militar, os seus companheiros de equipa, ao despedirem-se do bravo oficial do exército
para que tantas vitórias contribuiu, prometeram ao capitão de equipa, Vidal Pinheiro, que depois à
sua chegada como herói, haveriam todos de dar grande festa em sua honra. O
destino, implacável, frustrara a promessa. E quando, por fim, no campo surgiu o jornal
com a notícia, fria, chocante, da sua morte, todos os que por cá ficaram,
sofrendo também, verteram lágrimas de saudade e comoção. E nem o facto de ter
«morrido ao serviço da Pátria» calou alguns desabafos de revolta. (Conforme foi narrado por Rodrigues Teles, na sua História do FC Porto.)
Dele ficou a constar no Memorial aos Mortos da Grande
Guerra: Nome - Joaquim Vidal Pinheiro
Naturalidade - Bonfim, Porto
Posto - Tenente
Unidade - 1º Grupo de Baterias de Artilharia, Regimento de
Obuses de Campanha
Ramo Forças Armadas - Exército
Teatro de Operações - França
Causa da morte - Combate
Data da morte - 9 de Abril de 1918
Local de sepultura - França, Cemitério Militar de Vieielle
Chapelle
Circunstâncias da morte: Na batalha de 9 de Abril, ficou
gravemente ferido e gaseado, quando se dirigia para a posição da sua bateria,
pelo tremendo bombardeamento com que os alemães iniciaram a ofensiva. Retirado
do local por uma ambulância inglesa nela faleceu hora depois.
Tendo sido sepultado inicialmente em França, como tantos compatriotas, no Cemitério militar de Vieielle Chapelle, mais tarde, em 1921, foi seu corpo transladado para o Porto.
Tendo sido sepultado inicialmente em França, como tantos compatriotas, no Cemitério militar de Vieielle Chapelle, mais tarde, em 1921, foi seu corpo transladado para o Porto.
Antes, ainda no princípio desse ano de 1918, a 2 de janeiro, «a Assembleia-geral do FC Porto aprovara massivamente a criação e implementação de um Quadro de Honra na sua sede, em homenagem aos associados mártires da Primeira Guerra Mundial». (Ainda antes do falecimento do popular futebolista Vidal Pinheiro). Pois, já então o FC Porto tinha perdido "mais de duas dezenas" de sócios nos campos de batalha.
A propósito desta efeméride e sua envolvência, acrescente-se que anteriores crónicas relativas ao tema, neste cantinho de memória portista, tiveram certo eco até bem distante, havendo sido motivo do caso do referido heroi-mártir do FC Porto na Grande Guerra de 1914-1918 ter constado num livro publicado em Itália. Volume esse de que se junta de seguida imagem da própria capa.
Com efeito, no final do ano de 2015, mais precisamente em novembro, quando perfazia sensivelmente um século da entrada da Itália na I Grande Guerra, foi dado à estampa em Itália um livro sobre a ligação do futebol à memória dessa guerra mundial travada nas valas de terrenos entrincheirados da Europa. Tratando-se de um bom trabalho histórico-literário a memorizar tão importante protagonismo no curso da humanidade, mais particularmente com histórias de jovens, ao tempo, que então passaram dos campos de futebol para as trincheiras da Grande Guerra. Através de cuja paixão pelo jogo da bola, o futebol regressou vivo, graças à força bélica de homens atléticos. Entre atletas que também não puderam voltar, permanecendo contudo a sua memória.
Um livro, esse, sobre os jogadores que participaram na Primeira Guerra Mundial, contendo um capítulo referente a Joaquim Vidal Pinheiro, um dos homens que vestiram a camisola do F C Porto e foram chamados ao corpo expedicionário português que rumou aos campos de batalha onde se travaram as lutas dessa guerra. Tendo ali morrido no campo de batalha. Enquanto os outros representantes do F C Porto regressaram, como felizmente aconteceu com Floriano Pereira e Harrison. Havendo depois o corpo de Vidal Pinheiro regressado, enfim, aquando da vinda também do corpo do soldado desconhecido, para a homenagem honorífica com que ficou perenemente imortalizado o Peito Lusitano.
Um livro, esse, sobre os jogadores que participaram na Primeira Guerra Mundial, contendo um capítulo referente a Joaquim Vidal Pinheiro, um dos homens que vestiram a camisola do F C Porto e foram chamados ao corpo expedicionário português que rumou aos campos de batalha onde se travaram as lutas dessa guerra. Tendo ali morrido no campo de batalha. Enquanto os outros representantes do F C Porto regressaram, como felizmente aconteceu com Floriano Pereira e Harrison. Havendo depois o corpo de Vidal Pinheiro regressado, enfim, aquando da vinda também do corpo do soldado desconhecido, para a homenagem honorífica com que ficou perenemente imortalizado o Peito Lusitano.
= Imagem da Contra-capa =
Esse volume historiador é efetivamente um livro italiano com histórias de futebolistas tornados heróis na 1ª Grande Guerra mundial, obra da autoria de Giorgio “Acerbis” Ciriachi, em publicação da editora Urbone Publishing, sob título e subtítulo “Foot-ballers al frente – storie di calciatori (e di un tifoso) nella grande guerra”. (Traduzindo:) “Futebolistas na Frente / histórias de jogadores (e de um apoiante) na Grande Guerra”.
De particular atenção, mencionamos o facto por havermos tomado conhecimento da respetiva publicação por um curioso pormenor: No livro, que de Portugal refere a representatividade do F C Porto, é feita menção ao blogue Memória Portista na parte da “Bibliografia”. Bem como, na página dos agradecimentos (“Ringraziamenti”), tem referência ao autor deste blogue, por «…senza di lui il capitolo su Joaquim Vidal Pinheiro non avrebbe mai visto la luce…» («…sem ele o capítulo sobre Joaquim Vidal Pinheiro nunca veria a luz»).
É sempre um orgulho quando podemos dignificar o nome e representatividade do F C Porto, como neste caso e àquele nível. Sendo um livro, este, que honra o F C Porto, o desporto português e a memória portista e portuguesa. Como, de todo o modo, pese o contraste, é também honroso o FC Porto estar ligado à heroicidade de representantes seus em serviço da Pátria, como foi no caso de Joaquim Vidal Pinheiro e outros. Com orgulho de isso ser reconhecido além-fronteiras.
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
muito obrigado pela busca e divulgação desta informação.
ResponderEliminarsendo adepto do FCP interessa me toda a informação relacionada com o Norte e a cidade do Porto, onde nasci em Dezembro de 1953.
Vidal Pinheiro era um nome que associava ao Salgueiros, ja que o Estádio chamava-se "Estádio Eng Vidal Pinheiro" . Era familiar do Joaquim Vidal Pinheiro? seria o nosso Tenente eng e ter representado o Salgueiros?
Se me puder esclarecer, agradeço.
Mais uma vez agradeço o seu excelente trabalho e aproveito para lhe dar os parabéns. Cumprimentos
Filipe Monteiro
fasmonteiro@gmail.com
Viva. Agradecendo suas amáveis considerações, vou então tentar esclarecer: O Vidal Pinheiro que foi homenageado pelo Salgueiros com seu nome no antigo campo salgueirista, Alexandre Vidal Pinheiro, era irmão mais novo do Tenente Joaquim Vidal Pinheiro que muito antes jogou no FC Porto e depois foi mobilizado no Corpo Expedicionário Português que combateu na Iª Grande Guerra Mundial e acabou morto em combate. Tendo o mais novo, Alexandre, então sido pessoa histórica do Salgueiros quando o irmão já não era vivo, muitos depois de seu falecimento. O Tenente Joaquim Vidal Pinheiro foi um dos campeões de 1910 da antiga Taça do Norte, a Taça José Monteiro da Costa, como jogador e personahem histórico do FC Porto. O campo do Salgueiros, que antes era chamado de Augusto Lessa, teve por fim o nome do Engº Vidal Pinheiro porque esse Engº Vidal Pinheiro era dono dos terrenos do campo, e o alugava por um preço simbólico ao Salgueiros. Enquanto foi vivo. E depois os seus herdeiros permitiram toda a série de alterações que ao longo dos anos foram feitas no terreno. Daí ter tomado o nome porque era conhecido em sua homenagem. Mesmo depois de comprado, continuou com o mesmo nome. Até ao dito campo de jogos ter desaparecido como recinto desportivo, como se sabe.
ResponderEliminarPost Scriptum ao comentário pessoal: - Queria dizer "personagem" (histórico do FC Porto)... e em vez de 1910 queria dizer "1911"... (um dos campeões da Taça Monteiro da Costa).
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