É dos livros, quanto ao que perdura na memória registada, que
o hóquei em patins do FC Porto nos seus inícios teve como figura de impacto o
avançado Acúrcio Carrelo, que era guarda-redes internacional da equipa
principal do futebol das Antas e também foi o primeiro internacional dessa
modalidade dos patins no clube azul e branco (da qual depois pousou os patins, por ter optado continuar apenas como futebolista aquando da chegada do profissionalismo
ao desporto-rei em Portugal). Só muitos anos depois disso o FC Porto voltou a
ter um internacional na Seleção A portuguesa de hóquei com Cristiano (após ter sido também o primeiro internacional junior do FC Porto e inclusive um dos 3 primeiros campeões europeus formados no clube, também); tal qual como senior até durante
largo tempo Cristiano foi o único hoquista do FC Porto e inclusive de equipas nortenhas a
integrar a seleção anualmente composta por hoquistas do sul e das províncias
ultramarinas (até à era do 25 de abril de 74, continuando depois mais uns
anos com a área associativa de Lisboa em maioria em quase tudo). Havendo sido
Cristiano, que ao entrar na equipa principal do FC Porto ainda com idade de júnior
deu outro nível competitivo à mesma coletividade ainda do rinque da Constituição, e
na evolução tornou-se autêntica bandeira do hóquei em patins portista. Tanto
que foi com ele e mais uns Alexandre Magalhães, José Ricardo, Leite, Hernâni,
Castro, Brito, Zé Fernandes, etc. que o hóquei do FC Porto ganhou estatuto de
modalidade de grande predileção no seio da família portista.
Após esses tempos, foi com a nova vaga protagonizada no virtuosismo e capacidades de Vítor Hugo, Vítor Bruno, Carlos Realista, Domingos, António, Pedro e Paulo Alves, Franklim, Tó Neves, Filipe Santos, etc, etc. que o hóquei rolou numa cadência mais vistosa. Ficando então Vítor Hugo como um hoquista muito admirado entre os apoiantes, assim podendo ser considerado sucessor de Cristiano – quase como no futebol, depois de Pinga e Hernâni, emergiu Fernando Gomes no imaginário memorial da coletividade que da Constituição, passou às Antas e está agora no moderno Dragão.
Após esses tempos, foi com a nova vaga protagonizada no virtuosismo e capacidades de Vítor Hugo, Vítor Bruno, Carlos Realista, Domingos, António, Pedro e Paulo Alves, Franklim, Tó Neves, Filipe Santos, etc, etc. que o hóquei rolou numa cadência mais vistosa. Ficando então Vítor Hugo como um hoquista muito admirado entre os apoiantes, assim podendo ser considerado sucessor de Cristiano – quase como no futebol, depois de Pinga e Hernâni, emergiu Fernando Gomes no imaginário memorial da coletividade que da Constituição, passou às Antas e está agora no moderno Dragão.
Pois, em vista dessa representatividade, Vítor Hugo passou
recentemente a constar também no site ZeroZero com devido espaço nas Lendas do
hóquei em patins nacional, como já acontecia com Livramento, Cristiano, Fernando Adrião e Chana. Desse
artigo, com a devida vénia, regista-se a crónica correspondente (incluindo algumas
fotos, em disposição de texto e imagens à maneira da blogosfera).
A. P.
A. P.
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JOGADORES
Vítor Hugo: O verdadeiro artista
Vítor Hugo foi o avançado dos tempos modernos que mais
despoletou para a fama na modalidade. Aos 16 anos, já era internacional
português e já tinha jogado na equipa principal do FC Porto. Seguiram-se 13
épocas de grande nível até travar com os patins com 29 anos, logo depois dos
Jogos Olímpicos de 1992.
Podia ter sido ginasta, mas foi o hóquei em patins que
chamou por ele, pela qualidade, mas também pela perseverança e o estilo
combativo.
Arranque experimental
Natural de Espinho, cresceu mesmo ao lado do velhinho rinque
da Académica, junto à praia da Baía. Por ali, ficar em casa era algo impensável
e desde muito novo que Vítor Hugo começou a demonstrar ter uma capacidade
invulgar para a multidisciplinaridade de desportos. Experimentou a ginástica e
até chegou a ser atleta federado, ao mesmo tempo andava na patinagem.
Naquele tempo, finais dos anos 60, antes de se praticar hóquei em
patins, saber patinar e ter uma patinagem eximia era fundamental para singrar
naquele desporto.
Por isso, e sem surpresas, quando teve de escolher, optou
pela modalidade que o eternizou como um dos melhores de sempre. Baixinho, mas
rápido. Irrequieto, mas com uma visão sublime e letal na decisão. A forma
inteligente como pautava o jogo era o ponto forte do ‘eterno’ 4 português.
Com 11 anos, era daqueles que levava o saco com o
equipamento para um treino de seniores para ver se faltava alguém e, caso isso
acontecesse, Vítor Hugo entrava no esquema.
Já ali Vladimiro Brandão, aquele que anos mais tarde viria a
ser seu treinador no FC Porto, via nele um elemento diferenciador e único.
Triunfar como ninguém tão cedo
Livramento estava na parte final da carreira e a grande
dúvida era se algum dia ia aparecer alguém tão predestinado como ele. Na sombra
e com grande afirmação, tal como a maior característica que tinha enquanto
jogador, vinha Vítor Hugo.
Com 16 anos,
saltou vários patamares no seu crescimento e de uma assentada chegou ao FC
Porto e à seleção nacional. O representar Portugal fê-lo ter o primeiro
contacto com Livramento, bem como as primeiras aprendizagens o ‘astro’
português, mas a inspiração estava no Américo de Sá: António Vale.
Vítor Hugo tinha o defesa portista como um dos primeiros jogadores
que o fez apaixonar-se pela modalidade, o que o ajudou a aprimorar ainda mais
essas capacidades.
A
concentração começou a ganhar contornos cerebrais para o jogo com o evoluir da
idade. Ver Vítor Hugo com a bola era saber que dali ia sair perigo, mas o mais
difícil era saber para onde ia sair.
Estávamos perante o arranque de títulos portista. Com Vítor
Hugo à cabeça, os dragões ganharam oito campeonatos, sete supertaças, cinco
taças de Portugal, duas taças das taças, uma taça continental e as duas taças
dos campeões europeus.
Na seleção nacional, foram dois europeus e dois mundiais.
A aventura italiana
No
meio do sucesso portista, na época 87/88, quis experimentar o hóquei italiano,
tão na berra na altura. Com tantos pretendentes, escolheu o melhor: o Novara.
Esteve apenas um ano. Protagonizou uma das mais incríveis movimentações do
mercado na altura. Assinou pelo Novara apenas por um ano, pois já tinha
assinado pelo FC Porto para regressar na temporada seguinte.
Quando terminou a época em Itália, com o título transalpino
conquistado, tinha um cheque em branco para renovar pelo valor que quisesse,
mas palavra é palavra e Vítor Hugo voltou à Invicta para continuar a ganhar.
A despedida Olímpica
Corria o ano de 1992 e Vítor Hugo, aos 29 anos, sentia que
tinha de terminar o curso de médico dentista, pelo que terminou a carreira num
evento icónico: Os Jogos Olímpicos de Barcelona.
A modalidade
foi experimental e Portugal surgia como o grande favorito do torneio, já que o
título de campeão do mundo conquistado no ano anterior em Portugal assim
classificava a seleção nacional, para além de que a qualidade do plantel estava
na máxima força. Vítor Hugo era a maior figura da equipa de António Livramento,
só que o resultado foi bastante abaixo do esperado: quarto lugar. O ‘eterno 4’
do hóquei em patins via uma carreira recheada de sucesso terminar de forma
inglória.
As saudades das oito todas fizeram-no regressar às pistas já
em pleno novo milénio. Fez poucos jogos ao serviço da Ac. Espinho, mas foi
essencial para que os ‘mochos’ da Costa Verde conseguissem uma subida de
divisão.
Um treinador ainda mais fugaz
A carreira de treinador de Vítor Hugo acabou por ser ainda
mais curta do que a de jogador, mas igualmente impactante e triunfante.
Após
terminar o curso de médico dentista, e com o curso de treinador completo, Vítor
Hugo foi chamado de urgência para render Cristiano Pereira no comando técnico
do FC Porto na parte final da época de 95/96. Chegou a tempo de ganhar três
títulos, um deles Europeu: Taça CERS, Taça de Portugal e Supertaça nacional.
No ano seguinte, não foi ele quem arrancou a época, só que
Vítor Bruno não ficou muito tempo e Vítor Hugo foi chamado ao comando
novamente. Dessa vez, não ganhou nenhum título, mas jogou a final da Taça dos
Campeões Europeus frente ao Barcelona. A final em que não pôde contar com
Filipe Santos, que dias antes tinha sido agredido no pavilhão da Luz e nem
acompanhou a equipa na viagem à Catalunha.
Dessa vez, mesmo assim, não saiu do comando técnico, só que
em 97/98 não terminaria a época. Um castigo já perto do fim da fase regular
fê-lo ficar com um processo de inquérito e, como ia ser longo, resolveu
demitir-se para os dragões não ficarem sem treinador no banco, sendo
substituído por Franklim Pais.
Portugal e Adeus
Após
uma paragem de um par de anos, surgiu o convite da Federação. O desafio era
imenso, voltar a colocar Portugal na rota dos títulos, e a entrada foi quase
perfeita, mas a final do Mundial de 2001 estava destinada à Argentina, ou não
fosse a prova realizada no Estádio Aldo Cantoni, em San Juan.
No entanto, dois anos depois (pelo meio, derrota também na
final do Europeu, contra a Espanha), veio Oliveira de Azeméis e aquele golo de
Pedro Alves, que colocou Vítor Hugo no patamar dos únicos, invulgares e ainda
mais icónicos. Para sempre. Depois daquilo, mais nada.
DADOS PESSOAIS
NOMEVítor Hugo Barbosa Carvalho da Silva
NASCIMENTO1963-04-04
NATURALIDADEEspinho
POSIÇÃOMédio
INTERNACIONALIZAÇÕES A122 Jogos / 195 Golos
SITUAÇÃORetirado das competições oficiais
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