Maio, como mês de cerejas tem lembranças também a virem umas
com as outras, sendo um período de muitas e boas memórias viçosamente azuis e
brancas, como tem sido lembrado ao longo de muitos dos dias quentes de
temperatura primaveril como de fluxo cardio-portista.
Pois se o mês é assim, também o dia 27 do mesmo tem sido cheio de
motivos oportunos de evocação interessante. Como, por exemplo, foi o caso de a
27 de Maio de 1928 Valdemar Mota se ter tornado o primeiro atleta olímpico do
FC Porto, ao alinhar e marcar contra o Chile no primeiro jogo da seleção
portuguesa de futebol nos Jogos Olímpicos de Amsterdão; bem como na mesma data
mas de 1956 o FC Porto ao bater o Torreense por 2-0, com dois golos de Hernâni,
venceu a primeira Taça de Portugal da nossa história. Temas já aflorados, por
vezes, e mesmo evocados aqui anteriormente neste espaço de memória portista. E
depois, como cereja no topo do bolo, houve em 1987 a vitória na final de Viena
de Áustria.
Pois então, a 27 de Maio de 1987 o FC Porto venceu o Bayern
de Munique em Viena, conquistando o nosso primeiro título internacional de
futebol ao mais alto nível: a Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Foi esse um dia inesquecível, depois de algum tempo de
entusiasta expetativa pela chegada da hora do jogo desse mesmo dia. E durante o próprio dia,
num misto de confiança e receio, porque nada é certo e nem sempre há justiça,
chegou enfim a hora da verdade. Tendo assistido em minha casa, pela televisão e
a cores, obviamente, junto com dois bons amigos que quiseram viver esse jogo
comigo. Algo que eles por certo terão bem presente. E eu tenho, de tal modo
que, depois de durante o jogo ter barafustado mais até que o costume,
no final foi o máximo, como algo desejado que finalmente foi conseguido. Tendo
também comigo o meu filho, jovenzinho mas já ali como eu com olhos de
sentimento. Pois que, tendo nós sofrido um golo alemão sem eles merecerem,
inclusive num deslize da nossa equipa, e depois de uma exibição de gala sem que
a bola entrasse do outro lado, por fim, quase na última dezena de minutos houve
enfim a ansiada reviravolta e o FC Porto conseguiu vencer os germânicos mais
que favoritos.
Desse jogo, para ilustrar o acontecimento, deitamos olhos a
uma publicação que, passado 17 anos, recordava tal feito, na ocasião de nova
chegada do FC Porto à final da prova mais importante da Europa. (E igualmente
com vitorioso desfecho, felizmente).
Tudo o que se possa dizer ou descrever sobre tudo aquilo leva
mais tempo e espaço a narrar que a lembrar. Bastando referir que então, embora em casa, e já definitivamente
de pé quase encostado ao televisor a ver bem tudo, foi especial ver o João
Pinto a receber e beijar aquela taça, algo que quando víamos antes com outros parecia
irrealizável para nós… E então, ali, ao ver os nossos a agarrar essa taça (quando o João Pinto deixava...), foi
como se lá estivéssemos também a deitar-lhe as mãos. E tudo o mais, que nem
vale a pena tentar discorrer por escrito, pois está de viva memória cá dentro.
Futebol Clube do Porto: Campeão Europeu! Eis a legenda que
finalmente apareceu nas imagens televisivas e deu tão grande prazer ver e sentir.
Tal como no dia seguinte aparecia nos jornais que comprei e com estima guardei.
Como ainda em dias imediatos veio nalgumas revistas, igualmente merecedoras de ficarem guardadas. Pois o nosso FC Porto alcançou
o título de melhor da Europa!
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens )))
Este foi o meu momento Porto. O meu jogo Porto.
ResponderEliminarNa época ainda era fresco os 19 anos em que não ganhávamos, os clubes da Europa eram muito mas muito superiores a nós, sei que 3 anos antes tínhamos chegado a uma final europeia, não tínhamos ganho.
O facto de estarmos ali era já um sonho. Acordar para a realidade e esperar que há hora do jogo os nossos atletas fizessem um esforço e não saíssem com uma grande derrota era o que todos esperavam.
O meu filho tinha nascido uns dias antes e ainda estava a viver essa novidade. Um filho e o meu Clube a jogar uma final europeia com o clube que eu admirava. No dia, desde que acordei que a ansiedade era grande. Nunca mais chegava a hora, nunca mais passava a hora. A barriga doía, não conseguia trabalhar. Ainda éramos poucos Portistas. A maior parte dos amigos, dos conhecidos, éram de outro clube e riam-se do banho que íamos levar.
No dia nem sorria. Estava amarelo de dúvida, de receio, uma esperançazinha que em qualquer conversa se esvanecia e me punha os pés no chão.
O sonho de puto. Chegar ali.
Começou o jogo, lembro-me que estava em casa dos meus pais sentado no chão. Do nada surge um lançamento lateral, bola para a área, Jaime Magalhães falha a cabeçada e toca de raspão na bola que cai por ali e golo.
O Bayern a ganhar.
Misto de tristeza, desilusão, lembrar as conversas do dia com amigos, com colegas de trabalho, visualizar o dia seguinte, ter que enfrentar os colegas de trabalho de outro clube, descer à terra.
O jogo prosseguiu, o Futre quase marcou. O quase por onde muitas vezes passávamos.
De repente o Madjer faz uma maldade do tamanho do mundo com uma naturalidade que nem dava para perceber. Já valeu o sonho. Estávamos empatados. Já só era necessário aguentar o adversário. Prolongamento e se fossemos a penaltis tudo podia acontecer.
Mas, oh! O Madger desfaz o Winklhofer com 2 truques que só ele sabia fazer. Centra. Aparece Juari em corrida, mete o pé, parecia que ia por cima mas, GOOOOOOOOLLLLLLLOOOOOOOO.
OH! O SONHO!!!
Estaria eu ainda a sonhar? Seria que já tinha acordado?
Depois só me lembro de estar em pé quase em cima da televisão aos berros a querer que o jogo acabasse depressa.
O árbitro apitou.
O árbitro apitou?
O ÁRBITRO APITOU???
O SONHO
O PORTO GANHOU
O FUTEBOL CLUBE DO PORTO, O MEU CLUBE É CAMPEÃO EUROPEU.
Chorava de alegria.
O dia seguinte. Ia ser eu a rir.
Ia enfrentar os colegas de trabalho de peito inchado.
O meu Clube contra todas as expectativas e previsões ganhou ao colosso europeu.
Ainda tinha a memória fresca de festejar o meu primeiro campeonato. Ainda o meu Clube dava os primeiros passos de solidificação em Portugal e acabava de ganhar a taça dos Campeões Europeus.
O meu sonho impossível de puto virou realidade.
O meu Jogo.
O meu momento Porto.
Depois as vitórias começaram a ser naturais.
Sempre festejei as nossas vitórias, nos Aliados, nas Antas, no Dragão, na Alameda, sempre festejei com alegria e emoção.
Festejei o Penta.
Festejei em Sevilha com a emoção da incerteza do resultado.
Festejei Gelssenkirshen.
Festejei o minuto 92.
Mas 1987 é o meu momento Porto.
Ao lermnos isto, amigo José Magalhães, todos nos estamos a rever em tudo, até parece que ainda estamos a viver, e estamos mesmo a reviver. Grande abraço. Não há nada como ser Portista!
ResponderEliminarTinha 16 aninhos nessa altura. E a familia toda reunida a volta da televisão, num misto de ansiedade, orgulho, receio... sei lá eu. Eu só queria que o meu Portinho ganhasse e mais nada. de repente aquele balde de agua fria. O Bayern marca e as lágrimas vieram-me aos olhos. Só pensava..." não pode ser, O Porto não merece, o meu Porto merece ganhar. Contra tudo e contra todos..". Lembro-me do olhar de desalento do meu pai, e de lhe dizer" ainda há muito jogo para jogar... o nosso portinho não vai desiludir..." e assim foi. Segunda parte, os nervos a crescer. Havia alturas em que fugia para o meu quarto. Nem queria ver... e de repente... aquele golo maravilhoso do Madjer. Aquele calcanhar dos ceus. Oh alegria. A casa quase que veio abaixo com tanto berro. Diise eu para o meu pai:
ResponderEliminar" agora é facil... e só mais um...
E assim foi. O juary fez facil. Bolinha dentro da baliza adversario e o sonho cada vez mais perto. Depois, oh depois o tempo nunca mais passava. Acho que berramos tanto que no dia seguinte andavamos todos roucos ahahah.
Só queriamos ouvir o apito final. A taça nas nossas maos e mais nada.
E assim foi. Ao apito final, o berreiro aumentou. Entre berros, lágrimas e danças malucas. Festejamos com toda a nossa alma portista, a vitoria do nosso Porto
E que vitória frente a um colosso europeu. Mas o nosso Porto mostrou que também fazia historia.
Depois, bom depois toca a ir festejar para o nosso palco, a Avenida dos Aliados. E nunca a felicidade soube tão bem.
Porto sempre e para sempre.