Mário Castro, como inicialmente era mais conhecido, e depois Engenheiro Mário Sampaio Castro, foi e é um nome com marca registada na História do FC Porto. Um daqueles nomes cuja ligação clubista é do conhecimento do acompanhamento da vida do FC Porto desde os anos da década de trinta/quarenta, até aos anos setenta, pelo menos. Embora sem contar na literatura mais recente com chancela oficial do clube. E, como tal, tem estado deveras esquecido, a pontos de nem ter sido incluído em publicações que seguem outras, como no caso de enciclopédias e estudos com edições distantes de aprofundamento. Tendo sido um andebolista saliente, bem como até um desportista multifacetado, além de dirigente, também.
Pois, assim sendo, este é mais um caso a merecer atenção, no
avivar necessário da memória portista e desportiva.
= Ao centro, Henrique Fabião e Mário de Castro, dois dos
grandes nomes do andebol do FC Porto, ladeados por Carlos Bastos e Teófilo
Tuna.
De nome completo Mário Osório Pinto de Sampaio e Castro, era
natural do concelho de Felgueiras, mas desde muito jovem residiu na cidade do
Porto, para onde foi estudar e se arreigou. Oriundo da família Sampaio e
Castro, com raízes nas freguesias de Rande e do Unhão, do concelho de
Felgueiras. Sendo filho de António Pinto de Sampaio e Castro, antigo Conservador
do Registo Civil e Administrador do Concelho de Felgueiras, além de político
Republicano famoso, que viveu em Rande, na Casa da Leira, sobranceira à então povoação
e hoje vila da Longra, onde tem uma rua com seu nome. Bem como neto dum personagem
célebre localmente como era o famoso “Doutor de Munhos”, médico do povo, conforme ficou
descrito o Dr. Castro de Moinhos, da casa de Moinhos, do Unhão, no livro “Memórias
do Capitão” de João Sarmento Pimentel. Sendo que os antecedentes familiares
eram das casas abastadas de Moinhos e do Raposo, de Unhão e Lordelo
respetivamente; e alguns dos seus filhos foram viver para a
Longra, enquanto outros rumaram para diversos lados (como, por exemplo, Porto
e Matosinhos, de onde descende o atual político Manuel Pizarro Sampaio Castro, entretanto
também deputado nacional na Assembleia da República, Eurodeputado da CEE, vereador
municipal da Câmara do Porto e membro do Conselho Superior do FC Porto, familiar
do Eng.º Mário Sampaio Castro).
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O Dr. António Pinto de Sampaio e Castro (do qual se junta aqui sua foto oficial de finalista, como nesse e outros tempos era da praxe estudantil posar à posteridade, com capa e pasta com as correspondentes fitas), foi famoso Administrador do Concelho de Felgueiras nos inícios da Primeira República e mesmo após a derrota da Monarquia do Norte e consequente reimplantação da República. Administrador do Concelho entre 1910 a 1912, depois de 1915 a 1917 e em 1919. Sendo aí personagem da vida concelhia nas primeiras décadas do século XX, que a par de sua ação de administração político-local, foi também Conservador do Registo Civil de Felgueiras – de modo que sua assinatura consta dos registos de nascimentos, casamentos, óbitos e outros documentos e comprovativos civis desses tempos.
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Ora, Mário Castro enquanto estudante na Invicta começou a
praticar desporto e cedo passou a ser jogador de Andebol no Nun´Alvares, assim como
de Basquetebol do FC Porto. Tendo depois optado pelo Andebol e então se transferiu do Nun´Álvares para o Andebol do FC Porto, onde se tornou figura destacável. De
modo que chegou a internacional, sendo selecionado sempre que houve jogos entre
seleções de Andebol de Onze em seu tempo. Sabendo-se que nessas eras o Andebol
de Onze era a seguir ao futebol a modalidade de maior popularidade, tendo decaído
mais tarde com a implantação do Andebol de Sete, acabando extinto mesmo o clássico,
que era jogado ao ar livre em campos grandes.
= Enquanto basquetebolista, integrando a equipa do FC Porto de
Basquetebol da época de 1939/40. Foto respeitante ao jogo em que, a 28 de maio
de 1940, FC Porto e Vasco da Gama foram finalistas da Taça "Sebastião
Ferreira Mendes" (Presidente Honorário do FC Porto), terminado com a
vitória do FC Porto por 21 - 20 (nesse tempo em que pelas regras e estaturas, à
época, muito diferentes da atualidade, os resultados atingiam números pequenos).
Pose de conjunto das duas equipas, em que do FC Porto se veem (em cima e da esquerda
para a direita) Fernando Costa, Mário Castro, João Lopes Martins, Zeferino,
José Maria Leite, Braga, Raúl e Trindade.
Veio Mário Castro como andebolista para o FC Porto com fama
de grande rematador, como depois foi registado em reportagem no jornal O Porto,
sobre sua carreira (em artigo de M. Dias Saúde):
Foi assim Mário Castro atleta de andebol durante 15 anos,
desde 1930 até 1945, tendo no FC Porto conquistado vários Campeonatos Regionais
e Nacionais, fazendo parte das equipas portistas que conquistaram os 2º, 3º e
4º Campeonatos Nacionais de Andebol (não tendo estado no 1º por então fazer
parte da equipa de basquetebol do FC Porto que em 1939 venceu o Campeonato Regional
de Reservas de 1938/39).
Durante sua carreira, Mário Castro foi 8 vezes internacional
pela Seleção da Associação de Andebol do Porto, em representação nacional.
Essas foram algumas das situações que ele fixou em sua memória,
como relembrou na coluna que n‘ O Porto lhe foi dedicada, em 1951, na rubrica “Figuras
do Passado”:
Com várias faixas de Campeão Nacional de andebol de onze, posteriormente
Mário Sampaio Castro dedicou-se à Pesca Desportiva também no FC Porto,
integrando essa secção ao tempo existente na coletividade, junto com a esposa,
tendo ambos sido campões nacionais por ocasiões diversas. Constando portanto
nos anais da secção de Pesca do FC Porto entre os valores históricos, esses
campeões Mário e Josina Sampaio Castro. Os quais, Mário Castro e esposa, foram
galardoados pelo clube com o Trofeu Pinga, ela em 1964 e ele em 1965, por se
terem distinguido como campeões de Pesca. Mais tarde, já na transição dos anos
60 / 70, sendo industrial proprietário duma empresa de produtos químicos, de borrachas,
plásticos, etc, ofereceu ao FC Porto a primeira estrutura de tartã que existiu
no estádio das Antas (na zona dos saltos de atletismo, por trás das balizas).
Até que, por fim, a partir de 1972, fez parte das primeiras gerências da
presidência do Dr. Américo Sá, como vice-presidente.
= Como elemento da Direção do FCP a assistir à oficialização
do contrato do icónico basquetebolista Dale Dover (estando o Eng.º Mário
Sampaio e Castro, de mão no queixo e ao lado do presidente da Assembleia Geral,
Dr. Ponciano Serrano, muito atento à assinatura).
Era Mário Castro muito ligado a um primo, Adriano Pinto de
Sampaio e Castro, que era colaborador do FC Porto, ao género de olheiro de
jovens valores e outros casos, tendo sido um angariador de fundos na campanha
para a construção do estádio das Antas (inclusive servindo de intermediário a
deslocações da equipa de futebol do FC Porto a Felgueiras e outras terras do
distrito do Porto, em jogos a reverter para esse fim) e como observador levou
para o FC Porto o ciclista Artur Coelho e os futebolistas juniores Silva e
Freitas, nos anos 50. Tendo por isso, já em finais de vida, encarregado seu
primo Adriano Castro de ser portador da primeira bandeira do concelho de
Felgueiras do tempo de seu pai como Administrador do Concelho, que resolveu
oferecer à Câmara Municipal de seu concelho após o 25 de abril e foi entregue
depois em princípio dos anos 90 nos Paços do Concelho em Felgueiras, à sua
morte, pelas mãos desse seu primo (acompanhado por outros primos da Casa da Padaria da Longra).
Depois disso, em 1994 Mário Castro foi lembrado em Felgueiras,
numa homenagem conjunta com o fundador do Futebol Clube de Felgueiras, Verdial Horácio
de Moura, marido duma sua prima da Longra-Felgueiras. Desse ato de tributo conjunto,
a tais dois nomes históricos de ligação ao desporto felgueirense, no caso, junta-se
recorte noticioso dessa ocasião.
Decorria ainda a Primavera de 1994, ao princípio de Junho, quando em Felgueiras foi prestada publicamente uma homenagem não muito usual na cabeça de concelho das terras do pão-de-ló e calçado. Tendo então havido lembrança de prestar um justo reconhecimento a dois vultos do meio desportivo: Um, Verdial Moura (Abílio), mais ligado à criação do clube de futebol representativo do concelho, como seu fundador; e outro, Mário Castro, por quanto honrou o concelho como desportista nacional, tendo sido andebolista internacional, além de ainda basquetebolista e campeão de pesca desportiva, no F C do Porto, clube onde mais tarde foi também diretor vice-presidente de algumas gerências da Direção.
A homenagem teve cunho oficial da Junta de Freguesia de Margaride, da União Desportiva de Várzea e do Futebol Clube de Felgueiras. Tendo na ocasião o Presidente do "Felgueiras", José Luís Martins, ofertado à família dos homenageados medalhas comemorativas do então recente título de campeão da 2ª Divisão Nacional B obtido pelo FC Felgueiras. Tendo como principal número de cartaz havido um jogo entre as categorias de Juvenis do FC Felgueiras e da Académica de Coimbra, em cuja equipa era capitão um familiar dos homenageados, neto do felgueirense Adriano Castro (depois também um dos fundadores da Casa do FC Porto de Coimbra).
Relembrando esse preito concelhio, recorda-se o respetivo programa através de notícia coeva publicada no antigo jornal “Gazeta de Felgueiras”.
(Do facto há relato descritivo no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997, da lavra do também autor deste blogue.)
Armando Pinto
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