Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quinta-feira, 31 de março de 2022

Ciclismo atual do FC Porto mesmo com o caso da suspensão de Raul Alarcón – sem decisão ainda definitiva – por causa do passaporte biológico (mas não uso de doping) por decisão da UCI confirmada pelo TAS - porém ainda em recurso...

O ciclismo português antes do aparecimento de Adriano Quintanilha, com equipas fortes na modalidade, andava em agonia no desporto português. De modo que o público se desinteressara efetivamente desse desporto das bicicletas de corrida, a pontos dos ciclistas serem praticamente desconhecidos, poucos sendo os que eram conhecidos sequer de nome de adeptos interessados no ciclismo, indo longe os tempos de banhos de multidões como anteriormente. Até que isso foi mudando precisamente com o reforço das equipas da W52, e então quando houve a junção com o FC Porto aconteceu o grande “boom”, passando a estar em alta, como se diz, acontecendo um desenvolvimento rápido. Mas causando estrondo entre invejosos e aziados, entre quem não tinha a modalidade dentro de seus quadrantes clubísticos. Porque quer se queira quer não, em Portugal é o mundo dos clubes que move o desporto e é no âmbito e horizonte das preferências clubísticas que tudo gira. Com os dos clubes da capital a não gostarem que outros sejam melhores. É a verdade nua e crua.

Pois desde que começou a parceria da W52 com o FC Porto que a Equipa W52-FC Porto domina o ciclismo português, sem rival nas grandes competições. Daí que havia que tentar minar isso, ou combater dentro do que fosse possível aos opositores. Para mais porque o Benfica deixou de ter ciclismo e enquanto foi o único dos grandes com a modalidade, mesmo assim, não conseguiu chegar perto do palmarés do FC Porto, que era e é o clube desportivo português com mais vitórias em Portugal em provas importantes e de regularidade. E o Sporting deixou fugir a oportunidade de ter a parceria com a estrutura mais forte, depois de desencontros com Quintanilha, que apesar de ser conhecido como sportinguista até essa altura, foi tratado com desdém no clube leonino nesses contactos. Acrescendo que o Sporting se apressou a tentar contrariar o facto com sua associação à equipa histórica do Tavira, sem contudo ter tido sucesso em cima das bicicletas e no andamento pelas estradas. Culminando tudo com o que ocorreu através dos organismos internacionais, sendo por essa via conseguido fazer alguma coisa. Porque a realidade W52-FC Porto era e é um projeto a abater e a equipa W52-FC Porto algo que mexe com as invejas e azias dos adversários, desde dirigentes a público do contra, por assim dizer.

Assim sendo, foi injustamente vítima de tudo isso o ciclista espanhol Alarcón, a correr com inscrição em Portugal, nas suas participações pela W52-FC Porto, o qual apresentou recurso sobre a anterior decisão da UCI, mas cujo protesto não foi atendido nas instâncias do ciclismo, passado muito tempo, ficando por enquanto arredado de provas até outubro 2023, além de todos os resultados, entre 2015 e 2019, terem sido anulados, mas ainda não de forma definitiva. Para que assim, caso se concretize a vontade dos homens do poder do ciclismo oficial, o FC Porto perca esses resultados, obviamente, por decisão arbitrária de quem se colocou do lado dos opositores, é óbvio. Sendo estranho mesmo como demorou tanto tempo a decidir, o que demonstra que houve por ali muitas e opostas tomadas de posição e interferências. Porém ainda, repete-se, sem que haja uma decisão judicial definitiva.

O espanhol, que sempre clamou a sua inocência, recorrera ao TAS (Tribunal Arbitral du Sport), que agora ratificou a decisão do Tribunal Antidopagem da UCI, refutando, nomeadamente, a alegação de que "há vários fatores que afetam o volume do plasma e que influenciam os parâmetros hematológicos, que não estão relacionados com práticas dopantes".

Decisão então oficial de modo estranho, visto Alarcón nunca ter acusado positivo em todos os controlos efetuados nos finais das etapas, em todas as corridas em que participou e foi chamado para ser controlado. Algo que enfraquece a modalidade, que se revela atrita a influências de bastidores, de tal modo. Sendo que o passaporte biológico do atleta não mostra "qualquer anomalia", como "inadequação na preservação das amostras", "falha na cadeia de custódia" das amostras ou "ausência de qualificação" dos agentes antidoping que recolheram o sangue.

Desta forma Alarcón fica incluído, por ora, no número de ciclistas que perderam suas vitórias ns Volta a Portugal, dos quais o mais sonante foi Joaquim Agostinho, por duas vezes, mas esse e outros mesmo por doping. Ao contrário de agora.  

Com esta situação o Portista Amaro Antunes e o então ciclista do Sporting Joni Brandão, atualmente a vestir a camisola portista, foram oficiosamente 'promovidos' a vencedores das Voltas a Portugal correspondentes a 2017 e 2018, respetivamente. Numa decisão do TAS referente ao recurso do espanhol, datada de 28 de janeiro, com uma ideia de "muito certamente o uso de um método proibido, ou seja, transfusão sanguínea". Sem ser verdadeira, mas apenas hipotética. Como é explícito na palavra do texto, sabendo-se que em linguagem escorreita a palavra certamente condiz com possivelmente. Mais, conforme também aparece no texto oficial, a expressar que "O painel considera que o perfil [hematológico] do corredor evidencia uma grande possibilidade de manipulação sanguínea…” Ou seja, apenas possibilidade. Mas decidiram assim, sem certeza. Com que fins e a pedido de quem e do quê?

Assim, o painel do organismo de ciclismo da UCI rejeita o recurso do ciclista de 36 anos, confirmando a suspensão de quatro anos imposta pela UCI até 20 de outubro de 2023, e a anulação de todos os resultados desportivos do ex-corredor da W52-FC Porto entre 28 de julho de 2015, data do primeiro resultado 'adverso', e 21 de outubro de 2019, pelo que o espanhol 'perde' as duas Voltas a Portugal conquistadas. Alarcón foi suspenso pela UCI em 8 de maio de 2021, depois de já ter sido suspenso provisoriamente em 21 de outubro de 2019.

O espanhol, que sempre clamou a sua inocência, recorreu ao TAS, mas outros interesses se sobrepuseram, por ora. Mas ainda com possibilidades de reversão...

Isto leva a concluir como há muitos adversários a querer diminuir a equipa W52-fFC Porto, mas ao mesmo tempo a que todos os que se sentem se empertiguem mais, quer os ciclistas como toda a estrutura do FC Porto se sintam, porque quem não se sente não é boa gente. E a equipa W52-FC Porto continuará a ganhar.  


Nota: A notícia difundida ontém e hoje nalguns órgãos de comunicação social na prática ainda não corresponde à verdade. Houve entretanto um recurso para o tribunal cível, na Suíça, que decidirá por fim. Mas até lá nada é definitivo, neste caso.

Obs.: Curioso como certa comunicação social sabe que ainda há um recurso pendente e pode levar algum tempo mais, mas já estão a tentar colocar a situação de forma não verdadeira; ao mesmo tempo que dirigentes de orgãos com responsabilidades comentaram antecipadamente a despropósito.

A propósito, veja-se como no jornal A Bola o principal patrocinador e responsável desmascara o caso:

«TUDO ISTO NÃO PASSA DE UMA PALHAÇADA»

CICLISMO 12:13 - Por Fernando Emílio

« Em reação à notícia divulgada na quarta-feira por A BOLA sobre a ratificação, pelo Tribunal Arbitral do Desporto (Tribunal Arbitral du Sport - TAS), da suspensão de quatro anos aplicada pelo Tribunal Antidopagem da UCI ao espanhol c, com efeitos diretos nas classificações das voltas a Portugal de 2017 e 2018, bem como de outras competições, Adriano Quintanilha, responsável e patrocinador da equipa do ciclista, a W52-FC Porto, deu conta de que a decisão já foi contestada, tendo sido apresentado recurso num tribunal civil na Suíça.

«Por não concordarmos com a decisão do TAS, apresentámos, no dia 5 deste mês, e através de advogados espanhóis, recurso para o tribunal civil na Suíça, porque acreditamos nas palavras do corredor que afirma estar inocente. A primeira decisão que foi tomada pela UCI não nos surpreendeu, por sabermos como é que as coisas funcionam. É uma situação muito parecida com o que se passa em Portugal, onde não são divulgados os nomes dos ciclistas que se encontram suspensos preventivamente pela ADoP [Autoridade Antidopagem de Portugal]», deu conta, a A BOLA, Adriano Quintanilha. 

«O caso de Raul Alarcón tem contornos muito estranhos. Só em outubro de 2019 comunicaram que apresentava valores anormais no passaporte biológico referentes a 2017 e 2018. O ciclista não correu a Volta a Portugal de 2019 devido a queda no Grande Prémio Abimota e tomou medicamentos para as dores, porque fraturou a clavícula, mas tudo foi devidamente declarado. Nesse ano recebeu o vencimento por inteiro e em 2020 foi apoiado monetariamente e já existia um acordo para renovar para 2020 e 2021», precisou o empresário do setor do vestuário.

«É uma perseguição que estão a fazer ao ciclista e à equipa. Se não confiasse no Raul não estava a apoiá-lo e a gastar dinheiro em recursos. Só para este último pagámos cerca de 40 mil euros e iremos até às últimas consequências. Não preciso do ciclismo para nada, todos conhecem a minha vida profissional, sou pela verdade e pela honestidade, mas não tentem enganar-me. Tudo isto não passa de uma palhaçada, com alguns senhores sentados nos cadeirões e nós a pagar. Tenham vergonha e não levantem mais problemas», concluiu, crítico, o responsável pela W52-FC Porto, empenhado em fazer chegar o documento justificativo do recurso ao nosso jornal, bem como o nome da cidade em cujo tribunal civil foi apresentado, já que pela via desportiva o caso ficou encerrado.  »

Armando Pinto


quarta-feira, 30 de março de 2022

Vitinha é o 122º Internacional A do FC Porto em dia de apuramento da Seleção Portuguesa para o próximo Mundial (de Artur Augusto a Vitinha: 122 futebolistas do FC Porto Internacionais da seleção A entre 1921 a 2022)

= Desde Artur Augusto a Vitinha são agora 122 futebolistas do FC Porto Internacionais da seleção A entre 1921 a 2022 =

Em noite histórica de jogo de seleções entre nações, o jovem Vitinha alcançou a sua primeira internacionalização na Seleção A de Portugal frente à Macedónia do Norte, ao ter entrado ainda a tempo de se tornar Internacional pela seleção principal de Portugal nesse jogo que acabou com concludente vitória por 2-0. Cujo triunfo assegurou o apuramento para o Mundial do Catar. Tendo assim esta terça-feira, dia 29 de março de 2022, Vitinha passado a ser o mais recente internacional do FC Porto pela Seleção A, com esta primeira utilização na principal Seleção Nacional, depois de ao longo da carreira ter feito parte das seleções portuguesas dos anteriores escalões e categorias. 

Pois então, com Diogo Costa, Pepe e Otávio de início e a brilharem intensamente, Portugal venceu a Macedónia do Norte por 2-0 e carimbou a tão desejada qualificação para o Mundial do Catar, que se disputa no final deste ano. 

O Estádio do Dragão, que também ovacionou de pé a estreia de Vitinha, continua a ser um verdadeiro talismã para a seleção portuguesa, que volta a marcar presença numa fase final de uma grande competição.

Vitinha, como é conhecido o jovem de nome completo Vítor Machado Ferreira, atualmente com 22 anos, nascido a 13 de fevereiro do ano 2000, é natural de Santo Tirso, da mesma terra de onde é oriundo o histórico internacional “Magriço” Alberto Festa, e também outros futebolistas que passaram pelo FC Porto como Ferreirinha (internacional júnior e que integrou o plantel sénior do FC Porto em 1960), Carlos Manuel (médio de ataque que chegou a ter relevância na equipa principal do FC Porto entre 1963 a 1966, sobretudo) e Manuel António (avançado que também teve saliência durante as épocas de 1966/67 e 67/68, mas depois se transferiu para a Académica ao abrigo da antiga lei escolar).

= Vitinha !

Com um percurso iniciado nas escolas da Casa do Benfica da Póvoa de Lanhoso, em futebol de 7 de sub-10 anos, Vitinha ingressou depois nas escolas do FC Porto, já de futebol de 11, tendo em 2011 passado a integrar a equipa de sub-12 do FC Porto, sendo pois um produto da Formação Portista. Ao longo de cuja carreira inicial passou por todos os escalões, enquanto foi também sendo selecionado para as seleções nacionais dos mesmos respetivos escalões. Até que em 2019/2020 subiu a sénior e fez parte da Equipa B do FC Porto, ao mesmo tempo que ia treinando por vezes com a equipa principal, chegando mesmo a alinhar na equipa de honra. De permeio com curta passagem pela Inglaterra, por empréstimo ao Wolverhampton, para logo regressar e no presente campeonato da Liga de 2021/2022 estar a ser figura de destaque, a pontos de agora ter sido o 57.º jogador a estrear-se na seleção portuguesa sob o comando do selecionador e treinador Fernando Santos, ao entrar no jogo que valeu o apuramento para o Mundial de 2022. Além de ficar a ser o 122º jogador do FC Porto a atuar na Seleção Nacional A.

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Ora, quando já se passou mais de um século, indo a caminho dos 101 anos, de jogos da Seleção Portuguesa de futebol, em que também o FC Porto esteve representado logo no primeiro jogo através de Artur Augusto (em dezembro de 1921, frente ao país vizinho, Espanha), chegou assim à seleção nacional o 122.º Internacional A do FC Porto, neste março de 2022. 

Assim sendo, desde que há jogos de seleções representativas de Portugal, por meio de equipas selecionadas da Federação Portuguesa de Futebol, foram já 122 os futebolistas seniores do FC Porto que alinharam com a camisola das cinco quinas, desde o avançado Artur Augusto, até ao médio Vitinha. Número interessante e significativo, atendendo a ser tradição que um jogador do FC Porto para ir à seleção tem de ser mesmo muito bom, para conseguir superar a preferência normalmente dada aos dos clubes de Lisboa e arredores. Sem ser necessário relembrar muito os muitos casos gritantes de injustiças ocorridas ao longo dos tempos.

O facto, que fica subjacente a esta curiosidade sintomática, leva à interessante rememoração que em tempos houve já uma Galeria dos internacionais do FC Porto, em fotografias emolduradas, cujos quadros estiveram patentes em conjunto na antiga Sede do clube e posteriormente no antigo museu do clube.

Acresce ainda a tal número deveras sintomático, de 122 Internacionais A portugueses, mais um bom número de estrangeiros pelas seleções de seus países, enquanto jogadores do FC Porto, num total de 93, perfazendo tudo e todos um conjunto de portugueses e estrangeiros que já passa dos 200, mais precisamente está em 215.

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Para a história e memória do acontecimento paralelo deste março de 2022:

Portugal, 2 - Macedónia, 0. Portugal vai ao Mundial do Qatar, no dia da 1ª Internacionalização A de Vitinha do FC Porto.

- Quando a Seleção Portuguesa de futebol joga com os melhores representantes é outra coisa e dá gosto apoiar. Desta vez com quatro jogadores do FC Porto Portugal apurou-se para o próximo Mundial. Tendo, além dos indiscutíveis Pepe e Otávio, também tido Diogo Costa na sua terceira internacionalização e Vitinha a estrear-se.  O Mundial sem Portugal não seria Mundial, tal como a Seleção de Portugal sem os melhores não seria a Seleção dos Portugueses. E o Dragão mais uma vez foi talismã.


Armando Pinto

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terça-feira, 29 de março de 2022

Efeméride: Festa de entrega das Faixas de Campeões aos titulares de 1958/1959 e homenagem a Pedroto (com extensiva ação reparadora a António Teixeira).

A 29 de março, em 1959, houve nas Antas uma festa de merecido tributo aos Campeões do F C Porto que conquistaram o Título do Campeoanto Nacional de futebol, vencendo então o sistema perpetrado pelo Calabote; e por junto foi prestada aí uma festa de homenagem a José Maria Pedroto, em reconhecimento de sua carreira de futebolista. Tendo a ocasião sido aproveitada para também ser feita uma oferta a António Teixeira, em desagravo por não lhe ter sido atribuído o trofeu Bola de Prata que deveria ter ganho  mas que foi entregue pelo jornal A Bola a José Águas, naturalmente  do Benfica...  Isso tudo em tarde festiva de futebol nas Antas, que meteu um jogo em que o FC Porto venceu o Furth EV por 4-1. 


É conhecida a história algo dramática da epopeia vivida no final daquele campeonato português findo em 1959. Por isso, passados dias houve apoteose na entrega das faixas, e uma homenagem de carreira a Pedroto, com um representante federativo a entregar ao homenageado uma medalha de Mérito Desportivo. A propósito da consagração então prestada aos campeões, foi prestado público tributo a Pedroto - a que se refere as imagens acima e a seguinte, do ato protocolar.


Enquanto isso, Pedroto foi alvo de diversas manifestações de reconhecimento e carinho, homenageado em antecipação ao seu final de carreira, que estava prestes a concluir. Com o célebre “Homem da bandeira gigante” (Manuel Pina) a associar-se ao ato.


Dessa justa homenagem juntam-se algumas imagens mais, através de gravuras de álbum de família, que gentilmente chegaram aqui às mãos do autor destas linhas e se publicam do modo possível, em captações fotográficas dos originais. Podendo ver-se nesses recortes jornalísticos também a reportagem do acontecimento, que, segundo refere a crónica, teve de início um jogo entre Leixões e Salgueiros, seguido do programa da homenagem, com a entrega da medalha e recordações ao homenageado, mais ainda a entrega da bola de ouro por um grupo de sócios ao avançado Teixeira.


Ora, além disso, na ocasião foi então também prestado o ato de reconhecimento ao avançado goleador António Teixira. Devido ao que se passou com a subtração de golos retirados a Teixeira, na contabilidade jornalística aos golos dos goleadores do Campeonato de 1958/1959, tendo o troféu por conseguinte ido parar às mãos do benfiquista José Águas… por águas da mesma cor. De tal forma que no Porto, como protesto e reconhecimento particular, foi entregue publicamente depois, ao António Teixeira, uma outra bola mas de ouro, em cerimónia ocorrida no próprio dia da entrega das faixas aos campeões de 1958/59, nas Antas. Em que todos os jogadores foram ainda contemplados com uma coluna em prata, com alusiva legenda impressa.

= Bola de ouro entregue a António Teixeira... já que o jornal A Bola lhe não atribuiu a Bola de Prata. (Ao lado a coluna alusiva ao Titulo Nacional de 1958/59)!

Pois nessa festa de homenagem a Pedroto, coincidente com a consagração de entrega das faixas aos campeões nacionais de 1959, foi assim também entregue a António Teixeira uma bola de ouro… com inscrição relativa ao facto, contendo referência aos golos todos, mais o resultado de todos os jogos do campeonato gravados e, como foi entregue a todos, também uma coluna em bronze prateado com o nome de todo o plantel campeão. Além de um ramo de flores.


Ora, na passagem da data de tal efeméride, recordamos esse festival de futebol acontecido no estádio das Antas. Fixado ainda à posteridade numa foto de conjunto que faz parte da história:

- Pose a registar a imposição das faixas aos campeões nacionais, antecedendo o jogo particular (dos referidos atos) de cartaz. 

Campeões 1958/59 - Em cima, a partir da esquerda: Dr. Paulo Pombo (Presidente), Virgílio, Lito, Carlos Alberto, Américo, Carlos Duarte, Luís Roberto, Monteiro da Costa, Bela Guttmann (Treinador), Amaral (Diretor), A. Sarmento e Osvaldo Silva. Em baixo, pela mesma ordem: António Teixeira, Morais, Gastão, Noé, Acúrcio, Perdigão e Pedroto. (Faltam na foto, por não terem podido estar presentes na ocasião, entre outros: Hernâni, Miguel Arcanjo, Osvaldo Cambalacho, Pinho e Barbosa.)
= De notar que todos os jogadores estão com os fatos de treino, que vestiam antes e depois dos jogos, naturalmente com o equipamento de jogo por baixo; e apenas com o equipamento normal e principal, à vista, o homenageado de modo particular do dia e o goleador reconhecido então. Enquanto todos os Campeões, com as faixas, têm consigo as recordações recebidas no mesmo dia.

Seguiu-se, por fim, o jogo contra o Furth EV da República Federal da Alemanha, disputado no antigo Estádio das Antas então, em 29/03/1959 e que o FC Porto venceu por 4-1.

Armando Pinto
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segunda-feira, 28 de março de 2022

Rui Vinhas Vencedor do Prémio da Montanha na Clássica Aldeias do Xisto

O ciclista da W52-FC Porto Rui Vinhas sagrou-se rei da Montanha na prova “Clássica Aldeias do Xisto”, disputada este domingo 27 de Março. Tendo assim sido o melhor na parte de montanha dessa corrida, que à quinta edição da mesma contou com um percurso de 144,8 quilómetros, desde Sobral de São Miguel na Covilhã até à meta em Ferraria de São João em Penela. Enquanto o companheiro de equipa José Neves terminou em 2.º no final da prova, a apenas seis segundos do vencedor final.

Então, Rui Vinhas (43.º na geral final) venceu na montanha desta Clássica Aldeias do Xisto, depois de ter sido o primeiro a passar em dois dos três prémios de montanha do percurso. José Neves (2.º) perdeu no sprint final e terminou a seis segundos de Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor), o mais rápido nos 144,8 quilómetros que ligaram Sobral de São Miguel a Ferraria de São João, onde a meta coincidiu com um prémio de montanha. A W52-FC Porto ficou também em segundo na geral por equipas.

Correram também com as cores portistas Ricardo Vilela (10.º, a 58s do vencedor), João Rodrigues (22.º, a 1m 49s), Amaro Antunes (42.º, a 6m 18s) e Ricardo Mestre (48.º, a 7m 09s).

Com a subida da chegada em mente não foram criadas grandes fugas na etapa, apenas 3 e cada uma a solo; ao passo que na segunda fuga foi Rui Vinhas que aproveitou e passou na frente nos dois Prémios de Montanha, amealhando pontos que lhe permitiram ser o vencedor da Classificação da Montanha.

Já nos 5 quilómetros finais, em subida para a última meta do Prémio de Montanha coincidente com a linha de Meta final, adiantaram-se o José Neves, Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor) e Henrique Casimiro (Efapel Cycling) que lutaram entre si pela vitória na etapa. O mais forte acabou por ser Frederico Figueiredo com o tempo de 3h 45m 19s, tendo o Campeão Nacional José Neves chegado 6 segundos depois na segunda posição.

Parabéns ao Rui Vinhas, por mais esta classificativa e correspondente prémio. Reconhecimento à equipa portista, por ter tentado um melhor desempenho, enquanto o conjunto alvi-anil procura ainda ganhar a melhor forma para o resto da época.

Com tudo e mais alguma coisa, na nossa equipa azul e branca todos devem ficar cientes que há adeptos que esperam suas vitórias como se anseiam resultados do futebol do FC Porto.

Desta vez, maior destaque então:

- Classificação Geral da Montanha

1º Rui Vinhas

3º José Neves

(Na Classificação Geral final - 2º José Neves. E na Classificação Coletiva, por equipas - 2º lugar W52-FC Porto) 

Armando Pinto

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domingo, 27 de março de 2022

No Dia Mundial do Teatro – Lembrança de existência dum Grupo de Teatro no FC Porto pelos anos 60

O Dia Mundial do Teatro celebra-se anualmente a 27 de março. Na calha desta comemoração, nesta data, relembramos o facto do FC Porto haver tido em tempos idos também um Grupo de Teatro, como Secção Cénica formada por associados portistas com veia de atores, em puro amadorismo mas com apetência de dedicação portista. Sendo o teatro uma arte de divulgação cultural usada como forma de expressão.

É verdade, o FC Porto, entre seu ecletismo e inúmeras atividades socioculturais, ao longo dos anos, de permeio com a destreza desportiva, teve também já um grupo cénico, dedicado à representação teatral. Tendo então, durante dois anos, o FC Porto tido um grupo de teatro, enquanto representante da Arte de Talma dentro do clube. Cuja estreia do mesmo foi no Teatro Rivoli, a 3 de julho de 1963. Aí a secção de Teatro do FC Porto subiu ao palco para levar à cena a peça "Pássaros de Asas Cortadas", original de Luiz Francisco Rebello, encenada pelo também ator Júlio Couto. Foi um ponto alto de uma secção que, embora de pouca duração, relevou o facto do FC Porto ser mais que um clube desportivo, com fases também afirmativas de cultura e diversificada atividade, sempre que possível.


Armando Pinto

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sexta-feira, 25 de março de 2022

89.º aniversário natalício do sr. Carlos Duarte - Campeão e internacional histórico do FC Porto e do futebol português!

 

A 25 de Março de 1933 nasceu Carlos Duarte, histórico extremo angolano que representou o FC Porto por mais de dez épocas, mais precisamente doze, nas décadas de 1950 e 60, com fama de ser um genial avançado.

Carlos Duarte festeja pois seus 89 anos, agora em 2022, apanhando na idade o Américo, seu antigo colega de equipa no FC Porto, nascido também em 1933, cerca de um mês antes. Havendo felizmente ainda, por ora, nos dias que correm, pelo menos quatro antigos futebolistas da década dos anos cinquenta ainda vivos: Sendo assim Carlos Duarte um dos 4 mais velhos sobreviventes de tempos mais antigos, junto com o guarda-redes Américo Lopes (igualmente com 89 anos), o médio Sá Pereira (com 88) e o também extemo José Maria (este, o avançado Zé Maria Matos, nascido em 1930, já passou dos 90, estando presentemente com 92). Todos os quatro integrantes do plantel do clube desde os anos 50, com Zé Maria, Carlos Duarte e Henrique Sá Pereira campeões no título nacional de 1955/1956 e Carlos Duarte e Américo no de 1958/1959, além das Taças de Portugal, em cujas conquistas Carlos Duarte e José Maria participaram em 1955/1956 e Carlos Duarte na de 1957/1958, bem como Américo na de 1967/1968.

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Está de parabéns, na passagem de seu aniversário natalício, o histórico futebolista ainda vivo da célebre linhagem portista dos anos 50 e um dos que chegaram a jogar ainda pelos anos 60 dentro – o  extremo Carlos Duarte, veloz e habilidoso avançado que fazia as delícias de quem o via jogar com a camisola do FC Porto ou ouvia pelos relatos radiofónicos dos emissores nortenhos as suas jogadas entusiasmantes na linha avançada do grande clube azul e branco das Antas. O mesmo Carlos Duarte de semblante simpático, como aparecia nos jornais e gravuras.


Com efeito faz agora anos o sr. Carlos Duarte. A quem desde já e aqui e agora enviamos por este meio nossos parabéns, formulando votos de muitos anos de vida, sempre com sua simpatia. O sr. Carlos Domingos Duarte, que nesta data de 25 de março de 2022 perfaz 89 anos de vida.

= Imagem duma publicação da época em que Carlos Duarte foi peça importante do plantel que no FC Porto conquistou o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal de 1955/56.

Recorde-se que Carlos Duarte fez parte do plantel do FC Porto Campeão Nacional de 1955/1956 e de 1958/1959, assim como vencedor da Taça de Portugal de 1955/1956 e 1957/1958. Além de ter ficado associado memorialmente à conquista da Taça Cosme Damião da inauguração em 1954 do antigo estádio da Luz, entre outros factos dignos de registo. 


Na linguagem de narrativas publicistas por norma referem-se as pessoas apenas pelo nome, independentemente da diferença ou não de idade relacionada com quem escreve. Mas no caso dos grandes nomes do FC Porto, daqueles que em nossos belos tempos de menino tanto apreciamos saber que eram do nosso Porto, a esses quase que só apetece tratar por senhores, pelo respeito e admiração que nos merecem.


Ora, o senhor Carlos Duarte ainda durante o ano de 2018, foi alvo de uma muito apreciada entrevista no Porto Canal, daquelas conversas bem conduzidas pelo Rui Cerqueira. Dessa aparição em público e por outros motivos, o agora aniversariante por diversas vezes tem sido lembrado neste blogue. 

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Um dia, pelos idos anos de inícios da década de setenta, sensivelmente por volta de 1971, jovem entusiasta do mundo portista, embora como sempre muito reservado no meu mundo, fui apresentado pelo guarda-redes Armando ao Carlos Duarte que fora jogador do FC Porto. Estando então com o meu amigo sr. Armando Silva no café do largo do Araújo, para os lados de Leça, onde morava Armando, quando voltou a jogar no FC Porto e por sinal também ali vizinho de Carlos Duarte. Quando o vi a sorrir para mim e estender-me a mão senti uma sensação indescritível, por estar diante desse grande jogador, que eu não vi jogar mas conhecia pelas cadernetas dos meus irmãos mais velhos e de o ver em gravuras nos jornais, além de ouvir seu nome nos relatos radiofónicos que escutava junto à cama de minha avozinha, paralisada no leito como a conheci sempre em minha infância e que me ajudou a crescer ouvindo-a contar-me histórias. E Carlos Duarte era da minha história, não da dos contos infantis, mas do que eu ia imaginando na cabeça de pequeno portista. E ali estava ele à minha frente. Só que como nunca fui muito falador, nessa como em tantas situações, guardei comigo essa sensação, além naturalmente de ainda ter ajudado à conversa, mais como ouvinte. 

= No Lar-Casa  do Jogador do FCP, situado na Praça das Flores, para os jogadores solteiros e estágios para todos antes dos jogos.

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Carlos Duarte, aos olhos de afeiçoado portista nascido em 1954, também é associado como um dos marcadores dos golos com que o FC Porto, vencendo o Benfica em pleno mês do Natal desse ano, em Lisboa, trouxe para o Porto o troféu de vencedor do jogo da inauguração do estádio original do Benfica – ao tempo ainda conhecido por estádio de Carnide e mais tarde chamado estádio da Luz, o antigo, antes de ter desaparecido para dar lugar ao atual salão de festas de algumas das boas vitórias azuis e brancas…

Sendo assim isso, então, no ano de nascimento do autor destas linhas, tal facto é um dos fastos da folha de vida pessoal, qual cartão marcador de livro vital. Em que Carlos Duarte teve interferência, ao ter marcado um dos golos e por estar nas imagens que depois, passados anos, vi – com Carlos Duarte presente no ato da entrega oficial do vistoso trofeu.

= Equipa do FC Porto da Época 1954/55, no jogo da Inauguração do Estádio da Luz, a 01/12/1954: SLB, 1 - FC Porto, 3. Golos de Jacinto (P.B.), Carlos Duarte e Perdigão. Em cima da esquerda  para a direita - Barrigana, Virgílio Mendes, José Maria Pedroto, Ângelo Carvalho, Joaquim Machado, José Valle e Pinho. Em baixo, pela mesma ordem-Carlos Duarte, Hernâni Silva, António Teixeira, Monteiro da Costa e José Maria.

= Carlos Duarte na ocasião da entrega do Troféu da vitória da Inauguração (Taça Cosme Damião) – em imagem retirada de retransmissão televisiva, muitos anos depois…

Carlos Duarte viera pouco tempo antes para o FC Porto, chegado ainda no ano de 1952, depois de ter tido primeiro contacto com o FC Porto aquando da célebre viagem da equipa principal do FC Porto a África, em 1949, durante a célebre “Caravana da saudade”. E, como disse na entrevista, ficou apaixonado pelo FC Porto. Ele que em pequeno lá em Angola tinha certa simpatia por Travassos e como tal era mais virado ao Sporting, em tempo do Estado Novo cujo sistema também, com a lavagem cerebral que havia a favor de Lisboa e arredores, fazia com que o Porto não tivesse tanta expansão pelas regiões ultramarinas. Mas com aquela digressão pelas paragens africanas, muitos adeptos se voltaram para as cores portistas. E com a vinda de alguns jogadores dessas antigas províncias, mais se intensificou a simpatia pelo clube das Antas nos naturais luso-africanos. Tanto que o antigo presidente angolano, José Eduardo dos Santos, um dos portistas conhecidos por esses sítios, ficou a ser grande admirador de Carlos Duarte desde que ele vestiu a camisola do FC Porto – como mais tarde teve oportunidade de lhe demonstrar, em romagem de saudade que o antigo futebolista fez à terra natal.

= 1952. Em tempo de entrada na equipa de Carlos Duarte e Albasini. (Na foto, de cima para baixo e da esquerda para a direita: Américo, Virgílio, Carvalho, Barrigana, Valle, Del Pinto, Albasini, e Osvaldo Cambalacho; Hernâni, Porcel, Monteiro da Costa, Pedroto, José Maria e Carlos Duarte.)


Atualmente com 89 anos de idade (completados agora em março de 2022), o extremo direito nascido em Angola (segundo números que constam) realizou um total de 228 jogos ao serviço do FC Porto, nos quais marcou 98 golos, sendo assim na atualidade ainda um dos melhores goleadores da história do clube. Enquanto na Seleção Portuguesa em 8 jogos (7 pela A e 1 pela B) marcou também 1 golo. Apesar de não ter jogado em alta competição como avançado centro, conforme na época se chamava, mas sim como extremo direito, formando asa desse lado com Hernâni ao lado e Virgílio atrás, numa ala conhecida por trio maravilha. Sendo que no formato tático do futebol desse tempo a linha avançada era composta por extremo direito, interior direito, de um lado, e do outro interior e extremo esquerdo, com o avançado centro ao meio, como o próprio nome indicava. De modo, que como Virgílio era defesa direito e Hernâni interior, jogavam entre eles quase de olhos fechados já e com combinações perfeitas. E com Hernâni completava dupla famosa, de passes e remates, do que hoje se diz assistências e conclusões.

= Equipa do FC Porto da Época 1952/53. Viagem ao Arquipélago dos Açores em 1953, no final do Campeonato Nacional. Em cima e da esquerda para a direta: Ângelo Carvalho, Albasini, Barrigana, Francisco Gonçalves (massagista), Eleutério, Joaquim Machado, Zé Maria, Cândido de Oliveira (treinador principal), Américo (meio encoberto), António Teixeira e Vítor Santos (jornalista); em baixo pela mesma ordem, Artur Sousa Pinga (treinador adjunto), Carlos Duarte, Correia, Pedroto, Pinto Vieira, Osvaldo Cambalacho e Monteiro da Costa.

Estava-se aí numa época de futebol algo romântico, jogado mais em jeito, com os mais habilidosos a poderem mostrar-se. Carlos Duarte imprimia e completava isso com velocidade e finta curta sempre em corrida, deambulando e centrando o jogo para os colegas, sem perder a baliza de vista, levando a ter marcado à sua conta muitos golos também.


Chegara Carlos Duarte ao Porto numa boa remessa de jovens esperanças, num quarteto vindo de África, junto com Albasini, Perdigão e Miguel Arcanjo. Como comprova uma interessante reportagem de apresentação, passado algum tempo, da chegada desse lote de ouro negro, como se dizia perante os valores provindos do filão da África portuguesa (e inclusive serviu de nome a um conhecido conjunto musical, o famoso Duo Ouro Negro, composto por dois portistas, também). Em cuja narrativa, à maneira da época, era referido que a dificuldade maior tinha sido antes de vir, pelo receio do pai. Como era então contado no jornal O Porto, em seu suplemento semanal O Porto Magazine de 16 de Junho de 1953.

= O Porto Magazine

O certo é que depois se confirmou aquilo que dele se aguardava e muito mais. «Extremo velocíssimo, impunha-se pelo faro de golo, próprio de quem em Angola tinha colado na testa o rótulo de avançado-centro. Estrela do FC Porto na década de 50, foi um dos homens mais importantes no renascimento que o clube ensaiou por essa altura. Os dragões impediram-no de sair para Itália e, depois, uma lesão grave impediu-o de ir mais longe na carreira. Autor do primeiro tento de uma equipa nacional em Wembley, foi nessa altura forçado a tomar uma de duas estradas: o FC Porto não acedeu a possível transferência milionária para o Milan e ele sofreu a primeira lesão grave, que após um ano de paragem lhe tirou boa parte dos atributos físicos. Guardou para a história o facto de ter sido uma das figuras mais importantes no primeiro renascimento do FC Porto, na década de 50.»


Carlos Duarte, de nome completo Carlos Domingos Duarte, nasceu em Angola a 25 de Março de 1933, em Calulo, Nova Lisboa, e por lá começou a mostrar dotes de goleador. Jogando a avançado centro, por ter capacidade de marcar golos. Era esguio e veloz, o que fazia dele um avançado perigosíssimo. Entretanto recebeu convite e acabou por vir jogar para a metrópole, com destino ao Porto. A necessidade de fortalecimento da equipa de honra do FC Porto levou a direção do clube a procurar reforço da equipa, que se fez tanto no plano nacional (tais os casos de Teixeira, Cambalacho, Pedroto, vindos de clubes do continente…) como em África, de onde vieram, de uma assentada, Albasini, Perdigão, Arcanjo e Carlos Duarte (das províncias ultramarinas). E a verdade é que essa nova vaga reforçou a construção duma excelente equipa, em que Carlos Duarte foi entrando aos poucos, assim como os colegas. O seu primeiro jogo com a camisola do FC Porto foi na Póvoa, em jogo de início de época, no âmbito da Associação de Futebol do Porto.


Depois, estreou-se também no Campeonato Nacional em Outubro de 1952, e ao segundo jogo a contar para o campeonato, a 7 de Dezembro, fez o primeiro golo na prova maior portuguesa, aproveitando um passe de Pedroto para abrir o marcador numa vitória por 4-0 sobre o Barreirense, nas Antas. Tendo Carlos Duarte acabado por marcar sete golos nesse primeiro campeonato, com destaque para um hat-trick ao Estoril (quando Hernâni, devido a estar ao tempo em serviço militar na zona de Lisboa, jogava pela equipa da linha estorilista, mas sem ter jogado contra o FC Porto, por sua vontade manifestada anteriormente na assinatura do contrato). Numa conta inicial de golos com marca Duarte, aos quais somou mais dois na Taça de Portugal, prova na qual a equipa não conseguiu vencer na final.


O regresso de Hernâni, em 1953, veio dar uma nova dimensão ao futebol do FC Porto. Carlos Duarte, que com ele formava dupla de sucesso, foi um dos que mais contabilizou isso para elevar o nível, terminando a época com dez golos, entre eles mais um hat-trick, dessa vez ao Vitória de Guimarães, em Dezembro. Por essa altura já o angolano Carlos Duarte fora aos trabalhos da seleção nacional, embora duma primeira vez em que esteve escalado não chegou a jogar, ficando a assistir junto à linha. Até que depois se estreou com a camisola de Portugal, tendo o responsável Salvador do Carmo o colocado no lugar de Hernâni a meio de um particular contra a África do Sul, a 22 de Novembro de 1953, jogo esse que os portugueses ganharam por 3-1. 

= Recorte de jornal (“ O Porto”) publicado emAbril de 1955, aquando do jogo FC Porto, 5-Real Madrid, 2 – que Carlos Duarte teve de ver da parte de fora do campo, devido a lesão…

= Em recuperação. Depois de ter sido operado, andando de bicicleta às voltas na pista de cinza do estádio das Antas, como era normal naqueles tempos.

Seguiram-se alguns tempos de menor utilização no FC Porto, com reflexo de acalmia na sua carreira internacional, até que voltou a arrancar verdadeiramente em 1957, quando Tavares da Silva o incluiu no lote de jogadores com que atacou a qualificação para o Mundial da Suécia. Até lá, Carlos Duarte nunca se esquecera de como marcar golos – jogava era menos vezes. Em 1955/56, contribuiu com sete golos pelo FC Porto para o título de campeão, festejado com um 3-0 em casa frente à Académica. Mesmo participando em apenas oito jogos, fez outro hat-trick da ordem (num 10-1 ao Barreirense, em Março de 1956) e marcou pela primeira vez num clássico, ajudando na vitória por 3-1 sobre o Sporting no dia de ano novo. Na Taça de Portugal, só jogou a final, mas foi o suficiente para a erguer bem alto, depois da vitória por 2-0 sobre o Torreense, numa partida em que assistiu o amigo Hernâni com o passe para o primeiro golo.

= Equipa do ano da "dobradinha" de Campeonato e Taça de 1955/1956

= Equipa do FC Porto da Época 1957/58. Final da Taça de Portugal, no Estádio Nacional, 15/06/1958. SLB, 0 - FC Porto, 1. Golo de Hernâni. Em cima da esq. p/ dta. Virgílio Mendes, Barbosa, Miguel Arcanjo, Ângelo Sarmento, Albano Sarmento e Manuel Pinho. Em baixo pela mesma ordem, Carlos Duarte, Gastão, Osvaldo Silva, Hernâni e Perdigão. Treinador Otto Bumbel (orientador de que mais gostou, como conta na entrevista ao Porto Canal, por  saber dar-lhe liberdade em campo, de modo a com ele ter jogado mais e melhor).

= Entrevista de Carlos Duarte ao Jornal O Porto de 11 de Julho de 1956, após digressão da equipa do FCP ao Brasil.

De volta às escolhas habituais depois do Verão de 1956, Carlos Duarte esteve no segundo jogo do FC Porto contra o Atlético de Bilbau, na estreia da equipa na Taça dos Campeões Europeus, fazendo mais onze golos no campeonato que o FC Porto perdeu, por um ponto, para o Benfica, depois de diversos casos em que, como de costume, a equipa nortenha foi prejudicada… 

= Titulares e suplentes do jogo com o Bilbau, na estreia do FC Porto em competições oficiais europeias - Em cima: Barrigana, Carvalho, Porcel, Pedroto, Albasini, Miguel Arcanjo, Osvaldo, Pinho e Virgílio. Em baixo; Romeu, Monteiro da Costa, Teixeira, Gastão, José Maria, Perdigão e Hernâni. Não foram utilizados Albasini, Osvaldo e Pinho.

... E recordando essa eliminatória (em que Carlos Duarte participou no segundo jogo, da  dupla jornada), numa conversa de evocação, passados 30 anos, em entrevista à revista DRAGÕES

Entretanto, voltou à seleção, ainda que para protagonizar um caso bizarro: Tavares da Silva ia incluí-lo na equipa que, em Alvalade, corria Janeiro de 1957, inaugurava frente à Irlanda do Norte os jogos noturnos da seleção nacional quando foi avisado de que o angolano não estava na lista de futebolistas inscritos pela FPF na FIFA. Assim sendo, só voltou mesmo à seleção na derrota contra a Itália em Milão (0-3), em Dezembro, coisa que deixava Portugal fora do Mundial de 1958. Carlos Duarte entrava então na melhor fase da sua carreira. Foi preponderante no segundo lugar do FC Porto em 1957/58, com nove golos no campeonato, bem como na conquista da Taça de Portugal, ganha na final contra o Benfica com um golo de Hernâni (1-0), em cuja caminhada marcou por três vezes. Em Março de 1958, fez o golo português na derrota contra a Inglaterra (2-1) em Wembley, fazendo luzir sobre si os holofotes da poderosa imprensa britânica, que o considerou melhor que Tom Finney. Quem não estava a dormir era o Milan, que logo fez chegar ao Porto a intenção de pagar 600 contos pelo jogador, que apesar da já longa carreira ainda só tinha 25 anos e muito para dar. Só que o FC Porto, que já pensava vender Jaburu, não esteve pelos ajustes, deixando Carlos Duarte a sonhar com maior fama e o dinheiro que podia ter ganho. Mas sem fazer birra, mantendo-se a cem por cento no FC Porto.

 = Campeões Nacionais em 1958/59

Assim sendo, Carlos Duarte não virou a cara à luta, partindo para aquela que terá sido a sua melhor época de sempre. Fez 14 golos na vitória portista no campeonato de 1958/59, só sendo superado por Teixeira e Hernâni. E somou-lhes mais dez na Taça de Portugal, cuja final os portistas perderam para o Benfica, com expulsão de Carlos Duarte e do benfiquista Mário João no início da segunda parte, depois de ter ripostado a mais uma das muitas agressões de que foi vítima por parte do benfiquista. “A cada vez que tocava na bola era agredido”, lamentou-se depois o extremo angolano. Começava ali aquele que viria a ser o pior período da carreira do futebolista, que já somara a sétima internacionalização em Junho de 1959, contra a RDA, nas Antas, jogando numa vitória por 3-2 que permitia aos portugueses continuar no Europeu. De regresso de férias, partiu uma perna num choque com um jogador do Espanhol de Barcelona, em jogo particular, o que lhe roubou quase toda a época: só voltou à competição em Junho de 1960, na segunda partida dos quartos-de-final da Taça de Portugal contra o Barreirense. Dizia-se que a inatividade o tinha prejudicado, que já não era o mesmo jogador. Ainda assim, Carlos Duarte voltou a ser selecionado, dessa vez para a Seleção Nacional B, em Dezembro de 1960 e completou mais quatro épocas no FC Porto.


Assim, além dos 7 jogos que fez pela Seleção Nacional A, envergou ainda mais uma vez a camisola das quinas pela Seleção B em 1960.

Vestiu a camisola do FC Porto pela última vez a 19 de Abril de 1964, no fecho do campeonato, que os dragões fizeram ganhando por 1-0 ao Lusitano de Évora. Foi de férias para a Corunha e quis ficar a jogar por lá. Tal não lhe foi permitido, o que levou a que voltasse a Portugal, em Outubro, mas para jogar no Leixões, que era nesse ano treinado pelo seu amigo Pedroto. Ainda representou os leixonenses na Europa – derrota por 3-0 em Glasgow com o Celtic a 7 de Outubro, implicando a eliminação da Taça das Cidades com Feira – e fez um campeonato muito regular, com mais quatro golos. O último, marcou-o ao Sporting, a 28 de Março de 1965. Lançou a equipa para a recuperação de 1-3 para 3-3 mas, no ato, magoou-se no tendão de Aquiles e não voltou a poder jogar. Acabava ali o futebolista Carlos Duarte, um dos maiores no renascimento que o FC Porto ensaiou na década de 50.


Para a história em número, eis a sua ficha:

= Na equipa do FC Porto em 1964 (Na foto, a contar de cima e a partir da esquerda: Otto Glória (treinador), Rolando, Joaquim Jorge, Paula, Alberto Festa, Almeida e Américo; Carlos Duarte, Valdir, Azumir, Custódio Pinto e Hernâni.)

Carlos Duarte nasceu no dia 25 de Março de 1933 em Calulo, Nova Lisboa, Angola.

Representou o Futebol Clube do Porto durante as épocas de 1952/53 até 1963/64.

A sua estreia com a camisola dos Dragões foi na Póvoa, em jogo de início de época (segundo o livro que lhe foi dedicado na coleção "Idolos do Desporto"), tendo marcado inclusive um golo; e para o Campeonato Nacional (conforme regista o blog "Estrelas do FCP") aconteceu no dia 12 de Outubro de 1952 no Campo dos Arcos em Setúbal, onde os portistas visitaram o Vitória F.C., tendo os sadinos vencido por 3-0, num jogo a contar para a 3ª jornada do Campeonato Nacional da época de 1952/53.

Em 1955/56 sob o comando técnico de Dorival Yustrich, venceu pela primeira vez o Campeonato Nacional; e também a Taça de Portugal ao derrotar o S.C. União Torreense por 2-0 na Final.


Na época de 1956/57 o F.C. Porto estreou-se nas competições europeias ao defrontar o Athletic Club Bilbao na 1ª eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus, com Carlos Duarte a ser um dos jogadores titulares que alinharam no jogo da 2ª mão disputado no Estádio de San Mamés.

= Duas poses de grande significado: No dia da vitória da primeira Taça de Portugal ganha pelo FC Porto, no final do jogo em que o Porto venceu por 2-0 o Torriense, em 1956, festejando toda a equipa já com a taça; e também no final da festa de consagração dos Campeões de 1959, mostrando Carlos Duarte satisfação natural por ter recebido a faixa correspondente, junto com os colegas Hernâni e Arcanjo.

Venceu ainda a segunda Taça de Portugal na época de 1957/58 com um triunfo sobre o S.L. Benfica por 1-0.
Na temporada de 1958/59 nova vitória no Campeonato Nacional já com Bela Guttman como treinador.

Conquistou também a Taça Associação de Futebol do Porto por 8 ocasiões.

Carlos Duarte foi um extremo-direito veloz e de elevada qualidade que possuía um drible curto mas sempre com os olhos postos na baliza.

Terminou a sua ligação aos Dragões no final da temporada de 1963/64, nas 12 épocas em que esteve nas Antas disputou 228 partidas oficiais, marcou 98 golos e conquistou 12 Títulos.

Depois de deixar de jogar no F.C. Porto alinhou ainda no R.C. Deportivo Coruña e depois no Leixões S.C. onde sofreu uma grave lesão.


Carlos Duarte representou também a Seleção Nacional por 8 ocasiões.


Em 2003 foi justamente homenageado pelo Futebol Clube do Porto com o Dragão d´Ouro da categoria de Recordação, como homenagem respetiva na atribuição dos galardões máximos do clube nesse ano.» Troféu que recebeu em sessão solene de 2004 (das mãos do dirigente Álvaro Pinto, presidente do Conselho Cultural do FCP).


Palmarés
2 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão (Portugal)
2 Taças de Portugal
8 Taças Associação de Futebol do Porto
- tudo pelo FC Porto.


Depois de ter acabado a carreira, por vezes aparecia pelas Antas, sobretudo quando havia treinos no campo número dois, exterior ao antigo Estádio das Antas, ocasião em que os habituais mirones e alguns dos adeptos fiéis aproveitavam para falar com ele sobre o F.C. Porto.


O que era natural, sendo Carlos Duarte figura pública e uma das Lendas do FC Porto. A pontos de em seu tempo, sabendo-se como perante a imprensa e editoras lisboetas, quase só contarem atletas de Lisboa e arredores, quer de futebol como de outras modalidades, Carlos Duarte ainda ter sido então dos poucos valores do FC Porto (perante o volume de nomes de outros clubes) que foram incluídos na coleção Ídolos do Desporto, com o livro que em 1957 lhe foi dedicado: "O extremo direito que Monteiro da Costa descobriu para o F. C. do Porto". Assim intitulado, em sumário momentâneo, por na altura haver vários avançados dentro do FC Porto para o mesmo lugar e ter havido uma boa opção, a contento de todos e da história daí resultante. Tendo ficado na memória da geração de seu tempo e na transmissão dos tempos a ala direita, qual ala dos namorados da batalha de Aljubarrota, formada por Virgílio, Carlos Duarte e Hernâni, assim como o grupo forte da equipa em que Carlos Duarte jogou com Teixeira, Monteiro da Costa e Jaburu, mais o célebre quinteto avançado composto por Carlos Duarte, Hernâni, Noé, Teixeira e Perdigão.

Carlos Duarte está na história do FC Porto e do futebol português. Sabendo-se por isso muito a seu respeito. Com admiração do universo portista, sendo uma honra ainda se poder ver grandes valores desses tempos heroicos, como felizmente restam Carlos Duarte, Zé Maria, Sá Pereira e Américo, por exemplo (dos que estão na casa idosa dos oitenta e muitos, a chegar e passar dos noventa anos, de quem se conhece a situação atual, por estes dias de 2022). Com direito a constar na Memória Portista.


Armando Pinto
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