"O Hóquei em Patins
entrou no FC Porto na década de quarenta, tendo sido em 1944 que o clube «tomou
parte em provas oficiais, inscrevendo-se em todos os torneios regionais…». Constituíam a “equipa da fundação” os hoquistas António Castro Lacerda, Álvaro
Almeida, António Joaquim Costa, António Brandão, Gualdino Leite, José Arches
Carvalho, Delmiro Silva e Alberto Lima Ruella».
Viria então, em 1944/45 a pioneira
equipa portista a classificar-se em último lugar do Campeonato Regional, também
disputado por poucas equipas, «o que “não foi de estranhar” dada a falta de
recinto para treinar e de orientador capaz», como se pode ler na revista “Vida
do Grande Clube Nortenho (2)”, segunda brochura da coleção Seleções Desportivas
(editada em 1978).
Como testemunho dessa antiga
realidade, juntamos um exemplo de notícia coeva, dada à estampa na revista
Stadium em seu número de 29 de Maio de 1946, aludindo a anterior experiência,
quanto à participação duma equipa do FC Porto na época anterior (1944/45).
Contudo, a sua existência
sofreu, de permeio, uma interrupção nas atividades, após um curto período de competição entre 1944/45 até 1946.
O hóquei estava a
desenvolver-se com maior força no Sul do país, enquanto a Norte poucos eram os
clubes que ainda se dedicavam a esta modalidade jogada sobre patins, sendo mais
na área do Porto que se encontravam equipas de hóquei patinado, entre clubes
que praticavam modalidades de rinque, normalmente ao ar livre. Então, o FC
Porto aparecera com uma equipa sénior, mas por pouco tempo, à falta de recinto
próprio, pois que mesmo as outras modalidades no clube, como o basquetebol, por exemplo,
andavam por diversos rinques, enquanto o campo da Constituição era usado pelo
futebol e andebol de onze.
Assim sendo, só mais tarde, e
com a construção de um rinque de cimento na Constituição, o hóquei em patins
reapareceu no FC Porto. Tendo a secção sido depois reativada já a meio da
década de cinquenta, mais concretamente em 1955, por exigência dos sócios, «a pedido do público e até dos
clubes adversários», devido ao fascínio que sua prática despertava no país a
nível da seleção nacional e por reconhecimento de necessidade «da presença duma
equipa portista nas competições, com vista a poder ser desenvolvida a
modalidade…»
Após isso o reenício, ou mais propriamente o início definitivo, depois de tempos de atempada preparação, foi já na primavera de 1956, aquando da disputa do Mundial de seleções no Porto, dando-se de seguida a entrada oficial do FC Porto em competição.
Após isso o reenício, ou mais propriamente o início definitivo, depois de tempos de atempada preparação, foi já na primavera de 1956, aquando da disputa do Mundial de seleções no Porto, dando-se de seguida a entrada oficial do FC Porto em competição.
Então, só na década de cinquenta foram obtidos os primeiros títulos, tendo em 1955/56 sido conquistado o Metropolitano da 2ª Divisão, fase Norte, mais conhecido ao tempo por Campeonato Regional (mas que dava título de Campeão do Norte), ascendendo por isso o FC Porto à 1ª Divisão. Constituíam a equipa da época (do Campeonato da II Divisão), entre outros, Campos (que veio do Paço de Rei), Luís Sousa Mota (do Paredes), Acúrcio Carrelo, Ruben Lopez, Lito Gomes de Almeida e Abílio Moreira. Era chefe de secção o então dirigente Melo Cruz e treinador o Dr. Mário Aragão, no regresso do FC Porto à modalidade.
= Equipa do F C Porto aquando do 1º jogo e depois já com o clube campeão
da 2 ª Divisão Regional do norte em 1955/1956. No retorno à competição (sendo este o primeiro ano de competição após curto período entre 1944/45
até 1946).
A formação da equipa por esses tempos era acrescida da curiosidade de então estar incluído um hoquista-futebolista, Acúrcio Carrelo, o qual acumulava a prática hoquista com o futebol (sendo então Acúrcio guarda-redes de futebol da equipa principal do FC Porto), mais um aderente hoquista-basquetebolista, Ruben Lopez (este por sinal até jogador-treinador do basquetebol portista, nesse tempo).
Acúrcio Carrelo foi, ainda, o
1º internacional do clube nesta modalidade, tendo em 1957 feito parte da seleção
portuguesa presente no Torneio de Montreux, marcando inclusive 6 golos; e
depois no Europeu, nesse mesmo ano em Barcelona, onde fez 2 golos; sendo por
fim selecionado para a Equipa da Europa que defrontou a Espanha, em cujo prélio
contribuiu com 3 dos cinco golos dessa turma do chamado “Resto da Europa”.
= Seleção Portuguesa, em 1957,
Taça das Nações de Montreux - com Acúrcio ao centro, em primeiro plano (na fila de baixo) =
A carreira desse avançado Carrelo do hóquei não foi mais além, porém, por entretanto ter acabado essa dupla função com a chegada do profissionalismo ao futebol, enveredando Acúrcio apenas pela sua prestação como guarda-redes do futebol portista, entre outras situações, como aconteceu à mesma com Morais, que também jogava hóquei (e ainda Pinho, igualmente “nosso” guardião de futebol, que ao tempo também acumulara na defesa da baliza do Andebol azul e branco).
Evoluiu a modalidade no clube
com reforço da equipa já nos inícios da década de sessenta, havendo em 1960 sido atingido ponto de realce na conquista do Campeonato Regional da 1ª Divisão, de permeio com o ingresso de Joaquim Leite, oriundo do hóquei em campo do clube e durante algum
tempo também atleta que acumulou as duas modalidades, mais Alexandre Magalhães, histórico "capitão" da equipa durante anos, e outros.
= Equipa do F C Porto, Campeão
do Norte de Portugal em 1960
Começara por esse tempo a haver
resultados da formação de jovens que se tornaram revelações…
Até que a meio da mesma década
de sessenta apareceram jovens valores como Hernâni e Cristiano, e vieram
Ricardo e Castro, mais João Brito (que fizera parte da equipa da transição dos
anos cinquenta até ao título de 1960 e, depois de alguns anos fora do clube, regressava
entretanto). Começando a afirmar-se o hóquei portista no panorama nacional,
sobremaneira ao atingir alto patamar com a conquista do “Metropolitano” da 1ª
Divisão em 1969, sendo diretor da secção Jorge Nuno Pinto da Costa e treinador
Laurentino Soares.
= Campeões Metropolitanos - 1969 =
Eram então tempos em que a
categoria de Cristiano dava expressão ao conjunto de valores que se foi juntando
no grupo azul e branco. Havendo de permeio o hóquei do FC Porto sido honrado em
1968 com a escolha de dois jovens hoquistas para a seleção portuguesa de
juniores, Cristiano e Castro, tornados então os primeiros internacionais desse
escalão da modalidade do clube. Glória acrescida de em 1969 os mesmos, junto
com os colegas de equipa António Júlio e Fernando Barbot, se terem sagrado
campeões europeus de juniores com a seleção portuguesa, em Vigo (e, volvido um
ano, Cristiano de novo repetiu a proeza, juntando em 1970 a função de capitão
da equipa que levantou o trofeu europeu).
É dessa fornada a formação
perpetuada na imagem que se junta, de 1970, quando pela segunda vez consecutiva
a equipa do FC Porto alcançava o lugar de vice-campeão nacional (em cujo verso
da mesma foto ficaram impressos os respetivos autógrafos). Equipa que posou à
posteridade aquando da disputa do Metropolitano, vendo-se no 1º plano, a contar da esquerda: J. Leite, João de
Brito, Cristiano, Castro e Ricardo. Em pé, a partir da esquerda: Hernâni, Zé
Fernandes e António Júlio.
Entretanto, em 1969/70, mas já com a primavera de 1970 a florir, o FC Porto entrou nas competições europeias de hóquei, em estreia internacional, como representante oficial português na então Taça dos Campeões Europeus. Havendo iniciado a participação eliminando o campeão alemão (de cujo encontro se anexa foto de conjunto das duas equipas) e por fim discutiu as meias-finais taco a taco com os espanhois do Reus.
Na continuidade da prática
hoquística no FC Porto, Cristiano foi chamado à seleção nacional de seniores,
acrescendo em 1971 ter feito parte da seleção vencedora do Europeu, para cujo
alcance contribuiu com golos decisivos, para gaudio de seus admiradores e
enriquecimento dos pergaminhos da secção de hóquei em patins do FC Porto.
E daí em diante Cristiano Pereira passou a ser presença assídua nas seleções representativas de Portugal, sendo durante muitos anos o único do FC Porto a ser escolhido para essas equipas de seniores, com exceção de um ano em que Brito foi também incluído na seleção para os jogos mundiais e noutro Castro foi ao Europeu, conquistando o título correspondente com a camisola das quinas
E daí em diante Cristiano Pereira passou a ser presença assídua nas seleções representativas de Portugal, sendo durante muitos anos o único do FC Porto a ser escolhido para essas equipas de seniores, com exceção de um ano em que Brito foi também incluído na seleção para os jogos mundiais e noutro Castro foi ao Europeu, conquistando o título correspondente com a camisola das quinas
= Cristiano recebendo uma prenda do clube, das mãos do Presidente Afonso Pinto de Magalhães, pela sua participação na seleção portuguesa que venceu o Europeu de 1971 =
A partir daí o hóquei foi crescendo dentro do
clube, sempre na disputa dos primeiros lugares. Tempos em que as camadas jovens
alcançaram primeiros títulos nacionais, com a obtenção do título nacional de
juvenis em 1971 e o de Juniores em 1973/74. Contando no plano diretivo também com grandes dedicações, como aconteceu com Fernando Barbot (pai de tres hoquistas que fizeram história no clube), Sampaio Mota, César e Dinis Brites, etc. Enquanto como treinadores tiveram trabalho de marca Alexandre Magalhães, António Henriques, João Brito e outros. Ficando na memória diversas lavas de hoquistas, desde uns Joel, Prezas, Nora, Beleza, Campos, Augusto, Orêncio, Jorge Câmara, Luís Caetano, Soares Pereira, irmãos Reis, Chalupa, Fanan, Vale, etc, etc. Sem esquecer o carisma da arte e engenho do "mecânico" sr. Óscar Amaral.
Até que também nos seniores, depois
de sucessivos anos em que o título nacional fugira por “uma unha negra”, em
1981/82, adveio primeiro a conquista da europeia Taça dos Vencedores das Taças, entre diversas provas, em vários níveis.
E finalmente em 1982/83 foi obtido o 1º lugar no Campeonato Nacional, acrescentando nesse ano mais outra Taça das Taças da Europa, estava Vladimiro Brandão no comando da equipa, bem como Ilídio Pinto e João Baldaia na gerência. Com a nova vaga de hoquistas que foram engrossando a galeria de Internacionais, passando depois a serem selecionados já vários hoquistas do FC Porto, sucessivamente. Apareceu aí a geração de Vitor Bruno e depois Vitor Hugo, um novo expoente da modalidade em seu tempo, mais os Alves, Domingos, Realista, Franklim, Tó Neves, Filipe Santos, Allende, Reinaldo Ventura, Edo Bosch, etc, etc, etc.
E finalmente em 1982/83 foi obtido o 1º lugar no Campeonato Nacional, acrescentando nesse ano mais outra Taça das Taças da Europa, estava Vladimiro Brandão no comando da equipa, bem como Ilídio Pinto e João Baldaia na gerência. Com a nova vaga de hoquistas que foram engrossando a galeria de Internacionais, passando depois a serem selecionados já vários hoquistas do FC Porto, sucessivamente. Apareceu aí a geração de Vitor Bruno e depois Vitor Hugo, um novo expoente da modalidade em seu tempo, mais os Alves, Domingos, Realista, Franklim, Tó Neves, Filipe Santos, Allende, Reinaldo Ventura, Edo Bosch, etc, etc, etc.
Desde então o clube
habituou-se a ser Campeão Nacional, com forte hegemonia durante largos anos e
entretanto mantendo-se normalmente entre a dianteira das classificações (quantos
os demais títulos nacionais). Juntando mesmo títulos de Campeão Europeu
(1985/86 e 89/90), Taça CERS (1993/94 e 95/96), Supertaça Europeia/Taça Continental (1985/86), mais Taças de Portugal, Supertaça Nacional, (em
números sempre a crescer, ano a ano) etc. e tal…!. Com Cristiano, Zé Fernandes, António Vale, Vítor Hugo Silva e Franklim no comando das sucessivas equipas portistas.
Tudo isto e mais, em longo percurso que teve muitas e boas mãos a levarem a bola nos setiques, tendo passado pelas fileiras de Campeões grandes nomes da modalidade, atletas que de Dragão ao peito deram grandioso contributo para tal galeria de troféus. Até aos atuais Helder Nunes, Gonçalo Alves, Reinaldo Garcia, Vitor Hugo Pinto, Ton Baliu, Nélson Filipe, Carles Grau, Jorge Silva, Rafa, Telmo, mais o treinador Guillem, o dirigente Eurico Pinto e sua equipa de retaguarda, incluindo o "mecânico" Carlos, o roupeiro, o massagista, o médico, etc. etc.
Tudo isto e mais, em longo percurso que teve muitas e boas mãos a levarem a bola nos setiques, tendo passado pelas fileiras de Campeões grandes nomes da modalidade, atletas que de Dragão ao peito deram grandioso contributo para tal galeria de troféus. Até aos atuais Helder Nunes, Gonçalo Alves, Reinaldo Garcia, Vitor Hugo Pinto, Ton Baliu, Nélson Filipe, Carles Grau, Jorge Silva, Rafa, Telmo, mais o treinador Guillem, o dirigente Eurico Pinto e sua equipa de retaguarda, incluindo o "mecânico" Carlos, o roupeiro, o massagista, o médico, etc. etc.
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Armando Pinto
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