Pelas veias salientes das mãos e braços, na parte normalmente
mais visível do corpo humano, se vê a força de vida das pessoas. Sendo as veias
mais à flor da pele de tons azulados, algo que em mãos limpas é mais acessível
aos olhos. Derivando disso que os antigos fidalgos, como por costume tinham
mãos menos grossas, em cotejo à crosta evidente derivada de vida mais dura, fossem
associados por assimilação a sangue azul. Algo que em associação extensiva
resultou noutras figuras de estilo, cuja semântica foi alterando algum
significado ao longo dos tempos. Mas sempre com o azul em tom elevado, de modo
que mesmo as inclinações poéticas e qualidades de pessoas de cultos valores são
associadas a boas tendências, quais veias dos poetas, em cujas asas brancas,
junto ao azul do encantamento, esvoaça timbrado canto patente no poema Aleluia
de Pedro Homem de Melo:
ALELUIA:
Dúvida? Não, mas luz, realidade
E sonho que na luta amadurece.
– O de tornar maior esta cidade.
Eis o desejo que traduz a prece.
Só quem não sente o ardor da juventude
Poderá vê-la de olhos descuidados.
Porto – palavra exacta. Nunca ilude.
Renasce nela a ala dos namorados!
Deram tudo por nós estes atletas.
O seu trajo tem a cor das próprias veias
E a brancura das asas dos poetas…
Ó fé de que andam nossas almas cheias!
Não há derrotas quando é firme o passo.
Ninguém fala em perder! Ninguém recua…
E a mocidade invicta em cada abraço
A si mais nos estreita. A Pátria é sua.
E de hora a hora cresce o baluarte!
Lembro a torre dos Clérigos, às vezes…
Um anjo dá sinal quando ele parte…
São sempre heróis! São sempre portugueses!
E, azul e branca, essa bandeira avança…
Azul, branca, indomável, imortal.
Como não pôr no Porto uma esperança
Se "daqui houve nome Portugal"?
É pois assim mesmo, sem fazer por menos, a simbiose da
realidade que é o grande clube desportivo e instituição portuguesa de utilidade
pública com o nome de Futebol Clube do Porto. Coisa de mãos limpas, de sempre
se querer ganhar de maneira justa, mas com ambição superior. De, à maneira
portuense, de quem deu a carne e comeu as tripas em favor dos interesses nacionais,
também com sentido de justiça e valor, se fazer das tripas coração, transformando possíveis
fraquezas derivadas de outros campos em forças da verdade.
Perfaz então nesta data a soma de 125 anos de vida o FC
Porto. Passando já cento e vinte e cinco anos desde que surgiu essa novidade no
ambiente citadino da Invicta e com o decorrer dos tempos se estendeu ao Norte
da nação, depois a todo o país e por fim se espraiou pelo mundo inteiro. Sendo
o FC Porto o único clube português que, entretanto, já foi Campeão do Mundo de
futebol – e logo por duas vezes, repetindo em 2004 a graça de 1987, para não
deixar dúvidas. Além de outras vezes em que foi Campeão Europeu, quer em
futebol, como no hóquei em patins e em bilhar.
Chegado o dia de completar 125 anos de existência conhecida,
o FC Porto comemora neste dia o 125º aniversário mediante programa normal do
hastear da bandeira do clube pela manhã em frente ao estádio, até decorrer no
sentimento portista durante o dia e pela entrada da noite no desejo natural que
o jogo a contar para o campeonato nacional da Liga ajude à festa.
Sendo assim data especial, esta, na conta redonda de 125
anos, com mais um quarteirão acima da centena, vem a talhe referir ser o
correspondente número 125 formado por uma centena, duas dezenas e cinco
unidades, porque como tal, na soma de um século, por exemplo, 125 é o cubo de 5
– número mágico por ser de algumas das “cabazadas” mais célebres das memórias
presentes nas gerações dos tempos de transição do século XX para o XXI, quer
com o cinco sem resposta no antigo estádio da Luz a contar para a 2ª mão da
Supertaça portuguesa na época de 1995/1996, quer mais os cinco secos no Dragão
para o campeonato da Liga de 2010/2011.
Isto porque em cento e vinte e cinco anos de uma coisa
assim, como é a realidade do grandioso Futebol Clube do Porto, muitas gerações
ficaram ligadas a tal existência, tendo sido diversas as gerações de vidas que se foram
sucedendo enquanto o clube cresceu e se afirmou.
Perante toda essa envolvência pode dizer-se que o FC Porto é
algo especial, como eu costumo dizer que é para mim (expressando o autor destas
linhas na primeira pessoa), além de tudo o mais, por ser um bem que é para a
vida inteira, na quantia afetiva de mercê pessoal. Acontecendo que,
contrariamente à maioria das pessoas que depois de desaparecerem fogem do
pensamento geral, muitos bons exemplos de nomes associados à história do FC
Porto permanecem na recordação de muita e boa gente, tornando-se inesquecíveis
no sentimento Portista. Tanto que, embora o FC Porto para existir tenha
dependido da iniciativa de António Nicolau de Almeida e persistência de José
Monteiro da Costa, históricos fundador e refundador do clube, iniciado em 1893
e mais tarde continuado a partir de 1906, também se o FC Porto não tivesse
atingido o estatuto que tem hoje em dia, quase se pode dizer, quem saberia ter
existido um Nicolau de Almeida e um Monteiro da Costa na sociedade portuense
dos anos de transição do século XIX para o XX?!
E com a amplitude que o FC
Porto foi ganhando, pessoas como Artur Augusto, Lino Moreira, Valdemar Mota, Pinga,
Siska, Soares dos Reis, António Santos, Costuras, Carlos Nunes, Araújo, Correia
Dias, Barrigana, Fernando Moreira, Dias dos Santos, Moreira de Sá, Onofre Tavares, Virgílio, Hernâni, Carlos Duarte, Acúrcio, Fabião, Mário Castro, Armando Campos, Américo, Custódio Pinto,
Festa, Sousa Cardoso, Carlos Carvalho, Artur Coelho, Mário Silva, Pavão, Rolando, Cubillas, Lemos, Armando, Wilson Neves, "Flash" Dover, Cristiano, José Castro, Zé Fernandes, Aurora Cunha, Oliveira, Fernando Gomes, Rodolfo, Ademir, João Pinto,
Madjer, Juary, Deco, Vítor Baía, Jorge Costa, Fernanda Ribeiro, Vitor Hugo, Lucho, Falcao, Kelvin, Gonçalo Alves, Helder Nunes, Rui Vinhas, Raúl Álarcón, António Carvalho, Quintana, Miguel Martins, Daniel Sanchez, Alípio Jorge, Rui Costa, João Ferreira, Santos Oliveira, … etc. etc.
...mais
Casillas, Alex Teles, Militão, Felipe, Maxi, Herrera, Marega, Aboubakar, Danilo,
Brahime, Sérgio Oliveira, Tiquinho, etc. etc., até tantos mais que em campo dos estádios, pistas e estradas de corridas e rinque de pavilhões deram
e dão tantas alegrias a tanta gente...
...mais treinadores como Siska, Yustrich, Jorge Orth, Pedroto, António Oliveira, Mourinho, André Villas-Boas, Sérgio Conceição…
...ficaram e estão como se de
família fossem para muitas pessoas de sentimento afetivo ao universo azul e
branco, como são afinal na memória portista. Com noção de que como para bom
trabalhador é preciso bom mandador, os Presidentes de Direção da história do FC
Porto contaram muito, até ao patamar que Nuno Pinto da Costa conseguiu elevar o
nosso Porto.
Numa ocasião destas, em que certamente várias edições impressas e expressas marcarão a ocorrência, através de publicações em formato clássico de papel para
guardar, como em flashes informativos e em versões informáticas e digitais para ver momentaneamente,
desnecessário se torna fazer grandes alusões a factos e dados de cronologia
histórica. Mesmo porque ao longo dos anos deste labor clubístico muito foi
sendo descrito e lembrado, puxando à memorização e (re)conhecimento da mística
alvi-anil, quer no nosso anterior como no atual blogue de feição memorial portista.
Neste andar da descrição, juntam-se diversas imagens a deixar
falar a vista pela dedicação, ao sabor de como há imagens que valem por muitas
mais palavras.
Como tal assinala-se esta feliz ocorrência, por não ser
todos os dias que se completam 125 anos de boa convivência com a sociedade antepassada
e contemporânea. Na certeza que mais anos virão juntar muitíssimas mais razões
de boa estima, para fazer com que no futuro muitíssimos mais trofeus obriguem ao
crescimento do museu do clube. Tal como atualmente o Museu FC Porto By BMG ainda
não consegue albergar todos os trofeus e objetos que testemunham a história
decorrida nestes 125 anos, daqui para a frente a totalidade de todo esse património
sentimental possa finalmente ficar à vista de todos, com maior acrescento do muito
material que, como as conquistas presentes e futuras, virá enriquecer as vitrinas
do grandioso museu, qual orgulho da nação portista.
Armando Pinto
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