Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Efeméride da conquista do Campeonato Metropolitano de Hóquei em Patins em 1969


A 30 de novembro der 1969 o FC Porto conquistou o Campeonato Metropolitano de Hóquei em Patins, o primeiro título de nível nacional obtido pelo hóquei patinado portista. Feito alcançado na noite desse domingo, último dia de novembro, em plena véspera do feriado da comemoração da Restauração da Independência de Portugal. Conseguida a vitória total ao cabo dos jogos finais realizados na área de Lisboa, como ao tempo se jogava a Fase Final da prova em jornada dupla entre os finalistas do Norte e Sul (depois de à quarta-feira ser entre os dois apurados do Norte, no Norte, e no Sul entre os do sul; seguindo-se nos sábado e domingo os do Norte com os do Sul, respetivamente, primeiro num lado e depois no fim de semana seguinte no outro).  

Então, nesse 30 de novembro de 1969, na última jornada do campeonato, o FC Porto conquistava o cetro de Campeão Metropolitano, título que assim finalmente veio para o FC Porto em 1969  o primeiro título de grande monta, do hóquei em patins portista. Sendo que o Campeonato Metropolitano era nesse tempo o Campeonato Nacional da Metrópole, havendo depois uma fase final do Campeonato Nacional com os representantes das províncias ultramarinas, como eram Angola e Moçambique, onde o hóquei patinado estava evoluído.


Para a chegada à fase decisiva do Metropolitano, houve antes a fase de apuramento, em cujo percurso o FC Porto, além do grupo base constituído por João Brito, José Castro, Alexandre Magalhães, Joaquim Leite, Hernâni Martins, Cristiano Pereira e José Ricardo, utilizou outros valores como António Júlio, Rui Caetano, Joel Pinto, Luís Caetano, Segadães, Sobral, Graça e Orlando.


Chegada por fim a fase final, a disputa dos jogos desenrolou-se inicialmente com jogo inicial entre as duas equipas apuradas de cada zona (no Norte FC Porto e Carvalhos, no sul a CUF e o Paço de Arcos), para depois num fim de semana se ter disputado jornada dupla no Norte entre os do Norte e do Sul, e seguidamente ao contrário, vice-versa na semana seguinte, até acontecer o final em Lisboa (na véspera do feriado do 1º de Dezembro) com os nortenhos a jogarem no reduto dos sulistas da área de Lisboa.

E a 30 de novembro, desse ano de 1969, disputou-se o último e decisivo jogo, ao fim do qual, após emotivos contornos, o FC Porto venceu e convenceu, tornando-se Campeão Metropolitano.


Eis os resultados, em números e nomes, da parte do FC Porto, na caminhada de campeão:

Com Carvalhos – 2-2 e 5-1 (empate e vitória)
Cuf – 2- 0 e 1-5 (vitória e derrota)
Paço D’Arcos – 2-1 e 2-1 (duas vitórias)

Marcadores dos Golos:
Cristiano – 9
Ricardo – 4
(e 1 do Paço d’Arcos na própria baliza, no jogo final; em que também o golo do Paço de Arcos foi em autogolo da parte do FC Porto)

Jogadores utilizados na fase final:
Brito, Magalhães, Hernâni, Cristiano, Ricardo, Leite, Castro e Júlio.

Classificação:
1º - F C Porto
2º - CUF
3º Carvalhos
4º Paço de Arcos


E o FC Porto conseguiu então ser assim Campeão Metropolitano, obtendo pela primeira vez um título de âmbito nacional.


Dessa grande epopeia pode reter-se algo mais através do que ficou registado, nesse tempo, pelo punho do autor destas linhas, ao tempo ainda jovem adepto entusiasta do hóquei azul e branco, por entre o que sentia no portismo que corria nas veias e saía pelos poros da pele. Embora, no caso dos registos anotados, naturalmente ressalvando as condicionantes da época e a erosão do tempo. Por meio de cujas páginas, então retiradas dos cadernos escolares e metidas em pasta de argolas, se avivam sensações e quase que ainda se consegue conviver com protagonistas (então conhecidos apenas de nomes e fisionomias pelas imagens dos jornais e acompanhamento pelos relatos radiofónicos, pois só mais tarde houve conhecimentos pessoais) mais acontecimentos vividos intensamente, numa linha cronológica que acompanha a alegria sentida, também.


Campeões: Laurentino Soares (treinador) e os jogadores Brito, Castro, Alexandre Magalhães, Leite, Hernâni, Cristiano, Ricardo, Júlio, Rui Caetano, Joel, Luís Caetano, Segadães, Sobral, Graça e Orlando.

Foram depois, então, todos os Campeões alvo de louvor oficial da Associação de Patinagem do Porto.

Nota Bene: - Para comemorar a recordação desse feliz acontecimento de novembro de 1969, tem havido todos os anos, desde o cinquentenário,  um jantar entre os hoquistas Campeões Metropolitanos, no próprio dia em que em 1969 se sagraram campeões. Evento concretizado para assinalar o caso e anualmente realizado por iniciativa dos mesmos, contando com jogadores que tiveram ação direta e indireta na caminhada para o título então alcançado.

Armando Pinto
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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Efeméride da entrega da “Ordem do Infante Dom Henrique” a José Maria Pedroto pelo Presidente da República Gen. Ramalho Eanes, em 1984

No dia 29 de novembro de 1984 José Maria Pedroto, já bastante debilitado devido à doença prolongada de que padecia, recebeu em sua casa a visita do então Presidente da República, General Ramalho Eanes, que lhe entregou a medalha da Ordem do Infante com que o agraciara.

A Ordem do Infante D. Henrique destina-se a distinguir quem houver prestado serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores. A pessoas e instituições cujos feitos, de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, os tornem merecedores dessa distinção. Como no caso de Pedroto, o Mestre Pedroto quão justamente é conhecido, sendo considerado mestre do futebol português, entretanto Campeão Nacional e vencedor da Taça de Portugal, por diversas vezes, mais treinador da Seleção Nacional Júnior vencedora do Torneio da UEFA de 1961 e treinador da Seleção Nacional A, em diversas fases, também.

Essa distinção, com o grau de Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, havia sido atribuída ao histórico treinador de futebol José Pedroto antes, conferida que foi a 11 de junho desse mesmo ano de 1984. Como Pedroto e sua família estavam em Londres, nessa data, para os tratamentos de sua doença, e devido ao seu estado de saúde não chegou a poder deslocar-se a Lisboa, deslocou-se o Presidente Eanes ao Porto e foi entregá-la pessoalmente, nesse dia 29 de novembro, na própria residência de Pedroto.

Anteriormente, em janeiro, desse ano de 1984, Pedroto havia sido internado em Londres devido à grave doença oncológica que o atingiu, mas continuou a aconselhar António Morais, seu treinador-adjunto, que o substituiu no comando da equipa do FC Porto. 

«José Maria Carvalho Pedroto acabou por falecer na manhã do dia 7 de Janeiro do ano de 1985, com 56 anos de idade, sucumbido à doença que o corroía imparavelmente.»

= Notícia do jornal “O Comércio do Porto” de 9 de janeiro de 1985.

Depois da Comenda de 1984, em apreço, atribuída e recebida ainda em vida, José Maria de Carvalho Pedroto foi depois reconhecido pelo Governo com a Medalha de Mérito Desportivo (que, devido à doença e morte, teve entrega à viúva, no dia do funeral, conforme notícia de que se regista da respigo da imprensa). E posteriormente a título póstumo, em 9 de Junho de 1995, pelo então Presidente Mário Soares, Pedroto foi honrado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito.

Nota conclusiva: Passados já todos estes anos, desde o desaparecimento físico de Pedroto, o treinador que ao fim de 19 anos conseguiu acabar com a infelicidade e fatalidade de longo tempo e voltou a colocar o FC Porto como Campeão Nacional de futebol, está por fazer no FC Porto ainda uma devida homenagem grandiosa ao histórico “Zé do Boné” Portista. Sendo ele e o “Bibota” Fernando Gomes bem merecedores de algo monumental à vista de todos – como por exemplo, ambos do mesmo tempo como foram e são, ficava mesmo bem uma estátua dos dois em frente ao nosso estádio do Dragão (à imagem do que se vê em bons exemplos diante dos estádios de outros clubes e nomeadamente no país onde se diz que começou o futebol). 

Honra ao Mérito !

Armando Pinto

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segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Recordando... Jogo Barcelona - FC Porto (0-1) da Taça UEFA 1972/73 - abrilhantado com 1 golo de Abel

  

O FC Porto joga esta terça-feira de finais de novembro, dia 28, uma importante jornada da atual Liga dos Campeões Europeus, em Barcelona diante do grande clube catalão dessa metrópole espanhola. Vindo por conseguinte a propósito evocar uma jornada também vivida pelo FC Porto em Barcelona no ano de 1972, em que triunfou categoricamente. 

Um belo resultado, então concretizado através de um golo de Abel (avançado histórico, aqui recordado com uma imagem autografada pelo mesmo, colocada ao cimo, de arquivo do autor deste blogue).

= Imagem elucidativa do jogo Barcelona-Porto de 1972, em Camp Nou: O possante defesa central portista Valdemar, em disputa aguerrida com o jogador adversário Gallego, também pressionado por Abel, com Flávio e Pavão na expetativa para o que desse e viesse.. 

Então, em 1972, aí a contar para a Taça UEFA da época de 1972/73, a 27 de setembro, a equipa de futebol principal do FC Porto venceu de modo algo surpreendente em Barcelona, e pela importância reconhecida houve prémio pela vitória, de 12 contos para cada jogador. Coisa que foi até comentada pelos mesmos, porque, pese o natural aumento do custo de vida com o passar do tempo, poucos anos antes pela vitória na final da Taça de Portugal de 1968 o prémio havia sido de dez contos. Sabendo-se que nesse tempo eram raros ainda os prémios de jogo, pois até a ligação dos jogadores aos clubes era duradoura, vigorando a lei da opção, tradicional ao tempo (sendo dos clubes a chamada "carta").


=  Imagem do plantel do FC Porto da época de 1972/73 - contendo ao lado alguns autógrafos de diversos elementos da equipa desse tempo e outros não incluídos nessa pose de conjunto.)

Nesse jogo da 2ª mão da eliminatória o FC Porto confirmou a passagem à eliminatória seguinte, com nova vitória, também surpreendente, depois do triunfo alcançado na 1ª mão, nas Antas, por 3-1. O que em certa medida explicou alguma tranquilidade com que a equipa portista atuou no estádio Camp Nou. Quando os espanhóis da Catalunha pensavam poder dar a volta à vontade na eliminatória. Mas quando se aperceberam melhor já o FC Porto estava bem por cima, com um golo do avançado Abel a dar ainda maior conforto.

Lembro-me bem de como esse golo de Abel Miglietti foi efusivamente vitoriado cá longe, ouvido entusiasticamente pelas ondas hertzianas da emissora de radio Norte Reunidos, quão entusiasmou cá o então ainda jovem portista que agora recorda isto. Acrescido de ouvir com agrado pelo Aníbal Barroso a relatar que o guarda-redes Armando estava a fazer uma exibição portentosa, segurando o resultado praticamente. Enquanto a dupla de Abel e Flávio, e depois o Lemos, brilhavam sob os holofotes do grandioso estádio barcelonista.

Agora, nesta evocação que vem a calhar, recordo o que há anos foi publicado, mais precisamente em 2011, no antigo blogue "Paixão pelo Porto", em que colaborei até ao seu encerramento.


«Curiosidades FCP» - Barcelona - FC Porto, Taça UEFA 1972/73

Em semana de confronto europeu frente a uma equipa espanhola, aproveitamos para recordar uma histórica vitória do FC Porto em pleno ‘Camp Nou’, em jogo da 2ª mão da 1ª eliminatória da Taça UEFA 1972/73.
Já aqui havíamos feito referência à 1ª mão dessa eliminatória (‘post’ de 5 de Dezembro de 2009), que terminou com uma espectacular vitória do FC Porto, sobre o Barcelona, por 3-1 (golos de Barrios, aos 33’, Flávio, aos 48’, e Abel, aos 51’ e 66’).
Hoje, e novamente com a ajuda da imprensa desportiva espanhola (‘El Mundo Deportivo’), recordamos as incidências do jogo da 2ª mão e alguns títulos que os jornalistas presentes em ‘Camp Nou’ escolheram para ilustrar as crónicas que realizaram sobre o jogo.

O FC Porto (de Fernando Riera) deslocou-se à Catalunha, para defrontar o ‘Barça’ (de Rinus Michels), a 27 de Setembro de 1972. Tal como já tinha acontecido no jogo da 1ª mão, a dupla Flávio-Abel (‘los morenos’, como lhes chamou a imprensa espanhola) voltou a fazer a diferença a favor do FC Porto. Aliás, a cumplicidade entre os dois avançados do FC Porto foi mesmo decisiva para eliminarmos o Barcelona na primeira vez que os dois clubes se encontraram em provas da UEFA.
Após a estrondosa vitória (3-1), no jogo da 1ª mão, o FC Porto foi a Barcelona vencer novamente o ‘Barça’, desta vez por 0-1 (golo de Abel, aos 19’).
Deixamos aqui os «onzes» do jogo da 2ª mão (destaque no «onze» do Barcelona para as presenças de Miguel Reina, pai do actual guarda-redes do Liverpool Pepe Reina, e de Carlos Rexach, ex-treinador adjunto do ‘Barça’):
Camp Nou, 27 de Setembro de 1972
Árbitro: Concetto Lo Bello (Ita)
Barcelona: Miguel Reina, Joaquin Rifé, Gallego, De la Cruz, Torres (Juanito, aos 46’), Zabalza, Carlos Rexach, Marti Filosía, Barrios, Asensi e Alfonseda;
Treinador: Rinus Michels
FC Porto: Rui (Armando, aos 23’), Gualter, Valdemar, Rolando, Guedes, Pavão, Celso, Oliveira, Flávio (Lemos, aos 80’), Abel e Malagueta;
Treinador: Fernando Riera;
Golos: Abel, aos 19 minutos.

Armando Pinto
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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Recordando: Quando o Hóquei em Patins do FC Porto esteve suspenso em 1963 (por demissão de 2 seccionistas)… e retomou a atividade em 1964.

 

Como ao longo dos tempos foi acontecendo noutras modalidades desportivas, antigamente ditas amadoras, o hóquei em patins dentro do F C Porto passou por fases diversas, desde o começo titubeante, em 1944, à instalação mais definitiva, em 1955, tendo ainda de permeio períodos de menor fulgor e inclusive um tempo de inatividade. Como aconteceu em 1963, quando esteve suspenso algum tempo, por demissões surgidas, até que teve recomeço no final do mesmo ano, para voltar a ter atividade no início do ano seguinte, em 1964.

Em 1962 havia assumido o comando da Secção um grupo de dirigentes em que se incluía o atual presidente Jorge Nuno Pinto da Costa. Como ele mesmo conta no seu livro “LARGOS DIAS TÊM 100 ANOS”, embora sem pormenorizar.

Pormenorizando mais e melhor: 

De tal período, da fase inicial do mandato diretivo da referida gestão, constam os nomes dos três principais responsáveis da Secção de Hóquei em Patins no “Relatório e Contas de 1962”, do FC Porto.

Desse grupo de diretores dois seccionistas, o secretário e vogal,  demitiram-se ainda em 1963. Até que no final desse mesmo ano houve recomeço da atividade com a nomeação interinamente de novo Chefe da Secção – como foi noticiado no jornal O Porto, em sua edição de 4 de dezembro de 1963, informando esse recomeço, «graças à dedicação de Rodrigues Pinto, agora nomeado chefe de secção interino, em virtude dos seccionistas Carlos Pinto e Jorge Nuno terem pedido a demissão dos seus cargos».

Após isso a secção teve então reformulação, com os dirigentes que se mantiveram, como dá conta o “Relatório e Contas 1964” do Exercício desse ano no FC Porto.

(Desse infeliz acidente que vitimou o hoquista Armando Morais e o obrigou a ter de abandonar a prática desportiva, ficou também no jornal O Porto, ao longo dos meses desse ano, narrado o caso, incluindo uma homenagem de despedida que lhe foi prestada. De cuja sucessão de factos se dará conta em próxima crónica, a ser recordada neste espaço de memorização clubista.)

Após tal período de interinidade, voltaria depois a normalidade com o retorno de alguns regressados e fixação de outros, perante a posse dada aos então novos seccionistas, em fevereiro seguinte. Como narra o jornal O Porto em seu número do dia 19 desse segundo mês do ano.   

Depois, em 1965, com nova remodelação, Jorge Nuno Pinto da Costa passou para o Hóquei em Campo e a partir de 1969 ficou como Diretor das Modalidades Amadoras (mais precisamente "Director das Actividades Desportivas Amadoras"), englobando o Hóquei em Patins, então. 

A história é assim, há sempre algo a contar… como foi, mesmo.

Armando Pinto

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terça-feira, 21 de novembro de 2023

Lembrança comemorativa de “Parabéns” a Joaquim Leite – histórico hoquista ”Lenda do FC Porto”!

Entre as “Lendas do FC Porto”, com direito a constarem no “Passeio da Fama” da entrada do pavilhão de desportos Dragão Arena, conta-se o nome de Joaquim Leite, antigo hoquista de ampla expressão como jogador de hóquei em campo e hóquei em patins do FC Porto. O popular “Leites”, como era também conhecido, do hóquei portista. Joaquim Leite que foi Campeão Nacional pelo FC Porto no Hóquei em Campo e Campeão Metropolitano e Vice-Campeão Nacional no Hóquei em Patins. Tal como no hóquei em campo jogou pela Seleção Nacional e pelo de patins fez parte da Seleção Portuense, representativa Seleção da Associação de Patinagem do Porto. Um senhor da História do FC Porto que nesta data completa mais um aniversário natalício e também por isso está de parabéns.

Joaquim Brites Leite, natural do concelho de Guimarães, nasceu na freguesia da Polvoreira num 21 de novembro de há uns bons anos, perfazendo interessante conta que o faz ter idade que por pouco passa já a fasquia dos oitentas. Tendo entretanto assentado vida e arraiais desportivos na cidade do Porto, onde, depois de ter representado o clube Educação Física, rumou ao FC Porto para se tornar Lenda do Dragão. Havendo de camisola azul e branca colada ao corpo sido Campeão Nacional de Hóquei em Campo em 1964 e Campeão Metropolitano de hóquei em Patins na época de 1969. Tendo pelo meio sido reconhecido com a outorga do Trofeu Pinga, o então máximo galardão portista (antecessor do atual Dragão de Ouro) que lhe foi atribuído em 1968 como representante do Hóquei em Patins.

Joaquim Leite foi e é mais conhecido como jogador de Hóquei em Patins, embora anteriormente tenha sido internacional enquanto jogador do Hóquei em Campo. Depois enveredou pelo Hóquei em Patins, modalidade em que também merecia ter sido internacional, mas não chegou a jogar pela respetiva Seleção Nacional do hóquei patinado por ter sido do tempo em que os hoquistas do Sul eram preferidos e do Norte apenas iam um ou dois de vez em quando, para não parecer mal… De modo que bons valores como Alexandre Magalhães, Joaquim Leite, Hernâni, José Ricardo, Carlos Chalupa, etc, não chegaram a envergar a camisola das quinas como hoquistas, quão seu valor pedia meças a tantos que evoluíram em rinque com o equipamento representativo de Portugal. Enquanto outros ainda chegaram a ser internacionais no escalão júnior, como Fernandes, Júlio, Barbot, Vale, Reis, etc, mas depois como seniores tiveram a chancela de serem hoquistas do FC Porto.

Joaquim Leite, por entre todas essas peripécias, está contudo sinalizado como um dos desportistas cujo nome está assinalado com uma placa circular no adro do pavilhão Dragão Arena, em homenagem com que foram distinguidos os mais salientes atletas das diversas modalidades históricas do FC Porto, aquando da inauguração do então inicialmente chamado Dragão Caixa. Tendo sido incluído nesse honroso escol de “Lendas do FC Porto” como representante de hóquei em campo, também porque do hóquei em patins foram lembrados Cristiano e Vítor Hugo.

Joaquim Leite é pois um nome de respeito no FC Porto. Como Campeão de “stick” quer no hóquei em campo ou de patins. Aqui e agora lembrado, como merece, e a propósito se ilustra estas referências com recortes de arquivo pessoal, de outrora, mais respigos do jornal O Porto – de quando e quão dizem respeito as linhas descritivas que ressaltam nesta memória viva de seu percurso.


(continuação)

Parabéns Joaquim Leite, agora também neste dia de Aniversário!

Armando Pinto

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“Prémio Jornal O Porto” atribuído ao guarda-redes Américo, em 1964 – por votação dos leitores do órgão oficial do FC Porto

Ao correr do outono de 1964 decorreu, entre os leitores do jornal O Porto, uma iniciativa organizada pela Comissão Pró-Sede, então existente, levada a cabo por meio do jornal do clube, ao tempo órgão oficial informativo portista, para escolha do desportista mais popular para os adeptos do clube azul e branco, segundo votação enviada através do mesmo jornal. Tendo na contagem Américo sido o mais votado, em disputa de perto com outros, por quanto os restantes votos foram distribuídos por mais atletas. Conforme nas páginas do mesmo periódico portista foi registado: «Verificou-se ser o nosso categorizado guarda-redes o representante azul-branco com maior número de votos. Nada menos nada mais do que 237. Outros valorosos atletas seguem o “internacional” Américo. Por exemplo o Hernâni, o Nóbrega e o Pinto. Nem só os futebolistas têm sido os votados. O Óquei em patins, o atletismo, o basquetebol e o ciclismo também têm representação.»

Tal galardão, o “Prémio Jornal O Porto”, foi depois entregue a Américo no festival da entrega dos trofeus de reconhecimento do clube, o Trofeu Pinga, concretamente na primeira gala desse trofeu, a 7 de dezembro de 1964 (tendo aí o representante do futebol sénior sido Hernâni e do escalão júnior Artur Jorge. Enquanto, sendo essa atribuição de dois em dois anos, Américo seria também distinguido na segunda entrega, em 1966).

Assim sendo, vem a talhe nesta época outonal, também, recordar a existência e atribuição daquele Prémio com o nome do jornal do FC Porto. Através de recorte do jornal O Porto, desse tempo.

Armando Pinto

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sábado, 18 de novembro de 2023

Efeméride de mais uma grande vitória em casa do Benfica de Eusébio e C.ª (1-2), em ocasião de homenagem do clube ao “homem da bandeira grande do FC Porto” – em 1962 !

A 18 de novembro de 1962 o FC Porto foi ao antigo estádio da Luz vencer o “clássico” Benfica-Porto da temporada de 1962/1963. Em cuja ocasião, marcando ainda mais essa grande vitória em casa do rival Benfica, antes do inicio de jogo foi entregue ao sócio do FC Porto Manuel Pina, então muito conhecido e admirado “Homem da bandeira grande do FC Porto”, uma nova bandeira, em homenagem à sua dedicação e grande portismo, porque a anterior estava muito desgastada pelo uso e constantes deslocações no acompanhamento da principal equipa portista. Sendo esse senhor natural de Torres Novas, depois residente com a família em Lisboa, na zona da Estefânia, costumava assistir aos jogos do FC Porto no sul, mas também pelo resto do país e com frequência no estádio das Antas. 


(Nota Bene: Na sequência dessa homenagem e pela dimensão atingida, o associado do FC Porto Manuel Pina, o "Homem da bandeira grande do FC Porto", depois recebeu uma oferenda também valiosa. Tendo recebido a «oferta pelo sr. António Mota, de Lisboa, de um distintivo do Clube com pedras finas, no valor de 500$00» - conforme foi transmitido pelo próprio "Homem da bandeira grande" ao jornal O Porto, dando «largas à sua satisfação pela dádiva valiosa recebida». 
Manuel Pina faleceu em Fevereiro de 1973 e levou consigo a Bandeira do Futebol Clube do Porto.)

Ocorrências, em suma, dignas de registo, na calha desse encontro a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, disputado no (anterior) Estádio da Luz, à 4ª jornada da prova dessa temporada, terminado com mais uma marca histórica: SL Benfica, 1- FC Porto, 2; através de 2 golos de Azumir pelo FC Porto e 1 de Eusébio para o Benfica.

Foi então tal o apreço portista por essa significativa vitória, alcançada em casa do Benfica, que a chegada dos jogadores ao Porto revestiu-se dum banho de multidão, em autêntica manifestação de regozijo, qual mar azul de entusiasmo.

~~~ ***** ~~~

Então... Estava-se em pleno verão de São Martinho quando no outono de 1962 o FC Porto se deslocou à capital do império para defrontar a equipa que havia ganho ainda meses antes a Taça dos Campeões Europeus pela segunda vez. E o FC Porto passava por fase de transição, ainda com a equipa a formatar-se, após os bons tempos dos campeonatos dos anos de 1956 e 1959 (e mais não foram pelos habituais roubos do sistema, algo que só quase por milagre foi conseguido superar no campeonato do caso-Calabote). E então, nessa tarde domingueira de tempo soalheiro, a meio de novembro de 1962, enquanto o sol dourava a luz do dia, o conjunto da equipa principal do futebol portista deu um ar de sua graça, numa bela exibição coroada em remates certeiros do avançado Azumir, que não esteve com cerimónias nem mesuras diante dos levanta-braços do regime. Tendo o craque brasileiro do FC Porto sido ali autor de dois golos, a cuja soma um de resposta de Eusébio apenas reduziu a desvantagem lisboeta e foi insuficiente para impedir que os dois pontos da vitória ficassem com os homens das sagradas camisolas das duas listas azuis. 

Passa assim neste dia a efeméride desse sucesso conseguido em 1962, do FC Porto ter ido derrotar no Estádio da Luz uma das melhores equipas da história do Benfica, tendo ficado para a história e na memória portista o resultado final de 2-1 para os Dragões, mais a gravação memorial do brasileiro Azumir ali ter marcado um golo em cada parte, quão foi grande figura desse triunfo hercúleo do FC Porto. Pois nunca é demais relembrar que nesses tempos, durante os 48 anos de salazarismo, só em quatro ocasiões foi "permitido" aos azuis e brancos saírem vitoriosos do Estádio da Luz em jogos a contar para o campeonato.

Esta lembrança, na calha de tal efeméride de boa memória, traz à recordação pessoal este jogo acontecido em tempo de 2ª classe da escola primária do autor deste blogue. Pois, não mais esquece, embora já houvesse boa escola de portismo embrionário através do que eu ia conseguindo imprimir em quem gostava de brincar comigo, havia um ou outro colega do contra, dos poucos que não sabiam que o jogo da bola não era jogado com chancas e iam pelo paleio de outros… E assim, ao chegar o último dia da semana antecedente a esse jogo, houve apostas de quem ganhava e quem iria perder, metendo na questão aposta de “macacos” dos que saíam com rebuçados, como chamávamos nesse tempo por aqui aos cromos para as coleções de cadernetas de jogadores, cujas pequenas gravuras de papel ficavam empenhadas, desse modo, para entrega a quem ganhasse (e assim os vencedores teriam mais alguns para ajudar a completar a coleção).

Ora, ao tempo e não só, conforme se sabe, só não valia tirar olhos para o Benfica ganhar, e assim pairava quase certeza que o Porto perderia. Mas eu é que não ia nisso, gostei sempre de pensar pela minha cabeça. E com que prazer, então, no final da tarde de domingo, eu soube que o Porto venceu em Lisboa!

Pelos comentários do relato tadiofónico, mas duma emissora do Porto (penso que do "Norte Reunidos), soube que o Azumir foi aí o homem-golo, a concretizar à sua maneira jogadas em que intervieram Jaime, Hernâni, Serafim e Pinto...tal como Américo fez uma portentosa exibição.

Falou-se na altura que o árbitro desse jogo não era muito conhecido, não tendo tido interferências demasiadas como tantos outros de outras vezes  – e por alguma coisa não foi dos de longa carreira… depois.

Pois então, com que ansiedade e prazer na segunda-feira imediata acordei cedo e fui todo feliz para a escola (coisa rara, em que nunca se sabia quando se ia ao quadro, etc. e tal…)!

Desse jogo, sendo eu nesse tempo pequeno aluno ainda a aprender a escrever e contar, tenho pouca coisa guardada, além da inesquecível boa sensação tida em tal boa ocasião. Mas como isto merece ser lembrado, deitando olhos ao que ainda há registado, recordamos o acontecimento com algumas imagens públicas, da equipa que alinhou, e os dados do mesmo jogo.

A 18 – 11 – 1962, no (antigo) Estádio da Luz, em Lisboa. Para o Campeonato Nacional da I Divisão de 1962/63 – 4ª Jornada, sob arbitragem de Virgílio Baptista, da Associação de Setúbal.

Benfica, 1 (golo de Eusébio) – FC Porto, 2 (golos de Azumir)

FICHA DE JOGO

BENFICA - Costa Pereira, Ângelo, Germano, Cavém, Humberto Fernandes, Mário Coluna, Fernando Cruz, José Augusto, José Águas, Eusébio (1 golo, aos 79') e António Simões. Treinador: Fernando Riera (Chile)

F C PORTO - Américo, Alberto Festa, Miguel Arcanjo, Joaquim Jorge, Mesquita, Paula, Custódio Pinto, Jaime Silva, Hernâni, Azumir (2 golos, aos 27' e 60') e Serafim. Treinador: Jenő Kalmár (Hungria).

= Azumir: Autor dos golos da vitória !

Desse jogo “recorta-se” do jornal O Porto, da época, uma interessante crónica.

Armando Pinto

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