Há sempre alguém importante em nossas vidas, pela vida fora. Costumando dizer-se que por trás dum grande homem há sempre uma grande mulher – quanto a aspetos biográficos de grandes figuras, no apoio e complementação. Já na inversa não há tanto disso, pelo menos à vista desarmada. Enquanto no dirigismo desportivo não é muito corrente o envolvimento feminino nos lugares de maior responsabilidade, salvo raras exceções de visibilidade, sendo sobremaneira os homens que desempenham os cargos mais notórios.
Como tal, nos postos mais importantes dos órgãos diretivos dos clubes desportivos com futebol, por trás dos presidentes há sempre os homens que dirigem a modalidade do desporto-rei. Os quais, se pode dizer, em imagem figurada, são como que braços direitos dos lideres e por vezes chegam a alcançar um estatuto supremo no seio da hierarquia clubista. Isto pensando na realidade que temos sentido, dentro do Futebol Clube do Porto.
Apesar disso, pese a importância que esses dirigentes costumam ter em seu tempo, tem acontecido que normalmente passaram ao esquecimento, ou pelo menos ficam na penumbra, depois de serem substituídos, sendo raros os casos cuja aura detida, enquanto seccionistas, se houvesse mantido após o seu afastamento. Nalguns casos por terem passado a desempenhar cargos mais relevantes ainda, cuja ação suplantou o percurso anterior; mas também, na maioria, pela corrente de ar que costuma soprar nesse sentido.
= Fernando Vasconcelos, no banco do F. C. Porto: O primeiro homem de confiança de Jorge Nuno Lima Pinto da Costa, na sua inicial presidência, em 1982/83...
Lembramo-nos de trazer à tona das recordações Portistas essa categoria de diretores, pelo que representaram dentro do F C Porto, tais considerados homens-fortes da estrutura do clube, pelo papel desempenhado, atendendo ao futebol ser a mola real da vivência azul e branca.
= Teles Roxo, um paradigmático diretor já do tempo do Presidente Pinto da Costa, um grande dirigente que ficou assinalado na História do FCP como chefe do departamento de futebol ao tempo da conquista da Taça dos Campeões Europeus de 1987, em Viena…
Não vamos recuar muito aos tempos de antanho, da história do F. C. Porto, quer porque antigamente os diretores eram mais pau para toda a colher, havendo quem estivesse em vários setores, entre o amadorismo reinante; outras vezes porque os presidentes desempenhavam essa acumulação, que bem vista a situação ainda se nem colocava por não haver diferenciação no dirigismo, por assim dizer. Até porque presidentes houve que eram mais que tudo no clube, tal o exemplo de Sebastião Ferreira Mendes, que chegava a dar emprego a uns quantos atletas e inclusive levava os futebolistas para estágio numa sua quinta, ribeirinha do Douro. E também por, a partir de determinada altura, começarem a aparecer antigos jogadores metidos no meio, ao terem passado a deter uma responsabilidade do género alguns dos antigos valores que envergaram a camisola das listas azuis e brancas. Tendo, como é do conhecimento histórico, chegado então a diretores do futebol uns Valdemar Mota, Soares dos Reis, Carlos Nunes, e outros, durante anos de amadorismo futebolístico. Além de terem passado pelo lugar alguns portistas famosos, como o Padre Marcelino da Conceição, Moreira de Sousa, entre mais alguns, mas os tempos ainda eram outros…
Com o advento do semi-profissionalismo, chegado tempo do meio do século XX, começaram a aparecer diretores mais envolvidos em comprometimento efetivo, podendo recuar-se, então, por exemplo, ao tempo em que Pinto de Magalhães começou a pôr seu labor ao serviço do F. C. Porto.
Foi, com efeito, com Afonso Pinto de Magalhães nas rédeas do futebol, a bem dizer, acompanhando a primeira presidência do Dr. Cesário Bonito, que começou uma importante fase da afirmação clubista, na década dos anos cinquenta. Tendo sido em seu tempo de diretor do futebol, que começou a ganhar força o campeonato ganho em 1956, havendo sido ele que foi ao Brasil buscar o treinador-homão, Yustrich.
Desse tempo ilustra-se a narrativa intercalando duas fotos relativas a essa marcante passagem de Pinto Magalhães pelo banco do sofrimento no futebol, através de captação do momento da chegada do treinador que revolucionou o futebol portista (a pontos de, por exemplo, até as camisolas terem passado a ter, finalmente, o emblema do clube); e, depois (na imagem de baixo), dando proteção no acompanhamento a Pedroto, perante a euforia da assistência e cansaço do futebolista, no final vitorioso do jogo com a Académica, da conquista do campeonato de 1955/56.
Volvidos tempos, em 1958/59, como mandatário do presidente Dr. Paulo Pombo, estava à frente do futebol o diretor Amaral, um que ficou para a história nas célebres fotografias do derradeiro jogo, em Torres Vedras, no banco, enquanto sofria as peripécias da farsa do jogo Benfica-Cuf. O qual, além da interferência do árbitro, o tal Calabote, no avolumar do resultado, e que supostamente deveria ser disputado à mesma hora, afinal terminou longos minutos depois…
Amaral, na imagem que se vê, aí estava junto de Guttmann, no banco dos responsáveis e suplentes: «Célebre foto», esta, «tirada em Torres Vedras, no jogo que ficou marcado pelo caso "Calabote". Ou seja: Último jogo do campeonato em que o F.C. Porto e o Benfica se encontravam empatados com o mesmo número de pontos, tendo o Porto uma vantagem de 4 golos em relação ao Benfica. O Benfica jogava em casa com a CUF do Barreiro e o F.C. Porto com o Torriense. O F.C. Porto acabou por vencer o Torriense por 3-0, mas no estádio da Luz o árbitro Inocêncio Calabote marcaria 3 penaltis, expulsou 3 jogadores da CUF e prolongou o jogo por mais 10 minutos na expectativa de o Benfica marcar mais um golo, pois já ganhava por 7-1... Só que, talvez por lapso, pois não sabia que o Porto marcara mais um golo (o 3º foi já sobre a hora), em tempo de notícias só por relatos do rádio e mensagens por telefonia, pensando o Calabote que o Porto só vencera por 2-0, acabou por encerrar o jogo em Lisboa e… assim, finalmente, o Porto sagrou-se campeão…
…Tal como, o mesmo referido dirigente, ficou para a posteridade integrando a formação na atribuição das faixas, na pose de conjunto (seguinte).
Em cima: Dr. Paulo Pombo (Presidente), Virgílio, Lito, Carlos Alberto, Américo, Carlos Duarte, Luís Roberto, Monteiro da Costa, Béla Guttmann (Treinador), Amaral (Diretor), Sarmento e Osvaldo Silva. Em baixo: António Teixeira, Morais, Gastão, Noé, Acúrcio, Perdigão e Pedroto.
Como então esse cerimonial fez parte do programa de homenagem a Pedroto, nem todos os elementos que foram utilizados durante o campeonato, puderam estar presentes, possivelmente por outros compromissos, como jogos de seleções. Assim, dos que se sagraram campeões, faltam na foto, entre outros, Hernâni, Miguel Arcanjo, Osvaldo Cambalacho, Pinho e Barbosa.
= Um diretor do futebol desses tempos idos, sr. Amaral, junto com o médico Dr. Augusto Costa e o guarda-redes Acúrcio, em plenos anos cinquenta.
Para acelerar o passo descritivo - de modo a não se prolongar demasiadamente, também, este memorando:
Passado, entretanto, longo interregno duma longa travessia (entrecortada por diversas peripécias, inclusive também com a passagem de Hernâni pela chefia do futebol, cuja missão depressa teve de interromper como vítima do sistema reinol do futebol do tempo BSB, por ter tomado posição na defesa do clube num dos “roubos de igreja”…), chegou-se a 1968, quando o F C Porto venceu a Taça de Portugal naquela célebre final ganha ao Vitória de Setúbal.
E então, estava na cabeça do futebol Portista o dirigente Flávio Amorim, simpático diretor que pôde erguer a taça. Como se vê (na imagem, junto com Pedroto), quando ele lhe pôs as mãos na justa consagração, e, repartindo com o treinador vitorioso o toque no trofeu, em ambiente rodeado pela multidão, conseguiu dar largas à euforia.
No final desse jogo, falando à reportagem do jornal O Porto, Flávio Amorim deixou uma mensagem relevante, que passamos à posteridade em respigo da mesma edição do órgão informativo do clube (no número de O Porto de 22 de Junho de 1968):
De tão inesquecível conquista, dessa final vencida com golos de Valdemar e Nóbrega, em jogo em que Américo fez uma portentosa exibição a garantir a vitória que permitiu que Pinto subisse à tribuna para erguer a Taça (pois ao tempo apenas os capitães subiam por entre a multidão, para a cerimónia da entrega do galardão ao vencedor), de toda essa alegria, perante o seu significado, juntamos ainda outra fotografia coeva, onde se vê Flávio Amorim, já no Porto, a encher a Taça de espumante para um brinde dos vencedores com os jovens futebolistas do plantel que haviam ficado na Invicta…
Novo arranque e longas travagens se continuaram a intrometer, pelo tempo mediado. Chegando à era da presidência de Américo Sá com novas caras, primeiro o Dr. Nuno Campos, e depois Alfredo Borges - os dois presentes, um à esquerda e o outro no extremo direito, na foto seguinte, aquando da assinatura de Stankovich. Parecendo aí advir uma primavera que, porém, depressa arrefeceu…
De permeio esteve no mesmo cargo Jorge Vieira, homem que como diretor do departamento de futebol profissional ficou ligado à vinda de Cubillas – o astro que refulgiu no universo Portista, com o qual na ocasião o então dirigente posou, para constar.
Até que aconteceu a chegada de Jorge Nuno Pinto da Costa ao departamento de futebol, com os resultados conhecidos (logo a partir da assinatura do contrato oficial no regresso de Pedroto, a que se reporta a histórica fixação fotográfica).
A partir daí é já história contemporânea, alcançando-se nesta memorização, quase à la minute, a fase dos já 30 anos de presidência de Pinto da Costa, na qual o Presidente-Dragão foi acompanhado por Fernando Vasconcelos, Teles Roxo, Reinaldo Teles…
...e Antero Henriques, antes diretor de Relações exteriores do Futebol SAD e presentemente o número um do Departamento de Futebol do F. C. Porto – Futebol SAD, também chamado Diretor-Geral e sobretudo figura muito importante no interior do mundo do Clube-Dragão.
© Armando Pinto
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