Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Efeméride do falecimento de Sir Bobby Robson – em 2009

  

A 31 de julho de 2009 faleceu Bobby Robson, cidadão inglês e treinador que foi marcante na História do FC Porto. Faleceu aos 76 anos, vítima de cancro, conforme à época foi noticiado.

No dia, em 2009, foi assim descrito oficialmente em nota informativa: «De acordo com um comunicado, Bobby Robson "perdeu a sua longa e corajosa batalha contra o cancro e morreu, em paz, na manhã de hoje, na sua casa do condado de Durham, com a mulher e a família ao seu lado".

Bobby Robson está na História como  icónico treinador do FC Porto.

O treinador que começou a carreira como jogador, chegou a representar a seleção inglesa nos Mundiais de 1958 e 1962. Conquistou duas provas europeias: a Taça UEFA em 1981 com o Ipswich Town e a Taça das Taças em 1997 com o FC Barcelona. Em Portugal, o técnico treinou primeiro o Sporting, de onde foi despedido com a respetiva época em curso, e depois, ainda na mesma época, passou a treinar o FC Porto, onde foi bem-sucedido. O clube dos dragões então esteve sob a orientação de Bobby Robson entre 1993/94 e 1995/96, tendo-se sagrado bi-campeão nacional (os 2 primeiros títulos do “Penta”) e vencido a Taça de Portugal, mais duas Supertaças, pelo FC Porto. Seguiu depois para o Barcelona, tendo ganho uma Taça das Taças, uma Supertaça Europeia e uma Taça do Rei de Espanha, até que regressou a Inglaterra, terminando a carreira em 2004 quando orientava o Newcastle United.

Assim sendo, neste dia da efeméride de seu falecimento, embora desaparecido já fisicamente mas lembrado como um dos treinadores campeões do FC Porto, recordamos o treinador que deu o pontapé de saída para a conquista do Pentacampeonato, proeza ainda única no futebol português.

Robson, com sua maneira simpática de ser, além de ter sido autor dum dos bons períodos do futebol portista, ainda ficou associado por mais bons motivos particulares. Quão em Portugal Robson teve influência em diversos factos, como por ter sido através dele que começaram a carreira de treinadores, primeiro Mourinho, e depois Villas-Boas, e no FC Porto sobretudo teve especial influência no futuro do clube, sabendo-se que foi por ele que André Villas-Boas entrou no mundo do futebol profissional e sobretudo teve oportunidade de começar e continuar sua afeição clubista. Com tal repercussão, que acabou na cadeira de sonho de treinador principal e agora na cadeira presidencial em que a grande maioria dos sócios do clube quiseram Villas-Boas, elegendo-o com mais de 80% dos votos entrados nas urnas eleitorais, e querem, como demonstra o ambiente que reina no seio portista. 

 

André Villas-Boas com de Sir Bobby Robson lendo FourFourTwo

«...no início da ascensão incomum do português na gestão do futebol de elite» (como foi descrito na imprensa inglesa)... =

O treinador inglês chegou ao FC Porto em 1993 e tendo permanecido até 1996, conquistou no FC Porto:

🥇2 Campeonatos Nacionais

🏆1 Taça de Portugal

🏆2 Supertaças de Portugal

O livro de sua biografia é um dos exemplares que enriquece a biblioteca pessoal do autor destas lembranças.

Descanse em paz Mister Robson!

Armando Pinto

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terça-feira, 30 de julho de 2024

Lembrando Albertino: o futebolista-pintor que foi e é artista em seus misteres

 

Em finais de julho de 1979 foi acertada a transferência de Albertino para o FC Porto, concluída depois em inícios de agosto. Concretizando-se finalmente, então, essa mudança há muito falada e esperada, mas que tivera anteriormente diferentes circunstâncias e rumos. Após ele já ter vestido a camisola do FC Porto numa digressão ao Perú, ainda apenas por empréstimo do anterior clube, e entretanto ter sido mesmo anunciada a sua contratação, sem se ter concretizado. Mas como o destino marca a hora, conforme se diz, acabou mesmo por ser mais tarde, e mais vale tarde que nunca. Havendo Albertino passado a vestir a camisola azul e branca de vez e a sério a partir da época de 1979/80.

Vem assim a talhe lembrar esse mesmo Albertino que para sempre ficou portista, além de ter ao mesmo tempo com o futebol, dividido sua arte pela pintura, também.

Ao Albertino já neste blogue foi dedicada uma anterior lembrança, através de respigos da revista “Ídolos”. Facto que dispensa aqui mais descrições sobre sua carreira. Mas como nunca será demasiado acrescentar algo mais, desta vez reforça-se a memorização deitando mãos e olhos ao que dele foi publicado na “Revista dos Desportos BANCADA” (de que era Chefe de Redação o amigo José da Cunha, também antigo colaborador do jornal O Porto), em seu n.º 3 de janeiro de 1982.


Armando Pinto

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- Para relembrar o anterior artigo, aqui publicado em 2013, “Albertino: Artista com Alma Portista…” - clicar em

https://memoriaporto.blogspot.com/2013/04/albertino-artista-com-alma-portista.html

A P

domingo, 28 de julho de 2024

Em memória do Olimpismo no futebol portista: Valdemar Mota (1906-1966) – o 1.º Olímpico do FC Porto

 

Com o calor de julho a fazer o ambiente de mais um dia de aspeto alegre, neste domingo soalheiro, recomeça o entusiasmo do futebol portista com o jogo de apresentação da equipa principal azul e branca, na nova fase do clube Dragão. Enquanto ao mesmo tempo e por este tempo, também, já tiveram início e decorrem os Jogos Olímpicos deste ano. Vindo assim à lembrança algo relacionado, quer com o futebol portista na sua longa história, quer com a participação de representação portista e do futebol nacional numa já longínqua edição da festa olímpica – como foi em 1928 com Valdemar Mota.

Os Jogos Olímpicos estão aí diante das atenções, com o rio Sena inundado pela festa de abertura da Olimpíada e tudo em volta da torre Eiffel a sentir o efeito das jornadas sucessivas das diversas modalidades. Dando sequência a tantos anos, onde se incluem também boas memórias portuguesas e portistas, sobretudo. Recuando no tempo e dando ênfase a uma dessas memórias, sendo uma delas sobre Waldemar Mota (como ao tempo se escrevia Valdemar), um futebolista histórico, dos que se dirá que hoje não teria preço, e que foi o primeiro atleta olímpico do FC Porto (além de ter sido também o primeiro futebolista português a marcar três golos à portentosa Itália dos anos 1920/30, por exemplo). Tendo ele sido ainda um dos famosos "Três Diabos Do Meio Dia", dois fantásticos produtos das escolas portistas, Acácio Mesquita e Waldemar Mota, mais o imortal Pinga.  

Ora, viajando então no tempo, pousa desta vez um voo da lembrança na passagem de mais uma edição dos Jogos Olímpicos, quando o futebol azul-branco retoma a ligação à família portista. 


Calha assim recordar Waldemar Mota: Entrou no Clube para jogar nos iniciados e para se tornar um dos melhores jogadores do Porto, o único clube que representou na carreira, nos anos 20 e 30. Avançado, marcou 177 golos em 163 jogos, conquistou 15 títulos, entre eles o Campeonato Nacional de 1934/35. Formou juntamente com Pinga e Acácio Mesquita os célebres “três diabos do meio-dia”, dess modo apelidados depois de os Dragões vencerem as melhores equipas da Europa no Natal de 1933. Foi também o primeiro atleta portista a participar nos Jogos Olímpicos e a capitanear a seleção nacional, pela qual somou 21 internacionalizações e marcou quatro golos, nesse tempo de escassos jogos internacionais e poucas participações da equipa das quinas em competições oficiais

= Equipa do FC Porto da época de 1931/32 – Campeões de Portugal. Em cima da esquerda para a direta: Fernando Trindade, Jerónimo Faria, Francisco Castro, Artur de Sousa “Pinga”, Carlos Mesquita, Álvaro Sequeira, Lopes Carneiro, Valdemar Mota, Álvaro Pereira, Pedro Temudo e Joseph Szabo (Treinador). Em baixo pela mesma ordem, Siska (guarda-redes principal), Avelino Martins e Acácio Mesquita.=

= Equipa do FC Porto triunfante do campeonato de 1934/35, com todos os campeões medalhados e Valdemar Mota como porta-estandarte. =

Ora, Valdemar Mota da Fonseca, o célebre Valdemar Mota que foi um dos primeiros grandes ídolos do mundo portista, representou oficialmente o FC Porto durante 12 temporadas, desde 1926/27 até 1937/38. Tendo ao longo dessa sua carreira futebolística, além dos dados acima referidos, vencido 2 Campeonatos de Portugal, 1 Campeonato da 1ª Liga e 12 Campeonatos do Porto. Bem como na Seleção Nacional (em seu tempo, recorde-se, de escassos jogos realizados pela equipa dita portuguesa) atuou em 21 jogos e marcou 4 golos, enquanto numa dessas vezes marcou 3 golos contra a Seleção de Itália, em jogo que Portugal venceu por 4-1. Entretanto fez parte da equipa representativa de Portugal que esteve nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, em 1928, em cuja competição marcou o primeiro golo da Seleção Nacional contra o Chile, sendo assim o primeiro atleta olímpico do FC Porto. Na seleção A nacional Valdemar Mota teve um marco assinalável, ainda, como foi o caso de durante muitos anos ter sido detentor da marca de jogador mais novo a marcar 3 golos num jogo, então a 15 de abril de 1928, quando Portugal venceu no Porto a seleção da Itália por 4-1, com três golos do então extremo-direito do FC Porto (recorde esse que durou 88 anos, até ter sido superado em Outubro de 2016 por André Silva, também futebolista do FC Porto, o qual em seu início de carreira se tornou aos 20 anos o mais novo internacional português a marcar 3 golos no mesmo jogo e como tal haver substituído Valdemar Mota nesse recorde duradouro).


Waldemar Mota da Fonseca (conforme a grafia do tempo), nascido na cidade do Porto a 18 de Março de 1906, foi jogador formado no FC Porto, clube de coração e único que representou, como médio e extremo direito de elevado quilate.

= Casamento em 1929 =

Quando ainda estava no ativo futebolístico e em sinal da sua importância no mundo do espetáculo, como já era o futebol também, sendo como sempre o jogo da bola por excelência um fenómeno de atração, Valdemar Mota, então como grande estrela do FC Porto dos anos 30, foi convidado para uma aparição cinematográfica, tendo protagonizado, ao lado de Beatriz Costa, a comédia O Trevo de Quatro Folhas (filme de Chianca de Garcia, rodado em Agosto de 1935 e estreado publicamente em Janeiro de 1936, assim como teve apresentação e passagem no Rio de Janeiro em Março de 1937. Do qual parece que apenas subsiste um fragmento).


Depois de abandonar o futebol, Waldemar Mota continuou sendo uma figura conhecida do dia-a-dia portuense, tendo então se dedicado a negócio do ramo de venda de produtos alimentares e artigos domésticos, através duma loja de comércio tradicional. «Possuía uma mercearia fina que tinha clientela selecionada, cujo estabelecimento ficava próximo da entrada do Mercado do Bolhão e era frequentado pela burguesia da cidade do Porto.»


No decurso do tempo, sua fama que vinha de longe manteve-se no imaginário clubístico, tanto que na antiga Sede do FC Porto (ao lado da Câmara Municipal, na então chamada Praça do Município, hoje Pr. Humberto Delgado), junto à galeria de Internacionais de futebol, que pelos idos de finais da década de sessenta integrou o espólio memorial da antiga casa administrativa e museológica do clube, houve na presidência de Afonso Pinto de Magalhães também colocação duma galeria dos 3 primeiros atletas Olímpicos do FC Porto, por meio de quadros com os Olímpicos até esse tempo (com Valdemar Mota ao centro e a ladeá-lo os ciclistas Mário Silva e José Pacheco).


Também no estádio das Antas, no átrio principal da entrada, de ligação ao departamento de futebol, salas de reuniões e gabinetes (mais antigo bar social), constando nas paredes algumas fotos emolduradas, ali colocadas igualmente entre as iniciativas efetuadas durante a presidência de Pinto de Magahães, havia então uma galeria de honra onde estavam quadros com as fotografias de Valdemar Mota como 1º Olímpico do FC Porto (além de Pinga, como melhor de sempre e nome do trofeu do clube; Siska, como guarda-redes e treinador estrangeiro carismático na vida do clube; Virgílio, o mais Internacional até então; Soares dos Reis, como 1.º guarda-redes Internacional; Vital, autor do 1.º golo portista no estádio das Antas; e Hernâni como “Capitão” famoso do título Europeu Militar de 1958 e herói de taças e títulos de Campeões Nacionais na gesta dos anos cinquentas. Assim como mais tarde, ao tempo da presidência do Dr. Américo Sá, noutras paredes foram colocadas fotografias emolduradas dos Campeões Nacionais de 1977/78, "Pedroto e seus Muchachos".).

Valdemar Mota faleceu em Abril de 1966, no dia 20. Tendo ficado sepultado no cemitério do Bonfim, no Porto. 

A memória de Valdemar Mota fez com que, anos depois de já ter desaparecido, ainda fosse tido como uma das principais figuras do FC Porto. Conforme foi incluída sua ficha curricular na obra resumida "A Vida do Grande Clube Nortenho - 1 e 2" (em duas revistas), edição das Seleções Desportivas de 1978.



O seu perfil, antes ainda, ficou entretanto bem vincado numa entrevista inserta na revista lisboeta Stadium, reportando à sua imagem - da qual para aqui transpomos imagens da página respetiva, com a mesma por inteiro e em recortes, para efeitos de enquadramento e melhor visibilidade.



Fica então aqui, na oportunidade, a memória ilustre de Waldemar Mota. Que em apoteose, dele alguém disse (ter sido): «… um futebolista de média superior a um golo por jogo, daqueles que olhava a baliza de frente e pedia desculpas aos adversários pelos golos inacreditáveis que marcava, muitos deles de cantos diretos que por um triz não o levavam para o açambarcador da época, o Inter de Milão, precisamente por interferência de Guizeppe Meazza, seu confesso admirador. Waldemar é uma história real, de fábula e de amor à camisola. Uma preciosidade olímpica.»

Armando Pinto
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Obs.: Sobre Valdemar Mota, confira-se ainda anteriores artigos deste blogue (clicando)
em

- Trio Maravilha ou os Três Diabos do Meio Dia

- Representantes Portistas nos Jogos Olímpicos

e com ligações fortes à atualidade
- Roda...

A. P.

sábado, 27 de julho de 2024

Lembrando o antigo basquetebolista Fernando Gomes da Silva... na História do Basquetebol do FC Porto

 

A 27 de julho de 1952, a equipa de basquetebol do FC Porto, liderada pelo prof. Armelindo Bentes, conquistou pela primeira vez para o FC Porto o Campeonato Nacional da I Divisão de “Basquete”, ao vencer o Benfica por 47-35, no decisivo e emocionante jogo disputado no Campo da Constituição. Assim sendo, na pertinência desta bela recordação, em que foi feita história nesses idos da modalidade ainda deveras amadora e então quase circunscrita ao sul do país, como algumas outras, o que mais valorizava já o facto por o FC Porto ir conseguindo então intrometer-se no reinol sistema desportivo do regime salazarista… calha a propósito recordar algo de história da modalidade da bola ao cesto no FC Porto, deitando atenções ao antigo basquetebolista Fernando Gomes da Silva e à prória história da Secção de Basquetebol do FC Porto. Gomes que em seu tempo foi um valoroso atleta que era conhecido por Gomes da Silva ou como Fernando Gomes, simplesmente. Um valor do FC Porto que também mais tarde fez parte dos Corpos Diretivos nalguns mandatos das gerências de Pinto da Costa, como um dos administradores da SAD e Vice-presidente do Clube, até que por fim passou a ser Presidente da Federação Portuguesa de Futebol.

Para o efeito relembra-se um artigo publicado na revista Mundo Azul (publicação do Conselho Cultural do FCP e existente em 2009 e 2010, enquanto a D. Filomena Pinto da Costa esteve naquele órgão do clube; da qual foi colaborador aqui o autor deste blogue, com algumas crónicas, como no caso), sobre a relação do “Fernando Gomes do Basquete” na história da secção de basquetebol portista, e uma crónica de memorização da mesma até ao tempo da publicação. Conforme foi publicado na revista Mundo Azul, em seu número 11, de janeiro de 2010.

… E, ao correr das lembranças, eis um pouco da história do Basquetebol do FC Porto, conforme foi inserto na mesma revista:

Armando Pinto

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sexta-feira, 26 de julho de 2024

Artur Peixoto (1932-1978): diretor portista de tempos idos - falecido no dia do Porto ser campeão nacional de futebol após 19 anos de espera.... em 1978.

 

Nos muitos anos da Vida do Futebol Clube do Porto muitos foram, também, os associados que serviram o Clube como Dirigentes. Uns mais e outros menos lembrados do conhecimento público que perdura pelos tempos além, mas todos dignos de menção e merecimento pela sua dedicação à causa portista. Entre os quais alguns também mais históricos, naturalmente. Além de alguns ainda conhecidos por algumas características e ligações particulares. Como no caso desta feita em apreço, sendo vez de lembrar um antigo dirigente portista natural do concelho de Felgueiras e da felgueirense freguesia de Rande – Artur Peixoto.

Vem a talhe, na ligação mais que justificada desse grande fenómeno, que é o FC Porto, evocar tais laços de afinidade felgueirense à causa portista. Porque, sendo que aqui o autor das lembranças perpetuadas neste espaço de Memória Portista não se cansa e se orgulha de ser um portista ativo, podendo, dentro do possível, de certa forma contribuir para o engrandecimento do FC Porto a partir daqui do habitat natural, houve entretanto também mais felgueirenses que foram portistas conhecidos e até salientes no seio do clube.

Ora, vem de longe a referida afinidade clubística azul e branca por terras do fofo pão de ló de Margaride, através de alguns felgueirenses, como foi o caso do Eng.º Mário Castro, que chegou a ser um grande atleta do F. C. Porto em Andebol de Onze, na década de quarenta e cinquenta, do século XX, tendo sido então campeão nacional com o FCP e “internacional” pela seleção portuguesa da modalidade; bem como, já nos anos sessenta, o mesmo também manteve notoriedade como campeão nacional em Pesca Desportiva, igualmente neste caso em representação da coletividade da Constituição e das Antas. Ainda nos anos cinquenta, correu nas estradas do país e pela estranja o ciclista Artur Coelho, que ao serviço do FCP foi camisola amarela em diversas Voltas a Portugal e venceu a Volta a S. Paulo, no Brasil, em 1957, ao passo que nos campos de futebol evoluíram os então jovens felgueirenses António Freitas e António Silva, que enfileiraram na equipa de juniores de futebol com a mesma camisola alvi-anil, sob orientação de Artur Baeta. Por esse tempo, Felgueiras teve também seu nome associado à magna campanha de angariação de fundos para a construção do Estádio das Antas, inaugurado em 1952. Tendo para o caso estado envolvidos diversos felgueirenses de renome na angariação de fundos de contribuição, incluindo um jogo de futebol em Felgueiras da equipa principal do Porto, com suas vedetas do tempo (conforme registamos no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”). Performances que tiveram sequência com outros vínculos mantidos, por gente destas paragens, noutros campos onde pulsava interesse azul e branco, como foi o caso do dirigismo e demais funções. Quanto aconteceu com Adriano Castro, personagem que por esses idos de cinquenta, sobretudo, trouxe a Felgueiras diversos atletas Portistas, que eram nessa era autênticos ídolos do desporto, para realizações de apreciadas provas; assim como o anteriormente referido Eng.º Mário Sampaio Castro e Deolindo de Sousa Machado foram membros da Assembleia Delegada do FCP, a meio da década de sessenta; tal como o mesmo Eng.º Mário Osório Pinto Sampaio e Castro chegou a ser vice-presidente do F. C. Porto, nos inícios de mandato do Dr. Américo Sá, de finais de sessenta e meados de setenta; altura em que Artur Peixoto Júnior foi Seccionista do Atletismo Portista; como depois Armindo Vasconcelos foi redator do jornal “O Porto”, órgão de informação do F. C. Porto de que o autor destas linhas foi igualmente colaborador, assim como mais tarde na revista Mundo Azul. Entretanto, a meio da década de 90, mais um felgueirense incorporou os Corpos Sociais do FCP, numa das gerências de Pinto da Costa, quando Mário Cunha passou a ser membro do Conselho Superior do F. C. Porto, tendo de seguida o mesmo sido reconhecido em 1996/97 com o troféu Dragão de Ouro de Dedicação Portista do ano 1996, por sua contribuição monetária para diversas obras. Assim como Pinto da Costa atribuiu o Dragão de Ouro a Adriano Quintanilha por duas vezes, em 2016 pela equipa de ciclismo W52-FC Porto como ‘Projeto do Ano’ e em 2019 a ele como “Parceiro do Ano”. por estes tempos recentes Virgílio Ferreira tem-se distinguido como elemento do Desporto Adaptado, na modalidade de Boccia. Além de, recentemente, aqui o autor destas linhas ter entusiasticamente estado envolvido na caminhada que levou à eleição do Presidente André Villas-Boas.

Está pois Artur Peixoto, como felgueirense, entre esses felgueirenses, e como portista de forma mais saliente como dirigente, que foi. Artur Peixoto, que também e mais até era conhecido por Artur Peixoto Júnior, como ficou no conhecimento local, em Felgueiras, e depois praticamente ficou como nome assim adotado no conhecimento geral, como era por exemplo referido nas crónicas alusivas aos temas de sua atividade no FC Porto. Sendo que esse acrescento “Júnior” derivou de ter um tio com o mesmo nome (Artur Peixoto, que inclusive, pelos anos 20 e 30, do séc. XX, foi mesário da Misericórdia do Unhão, em cuja instituição sita nas redondezas de Rande, chegou a vice-provedor). E assim ser então diferenciado o mais jovem do mais velho, de tio para sobrinho.

Artur Peixoto nasceu em Rande, freguesia do concelho de Felgueiras, a 20 de maio de 1932. E em Rande e na região felgueirense viveu em sua juventude, até ter rumado à cidade do Porto, onde exerceu atividade profissional e se tornou industrial. E por fim foi integrado na Direção do FC Porto, ao tempo da presidência do Dr. Américo Sá, entre 1972 a 1978, quando faleceu, a 11 de junho. 

É sensivelmente desse tempo a foto seguinte, captada em plena atividade diretiva na sede do FC Porto  como se pode ver pelas paredes, ocorrida numa das salas da antiga sede social do F C Porto, ainda no edifício lateral à Câmara Municipal do Porto, na Praça do Município, hoje Praça General Humberto Delgado. Vendo-se, por fundo, algumas pequenas molduras com alguns dos quadros dedicados a figuras do clube, então patentes a decorar espaços e homenageando glórias portistas.

Entretanto, na zona do Grande Porto foi conhecido empresário da Fábrica de Tintas Lexoline, L. da, com sede em Leça da Palmeira. Entre cujos membros da respetiva sociedade estavam dois naturais de Rande-Felgueiras, Artur Peixoto e Carlos Alberto Dias Pereira, além de mais três sócios (conforme escritura de 30 de outubro de 1967, publicada em Diário do Governo de 2 de dezembro de 1967-lll Série).

Ora o sr. Artur Peixoto foi seccionista do Atletismo do F C Porto. Faleceu em 1978 no dia em que o F C Porto se sagrou campeão nacional de futebol sénior, ao fim de 19 anos... mas antes do jogo que consumou essa conquista. Conheci-o bem, pois era meu conterrâneo... sendo natural da freguesia de Rande, onde tinha residência familiar na Casa do Outeiro de Baixo, em pleno concelho de Felgueiras. Tendo depois de uma curta carreira profissional na então povoação da Longra, ido residir para a cidade do Porto, em cuja metrópole da Invicta, após alguns empregos e parcerias com alguns conterrâneos e conhecidos, como Adriano Castro e Carlos Pereira, se dedicou por fim à indústria de tintas, com uma conhecida firma em que foi um dos sócios gerentes.


Recordo-me de ter tomado conhecimento da triste notícia de seu falecimento quando, ao fim desse célebre dia, cheguei à minha terra, à Longra, no regresso depois do jogo do título. Embora então sem noção ainda, por quanto estava tudo ainda em êxtase pela conquista tão ansiada…. enquanto os amigos e conhecidos Portistas da Longra já faziam a festa, metendo até aparelhagem sonora de altifalantes a levar pelos ares música alusiva e gravações do relato do jogo dessa tarde, pela voz do Amaro (do Quadrante Norte, dos Emissores do Norte Reunidos), tendo de seguida sido posto no prato da aparelhagem um disco já alusivo aos campeões, que eu trouxera, comprado que foi na tarde desse dia, numa tenda à saída do estádio, louvando a “Turma de Pedroto, grande comandante / os craques do Porto, equipa gigante / (etc. etc.)… Rodolfo, Ademir, Duda e Oliveira / mais o Gomes na dianteira”…!

No livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” (publicado em 1997), dedicamos-lhe uma devida atenção, incluindo-o entre pessoas algo salientes na sociedade local, descrevendo:

«Antigo funcionário responsável administrativo do funcionamento da Casa do Povo da Longra, na década de cinquenta, nasceu na Casa do Outeiro de Baixo, em Rande, onde viveu durante a sua juventude...»


Desse período é uma fotografia, reproduzindo à posteridade uma sessão pública em que Artur Peixoto acompanha em palco o então presidente e um vogal da instituição Casa do Povo da  Longra (onde ele trabalhava ao tempo), mais um deputado da nação e os então Presidente da Câmara de Felgueiras e o Vice e Administrador do Concelho – conforme legendagem patente no original datilografado para a monografia histórica da região.


Ainda do mesmo período é o que sobre ele ficou também referenciado no capítulo das instituições locais, do mesmo livro, na parte a historiar a Casa do Povo da Longra.


«Estabeleceu-se mais tarde no Porto como industrial de tintas, tendo sido sócio-gerente da afamada firma nortenha do ramo, a “Lexoline”.
Apesar de não ter deixado vincada sua acção pessoal na terra natal, além de ter operado restauro da sua casa de campo (…), doou a imagem de S. Simão à igreja paroquial de Rande. Fez parte, em 1965, da Assembleia-Delegada do F. C. Porto, em cuja composição de associados também esteve Deolindo de Sousa Machado, natural de Longra-Rande. Em 1972/73 Artur Peixoto fez igualmente parte dos Corpos Gerentes do F. C. Porto, por indicação de Adriano Sampaio e Castro (que não pôde aceitar convite de seu primo Engº Mário Castro), na primeira gerência do Dr. Américo Sá, integrando a secção do atletismo.»  conforme ficou anotado no livro, também.

Sempre que podia vinha à terra natal passar fins de semanas, mais períodos de férias e fazer convívios com familiares e amigos, em sua Casa do Outeiro de baixo, em Rande. E, segundo quem com ele contactou, adorava Rande.

Faleceu precisamente no dia em que o F. C. Porto conquistava o título de Campeão Nacional de 1977/1978 em futebol, que era então muito ansiado devido a longa espera, e a cujo último jogo contava assistir depois de ir dar uns mergulhos à praia, onde morreu por acidente. Na manhã de 11 de junho de 1978.


= Nota de falecimento nos jornais no dia seguinte, 12 de junho de 1978. 

Incorporaram-se no funeral vários membros da Direção do FC Porto e amigos do Clube, com realce para o então presidente Dr. Américo Sá e Alexandre Magalhães, antigo hoquista do FC Porto (e mais tarde vice-presidente da Direção seguinte). Além naturalmente de muitos conterrâneos e amigos de diversas procedências.

ARMANDO PINTO

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terça-feira, 23 de julho de 2024

Lembrando o antigo ciclista e amigo Gabriel Azevedo, na roda de visita amiga!

 

Com o calor de meio de julho a fazer com que estivesse estirado e à vontade no sofá, ainda a repousar da lesão física que está a experimentar aqui a paciência pessoal, fui surpreendido com a visita de um bom amigo, o antigo ciclista do FC Porto Gabriel Azevedo. 

Gabriel Azevedo foi um dos ciclistas que admirei no meu tempo de adepto jovem, e como tal faz parte de diversos apontamentos e gravuras constantes do arquivo pessoal guardado. Que, depois de primeiros contactos ainda quando ele corria (quão me lembro bem de quando com ele conversei na concentração da etapa da Volta iniciada em Lousada, numa quente tarde de 1974, depois de na manhã desse dia o Custódio Gomes, também do FC Porto, ter vencido a etapa ali terminada anteriormente, por exemplo), depois, mais tarde, passamos a ser amigos. Entre cujos contactos pessoais desta vez calhou de ele passar aqui pela minha casa, em visita amiga.

Ora, na roda da mesma visita, que muito apreciei naturalmente – também por assim ter oportunidade de mais uma vez com ele ter podido conversar – vem a propósito lembrar esse mesmo antigo ciclista valoroso, que teve uma boa carreira, interrompida pelo serviço militar na guerra colonial, e culminada com a vitória no Grande Prémio Philips de 1968. 

Sendo ele também um homem do ciclismo, tanto que, depois de pousar a bicicleta, desempenhou diversos cargos e funções, desde Vice-presidente da Associação de Ciclismo do Porto, treinador/diretor técnico, condutor de carros de apoio e de organização, a delegado e juiz e cronometrista de corridas, nessa sua modalidade onde apenas só não foi massagista nem médico, porque não podia obviamente. Continuando depois ainda ligado por via de seu filho, o também antigo ciclista José Azevedo (que foi nome grande nas provas internacionais por equipas estrangeiras e inclusive fez um 5º lugar na Volta a França, em 2004), hoje diretor desportivo duma importante equipa portuguesa.

Assim sendo, eis aqui uma homenagem, simples mas sincera e apreciativa, através de algumas das imagens guardadas e que já fizeram parte de anteriores artigos que a ele aqui foram dedicados neste blogue.







Armando Pinto

- Nota: Para recordar sua carreira, pode-se visitar o que sobre ele está publicado, aqui, em

 https://memoriaporto.blogspot.com/2020/10/gabriel-azevedo-ciclista-campeao-do-fc.html

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