Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Recordando: Vitória do FC Porto no Torneio de Verín-Espanha em 1966/67: Deportivo de La Coruña, 3 - FC Porto, 4!

 

O FC Porto, convidado a participar no Torneio de Verín, prova de cartaz das Festas de São Lázaro, daquela cidade vizinha de Chaves pelo outro lado da fronteira da raia luso-espanhola, foi ali durante a época de 1966/1967 disputar I.º Torneio Internacional de Verín. Cuja taça em disputa teve contornos curiosos na sua entrega ao vencedor.

Ora, nessa deslocação a Verín, na área de Ourense, para defrontar o Desportivo da Corunha, o FC Porto fez-se representar por uma equipa de jovens promessas, ao jeito de equipa de Reservas (atualmente Equipa B), mas com alguns jogadores entretanto já titulares ou que episodicamente alinharam na equipa principal, sob o comando do treinador Vieirinha. Sendo a comitiva azul e branca chefiada pelo Dr. Neiva de Oliveira, figura importante da Direção do Dr. Cesário Bonito, como Diretor das Relações e Propaganda do clube e que havia até sido diretor do jornal O Porto, numa viagem que teve escala em Chaves, para pernoitar, visto a embaixada portista ter feito tal deslocação de longa distância no velho autocarro da frota do clube, havendo saído de véspera, como ao tempo o estado das estradas antigas aconselhava a prevenir quaisquer eventualidades.

As Festas de S. Lázaro em Verin, realizadas no início da Primavera, sempre foram muito frequentadas por flavienses, e como seus conterrâneos Pavão e Rendeiro alinharam nesse jogo, em Março de 1967, mais interesse despertou esse encontro na região. Pavão, que alinhou com o nº 10 nas costas, foi o capitão da equipa.

= Rendeiro e Pavão, dois Flavienses presentes nesse jogo do FC Porto em Verín, perto de sua terra natal, Chaves, do outro lado da fronteira Portugal-Espanha. 

Então o FC Porto conseguiu vencer o jogo, após renhida disputa com a ardorosa equipa adversária e certa luta também perante a tendenciosa arbitragem demasiado caseira, a pontos de ainda ter havido excessivo tempo de descontos, mas lá acabaram os jovens do FC Porto por chegar ao fim com vantagem no resultando, havendo triunfado por 5-4. Acontecendo no fim que devido a toda a envolvência houve atraso na entrega do troféu ao vencedor e com tanta confusão a equipa portista acabou por regressar ao balneário sem a entrega ter sido efetuada. Enquanto o capitão da equipa de permeio acompanhou os colegas, esquecido de ir ao ato protocolar para receber a taça. 

= Caixa do livro biografico de Pavão, em formato de pequena revista, da coleção Ídolos do Desporto, com lapso na data, porque não foi em 1965 mas em Março de 1967; tal como no resultado, levando ao engano, pois foi de 5-4.

Até que por fim tudo foi normalizado e os excursionistas das Antas puderam chegar ao Porto com a taça na mão.

= Equipa do FC Porto que esteve presente em Verín-Espanha, nos festejos de São Lázaro, onde venceu o "I Troféu de Beneficência" do Torneio Internacional de Verín, triunfando sobre o Coruña (Deportivo de La Coruña, 3 - FC Porto, 4).. Pose fotográfica do grupo à chegada ao Estádio das Antas com o troféu respetivo. Em cima da esquerda para a direita - Silva, Zé Luís (Massagista), Rendeiro, Pavão, Alberto Teixeira, Francisco Batista, Zé Carlos, Domingos e Alípio Vasconcelos; em baixo, pela mesma ordem - Vicente, Arlindo, Orlando, Mário Saavedra e Sousa.

Armando Pinto

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sexta-feira, 21 de julho de 2023

Lembrando o heróico Presidente Portista Dr. Ângelo César Machado - na efeméride da sua reeleição entre os mandatos de 1938 a 1940!

Neste espaço de memorização portista, de boas memórias e sobretudo para avivar factos dignos de virem à tona do conhecimento, recuamos desta vez até eras dos tempos político-sociais do Estado Novo. Vindo a talhe recordar a figura do Dr. Ângelo César Machado, a propósito da efeméride de sua reeleição para Presidente do Futebol Clube do Porto.

Com efeito, a 21 de julho de 1939 Ângelo César foi reeleito presidente do FC Porto, cargo que ocupava desde o ano anterior, nesse tempo em que os mandatos presidenciais no FC Porto estavam estabelecidos de curta duração. Este advogado, natural do concelho de Resende, era o líder do clube quando os Dragões conquistaram o primeiro bicampeonato, em 1938/39 e 1939/40, e distinguiu-se como um feroz combatente da centralização dos poderes do futebol em Lisboa, que então já se verificava. A atuação de Ângelo César em diversos conflitos com a Federação Portuguesa de Futebol culminou com a sua irradiação, no verão de 1940. Como alvo a abater pelo sistema BSB, tornando-se figura de ataques martirizantes pela causa azul e branca.

Figura sociável da cidade do Porto, onde se radicou, e personagem da vida nacional, tinha raízes da zona de transição duriense e beirã ribeirinha do rio Douro, pintada de cores de vinhas e cerejas, sendo natural de Anreade, concelho de Resende, distrito de Viseu. Onde, na antiga freguesia desse nome, Anreade (e não Andrade, como aparece em várias alusões sobre o mesmo), atualmente da União das freguesias de Anreade e São Romão de Aregos, nasceu a 4 de março de 1900 na Casa de Santo António do Muro/Casa da Granja – mansão familiar da qual depois o Dr. Ângelo César Machado foi proprietário (e atualmente, nos inícios do séc. XXI, é propriedade dum seu sobrinho).

Ora, antes disso, a 5 de setembro de 1938 Ângelo César Machado, notável portista, advogado, poeta e escritor, havia sido eleito pela primeira vez presidente da Direção do FC Porto. Tendo tomado posse no imediato dia 9, do mesmo nono mês, desse ano. Tendo esse seu primeiro mandato dado início a marcante gerência que, depois com mais outro ano de presidência continuada, ficou marcado pela conquista do primeiro bicampeonato de futebol e do primeiro título de campeão nacional de andebol de 11 da história do clube. E sobretudo pela sua coragem de tomar posição ante as tropelias do sistema que já então levava tudo a eito em benefício dos clubes de Lisboa. E depois, em 1939, foi então reeleito a 21 de julho.

Antes ainda, também, entre esses períodos das gerências do Dr. Ângelo César, a 2 de Julho de 1939 o FC Porto recebeu em seu recinto de jogos e venceu expressivamente o Alavés, de Espanha, naquele que seria o último jogo internacional dos Dragões antes da IIª Guerra Mundial. Em jogo entre os Campeões de Portugal e Espanha e como tal considerado uma das primeiras tentativas duma Taça Ibérica. «O facto está registado na AT "Azul ao Fundo do Túnel", na vitrina "Vitórias Sobre a Guerra", no atual Museu do FC Porto.»

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Com essa aura histórica, o Dr. Ângelo César bem se pode considerar um bom antecessor de bons presidentes do FC Porto na luta contra o centralismo e corrupção vigente, em suma em prol da justiça diante da batota do sistema desportivo e federalismo futebolês do regime BSB.

Para boa elucidação de todo esse “ambiente”, recuperamos trabalhos merecedores de apreço noutros espaços de memorização, de modo a reforçar tal veemência, transplantando assim para aqui algo disso esclarecedor, através de descrições historiadoras: 


Assim, sua biografia está bem condensada e acondicionada no blogue Estrelas do FC P, da lavra de Paulo Moreira:


« Ângelo César Machado nasceu no dia 4 de Março de 1900 em Resende.
Foi o 19º Presidente do Futebol Clube do Porto.
Advogado profissional, o Doutor Ângelo César assumiu a presidência dos Dragões no dia 9 de Setembro de 1938, cargo que ocupou até Julho de 1940.
Nos dez meses (N. R.: aliás mais, com o mandato seguinte) que comandou os destinos do F.C. Porto foram muitas as alterações que implementou, todas com o objectivo de reduzir as despesas já que encontrou o clube com uma situação financeira não muito saudável. Desde logo reviu o salário dos jogadores e cortou com o prémio de vitória no Campeonato do Porto, aplicou multas aos jogadores que faltavam aos treinos assim como aqueles que não cumprissem o seu dever de profissional, deu também ordem para que quando a equipa jogasse em Lisboa devia regressar ao Porto no mesmo dia, angariou-se novos sócios e foram feitas obras no Campo da Constituição para aumentar a lotação para 20 mil lugares.
No campo desportivo foi sobe a sua presidência que o F.C. Porto se sagrou pela primeira vez Bi-Campeão Nacional ao vencer os Campeonatos Nacionais de 1938/39 e 1939/40 e conquistou ainda o Campeonato do Porto de 1938/39.
Outro acontecimento que marcou a sua presidência foi a sua irradiação estipulada pela Federação Portuguesa de Futebol, já que o Doutor Ângelo César Machado era um presidente que não compactuava com as injustiças no futebol que na altura já aconteciam e era uma voz muito incomoda para o poder da capital, quer a acusar os dirigentes da F.P.F. de prejudicarem o F.C. Porto em favor dos clubes de Lisboa, assim como os árbitros. Na cidade do Porto tanto os portuenses como os próprios portistas viram essa irradiação como mais um acto de injustiça para com o clube e para demonstrar que estavam ao seu lado elegeram-no Presidente da Assembleia-Geral do F.C. Porto.
No dia 17 de Novembro de 1944 foi eleito Presidente Honorário dos Dragões.»

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Também, em vasto aspeto, é obrigatório verificar quão bem está descrita toda a ambiência relacionada com o período presidencial do Dr. Ângelo César, como ficou lavrado por Fernando Moreira em "Dragões de Azul Forte", na parte histórica do blogue "Bibó Porto, Carago":

« FCPorto – Dragões de Azul Forte

Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do F. C. do Porto 

Capítulo 4: 1931 a 1940 – À conquista do futuro; Bicampeão! (Parte XIX).


Como calar César…

A Federação Portuguesa de Futebol propôs ao seu Congresso a irradiação do Dr. Ângelo César Machado, presidente do FC Porto, por ter instado a equipa a abandonar o campo nas Amoreiras, no jogo com o Benfica para a Taça de Portugal 1938-39 (2.ª mão das meias-finais), e pelas declarações que fizera em defesa do seu clube na questão do encontro anulado com o Académico do Porto.

Ângelo César (ao jeito do que, muitos anos depois, haveria de fazer Pinto da Costa) insurgia-se contra o despotismo de Lisboa e as tentativas de colonização do Porto, contra os jogos de bastidores para prejudicar o FC Porto, contra o conluio de dirigentes alfacinhas e árbitros que, dizia, ambicionavam que Benfica, Sporting e Belenenses continuassem a dominar o futebol português. Num país em que a lei da mordaça imperava, em que a censura dominava a seu bel-prazer, em que a submissão era um tributo, espantava que César dissesse o que dizia, que tivesse a coragem que afrontava os “senhores” de Lisboa.

Foi assim, sem surpresa, que a FPF decidiu, no final da época de 1939-40, irradiar o presidente do FC Porto para… o calar! Os associados portistas, ripostando, fizeram do presidente irradiado, num acto de profundo simbolismo e grandíssimo amor clubista, presidente da Assembleia-geral do FC Porto. Para presidente da Direcção foi escolhido Pires de Lima, que era, então, um dos mais notáveis deputados da União Nacional.

Refira-se, e não deve ter sido por inocente coincidência, desde que a voz incómoda de César foi amordaçada, começou o calvário das arbitragens súcias que, de forma despudorada, prejudicavam sucessivamente o FC Porto.


Dr. Ângelo César Machado (n. Andrade (- n. r. Anreade) - Resende, 4 Mar.1900 – m. 12 Jul.1972), advogado, poeta e escritor; Presidente do FC Porto entre 9 Set.1938 e Jul.1940. Ao assumir a presidência do FC Porto em Setembro de 1938, Ângelo César confrontou-se com a necessidade de recuperar o clube de uma crise financeira sem precedentes e tomou as medidas adequadas.

• Encetou de imediato o saneamento financeiro de que encarregou o tesoureiro da sua Direcção, José Donas. Do programa constava a revisão de ordenados de jogadores, a anulação de prémios de vitória no Campeonato Regional, pelo estabelecimento de multas quando se verificasse que o jogador não cumpria, com brio desportivo, o seu dever, ou quando faltasse aos treinos; estipulou-se que a equipa devia regressar ao Porto no mesmo dia (sempre que jogasse em Lisboa), promoveu-se a captação de novos associados e o aumento de quotizações, etc. Determinou obras no Campo da Constituição para aumentar a capacidade para 20 mil espectadores

• Todavia, o que marca a presidência de Ângelo César são dois acontecimentos de cariz diferente:

- A conquista do primeiro Bicampeonato da história do FC Porto, nas épocas 1938-39 e 1939-40, sob o comando de Miguel Siska que ele contratou quando despediu François Gutskas.

- A sua irradiação pela FPF (Federação Portuguesa de Futebol), a pretexto de ter instado a equipa a abandonar o campo nas Amoreiras, em jogo com o Benfica para a Taça de Portugal 1938-39, e de ter proferido declarações “impróprias” em defesa do seu clube na questão do encontro anulado com o Académico do Porto na época 1939-40.

• Mas, efectivamente, a razão da irradiação estava no facto de Ângelo César ser uma voz incómoda, muito incómoda, para o poder desportivo sediado em Lisboa. Ele, que até havia sido uma figura grada ao regime político vigente, acusava publicamente o órgão federativo de favorecer os clubes da capital, insurgia-se contra as arbitragens que prejudicavam as equipas do Norte beneficiando as do Sul, clamava, em suma, por justiça, por equidade. Essa postura e o facto de a exercer, energicamente, em defesa do “inimigo” de Lisboa, o FC Porto, condenou-o à irradiação.

O grito de revolta ecoou por toda a cidade do Porto e, num acto louvável e de grande simbolismo, os associados portistas nomearam Ângelo César presidente da Assembleia-geral do clube.

• Da gestão desportiva de César, realce também para o primeiro título de Campeão Nacional de Andebol de 11 e para as contratações de excelentes futebolistas de que se destacam os jugoslavos Kordnya e Petrak e o húngaro Andrasik.

Ângelo César Machado foi agraciado com o título de Presidente Honorário do FC Porto, em 17 Nov.1944.

• Ângelo César, um notável Presidente Portista! »

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Curiosidade particular: O Dr. Ângelo César era um distinto advogado, costumando ser chamado para resolver casos até  em terras distantes da cidade do Porto, nesses tempos antigos de fracas comunicações e distanciamento também informativo e cultural. Como num caso ao tempo afamado, passado no interior da zona do Vale do Sousa, no concelho de Lousada. Tal «o facto de o Dr. Ângelo César Machado ter sido um dos advogados na sequência dos graves distúrbios no primitivo campo de futebol da Senhora Aparecida, em maio de 1932, após o jogo entre a equipa local e o Sport Lousadense. Caso que se arrastou pelo tribunal, envolvendo em honorários, só a este advogado, cerca de oito contos de réis, "o que daria para comprar uma quinta"», conforme contou o historiador lousadense Prof. Luís Ângelo Fernandes, segundo ouviu de testemunha ocular. O que diz muito da sua importância no meio da advocacia e natural jurisprudência.

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Como complemento, respiga-se outra crónica do blogue "Reflexão Portista":

« 1940, Presidente irradiado e equipa roubada

Época de 1939/40. Enquadramento - o FC Porto tinha ficado em terceiro lugar no regional, mas participou no campeonato por causa de uma manobra administrativa. A Federação Portuguesa de Futebol fez o alargamento à pressa e as portas abriram-se. Os portistas foram campeões e estiveram quase a consegui-lo sem derrotas mas, a 21 de Abril de 1940, perderam no Lumiar. O Sporting venceu por 4-3 com o golo da vitória a ser marcado a 20 segundos do fim. Ângelo César, o presidente da altura, já reclamava os privilégios dos clubes de Lisboa. Na equipa distinguiam-se os croatas Petrak e Kordnya.

= Equipa do FC Porto campeã nacional em 1938/39 =

Depois de ter conquistado os campeonatos de 1938/39 e 1939/40, o FC Porto sonhava, pela primeira vez, com o seu terceiro título consecutivo. Mas já na época do "bi" a prova teve que ser alargada de forma a repor a "justiça", após uma decisão da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) contrária à da Associação de Futebol do Porto, que colocava o Leixões no "Nacional", em detrimento dos (campeões) portistas. A ilógica da determinação federativa era tal que a formação de Matosinhos recusou o lugar, alegando que a equipa que deveria estar por direito na fase final era o FC Porto. E o FC Porto, com Mihaly Siska no comando técnico, provou então, que era a melhor equipa nacional.

FC Porto – Belenenses, 1939/40, Kordnya e o guarda-redes do Belenenses Salvador

(fonte: revista Stadium, 3 de Julho de 1940)

Na temporada de 1940/41, a FPF radicalizou as suas acções de forma a serem mais eficazes. Angelo César, presidente do FC Porto, utilizava naquela altura um discurso (idêntico àquele que viria a ser retomado por Pinto da Costa) contra os poderes instituídos em Lisboa, contra as arbitragens que prejudicavam constantemente as equipas do Norte favorecendo, por outro lado, as do Sul. E quando se levantou a grande polémica que marcou a época de 1939/40, Ângelo César clamava por justiça, mais do que nunca.

Para não voltarem a ser incomodados e ainda, por cima, obrigados a conceder-lhe razão, os senhores da FPF irradiaram o presidente portista. Os portistas elegiam simplesmente Ângelo César para presidente da Assembleia Geral, mas o grito de revolta ecoava por toda a cidade.

Por coincidência (?), desde que a voz incómoda de César foi amordaçada, começaram então as arbitragens que de forma descarada prejudicavam sucessivamente o FC Porto, como se pode constatar na consulta de qualquer jornal da época. Logo no primeiro jogo entre os "grandes", o Sporting recebeu os portistas e ganhou por concludente 5-1. Como se não bastasse o resultado ser tão desequilibrado, o sportinguista João Cruz lesionou gravemente o guarda-redes portista, Bela Andrasik, que foi evacuado para o Hospital de São José. Henrique Rosa, o homem que de negro vestido, pintou a sua actuação de verde e branco, encarregou-se de consentir o terceiro golo na sequência de um fora de jogo claríssimo e validou o quarto tento, quando o guardião Andrasik se contorcia com dores no chão, graças a duas fracturas nos ossos da face, depois da agressão de João Cruz.

A guerra Norte-Sul adensou-se ainda mais quando Carlos Pereira, a meio da época, optava por jogar no Unidos FC, um clube de Lisboa que lhe ofereceu o dobro do vencimento que auferia no FC Porto e ainda 30 contos de "luvas". A equipa portista, sempre comandada por Siska, ainda conseguiria fechar o campeonato com uma vitória de 5-2 sobre o Benfica, mas a derrota consentida no Lima ante o Sporting tinha-a já atirado irremediavelmente para fora da rota do "tri", naquele em que seria mais tarde recordado como o ano em que os árbitros viraram "anjos negros".

in Bola na Área, 10/11/2008 »

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Para finalizar, em virtude da cartilha do sistema por vezes  andar lançando atoardas de falsidades atiradas pela Internet e páginas de falsos perfis das redes sociais, regista-se ainda a folha do Dr. Ângelo César Machado como Deputado nacional, de forma a demonstrar pela narrativa oficial o que ele fez tão só em tal período de Deputado - muito depois de ter deixado de ser Presidente do FC Porto:

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Mais Curiosidades: O Dr. Ângelo César, além de tudo o que ficou relacionado com o FC Porto, foi um literato de obra conhecida e especialmente inspirador de paixão duma grande poetisa... como foi o caso passado com Florbela Espanca. Mas isso são outras histórias.

Livro da História da AJHLP publicado em novembro de 2021 =

Esteve ainda o Dr. Ângelo César como Presidente da AJHLP nos anos 50, incidindo sua ação também na Direção da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Como tal foi um dos ilustres Presidentes da história da mesma Associação incluídos na obra histórico-literária historiadora da AJHL. História ilustrada essa da Associação sob título "Eppur si muove", em cujo livro a foto correspondente foi pedida ao autor deste blogue, pela autora Dr.ª Manuela Espírito Santo, a cuja solicitação gostosamente correspondi com o respetivo envio, para o efeito (porque não havia na instituição alguma foto sua de identificação conhecida e um anterior pedido feito ao FC Porto não obtivera resposta). Ficando assim ilustrado com a imagem referida esse livro publicado em novembro de 2021.

Armando Pinto

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terça-feira, 18 de julho de 2023

Há 45 Anos (18-07-1978 / 2023) – O meu “sócio” nascido neste dia…!

 

Salvé 18 de Julho de 1978, agora lembrado em 2023.

Há 45 anos vivi um dia muito especial. Algo que não consigo descrever em poucas palavras e até mereceu como tal um dos contos do meu livro "Sorrisos de Pensamento" (publicado em 2001). Algo que recordo ainda: como pela primeira vez senti um sentimento assim ao olhar o meu primeiro filho. Sensação que não se explica mas sente, e eu senti bem!

Estava eu com 24 anos, festejados alguns dias antes. Tal como tivera outra boa sensação, pois o FC Porto havia vencido o Campeonato Nacional de futebol da época 1977/78 pouco tempo também antes, a 11 de junho, e quando fui para o hospital passar o primeiro dia de vida do meu filho recebi o jornal O Porto com a reportagem alargada desse campeonato chegado ao fim de 19 anos.

À época tentei logo inscrevê-lo como sócio, mas era preciso entregar fotos e não tinha fotografias de jeito dos primeiros dias, a não ser connosco e com familiares. Então a inscrição ficou à espera – conforme passados tempos recebi com ofício da praxe a respetiva guia e recibo. E então, após ter “tirado” uma fotografia a preceito, o cartão foi feito, passados tempos.

Também por essa ocasião no jornal O Porto veio uma nota de felicitações, por atenção e galhardia dos responsáveis do jornal do clube. Em publicação aparecida de surpresa n’ O Porto nº 1176 de 23/08/1978.


Desse princípio de vida continua bem guardado o cartão de sócio, de mais um Portista, este bem especial – Nuno Cristiano. O meu sócio, proposto por mim, naturalmente.

Armando Pinto

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sexta-feira, 14 de julho de 2023

Efeméride: Apresentação memorável de início de época futebolística da equipa do FC Porto em 1996

 

A 14 de julho de 1996, em tempo que a apresentação da equipa do FC Porto no início de cada nova época era feita com chegada de todos às Antas, quer dos jogadores como dos responsáveis, diante da multidão assistente que se aglomerava a matar saudades e a inteirar-se de novidades, aconteceu então uma das apresentações que ficaram na memória. Tendo na manhã desse dia a Família Portista sido surpreendida com a chegada de um futebolista que a imprensa nacional dava como certo no Benfica, Mário Jardel, mas que assim de virtual contratação para o clube do regime acabou por fisicamente chegar ao Porto, onde assinou um vínculo válido por quatro temporadas com os Dragões.

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Todos os anos era assim, havendo algo de similar no começo de cada época. Rumando esperanças e fé movendo os passos ao local da apresentação oficial da equipa portista do futebol sénior, para ver a equipa principal, afinal, do FC Porto, sendo o futebol o desporto rei. Bem como atualmente, com as diferenças conhecidas, acontece, mesmo apenas seguindo pela comunicação (pois agora tudo se passa longe, no Olival, para os lados de Gaia); contudo, mantêm-se as expetativas. Diferindo apenas a amplitude, através dos tempos.

Naquelas épocas de outrora, em plena cidadela desportiva das Antas, tudo se processava inicialmente no antigo confessionário dos balneários, com a equipa técnica a ser apresentada pelo presidente e pelo chefe do departamento de futebol, seguindo-se uma inicial palestra do treinador e posterior reunião de conjunto a definir as linhas mestras para a época. Até que os jogadores subiam ao relvado do estádio das Antas, perante a curiosidade dos sócios e restantes adeptos ciosos e sequiosos de ver futebol através dos jogadores do FC Porto. Muito diferente dos tempos atuais, em que a apresentação aos sócios e apoiantes acontece já com os trabalhos de preparação em curso, após treinos e estágios, metendo programa festivo deveras atrativo, como se vai verificando recentemente.

Ora, voltando a outro tempo, à época da apresentação de 14 de julho de 1996:


Não faltam fotos desses momentos, dos mais variados modos e feitios. Contudo, para assinalar mais um início de época a sério, desta feita ilustra-se esta singela memorização com uma imagem pessoal nas bancadas do estádio das Antas no dia de apresentação de há uns anos bons – quando em 1996 o autor deste blogue, mais uma vez, se deslocou propositadamente ao Porto, nesses tempos em que ainda nem havia auto-estrada de ligação do interior do distrito do Porto para a capital do Norte, por exemplo, para presenciar in loco a apresentação do FC Porto. Por sinal em dia da chegada do Jardel e entrada em cena do restante plantel que, mais uma vez teve uma grande época, depois. Entre cujo lote estava Sérgio Conceição, então a ingressar no plantel de honra do FC Porto, vindo de estada no FC Felgueiras por empréstimo, após alguns tempos de rodagem nalguns clubes.


Na pertinência, como que a dizer que vem a propósito, complementa-se pois este assinalar dessa tal vez, dum dia da apresentação, através de algumas páginas da revista Dragões, como ilustração acrescida, com correspondentes páginas de reportagem alusiva.


Atualização histórica: Jardel foi assim uma contratação bem sucedida, passando a ser um ícone do futebol portista por esses anos em que esteve no FC Porto. Participou como um dos maiores protagonistas em três títulos do inédito Pentacampeonato e arrecadou uma Bota de Ouro, enquanto jogador do FC Porto, depois de ter marcado 36 golos em 1998/99. "Voava entre os centrais e marcava golos de todos os jeitos e feitios"... Depois rumou à Turquia e no regresso a Portugal esteve para voltar ao FC Porto, inclusive chegando ao Aeroporto de Pedras Rubras de cachecol azul e branco ao pescoço, mas por teimosia do então treinador Octávio Machado e anuência dos responsáveis diretivos do clube e do futebol portista nesse tempo, acabou por não ser contratado de novo para as hostes portistas e foi para Lisboa, tendo então ido jogar de verde e ajudado o Sporting, como se sabe…

Armando Pinto
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quinta-feira, 13 de julho de 2023

Homenagem a Pinga - na passagem de 60 anos de suas exéquias... (1963/2023)

 

Quando passam 60 anos do falecimento de Artur de Sousa “Pinga”, a 12 de julho de 1963, e seu funeral no dia seguinte, algo mais há a acrescentar em sua honra, tal a dimensão desse grande ídolo do futebol e sua aura faz jus.

Assim sendo, agora que passam também 60 anos de suas exéquias, desde 1963 a 2023, merece perpetuação a memória desse vulto do desporto que mobilizou a cidade do Porto em multidão acompanhante de seu corpo até à sepultura no cemitério de Agramonte, onde ficou em coval depois beneficiado com arranjos inaugurados no ano seguinte, na sepultura então construída pelo FC Porto (até que volvidos anos passou para o Mausoléu do FC Porto, inaugurado em 1968, no mesmo campo santo portuense). Cujo funeral foi descrito no jornal O Porto com enumeração, calcule-se, de inúmeros exemplos de gente portista, entre nomes que foi possível tomar nota pelo redator da reportagem, ocupando duas páginas do mesmo periódico oficial do Clube. Mais uma narrativa do próprio acompanhamento fúnebre.  

Na oportunidade desta lembrança, acresce ser pertinente memorizar seu percurso, neste caso através de um livro editado ainda em tempo de início de sua carreira. Um pequeno volume integrante da antiga “Coleção AZES”, publicada na década dos anos trinta.

A Coleção “AZES” foi uma publicação de Artur Oliveira Valença, “jornalista, escritor, editor, costureiro e empresário”, que entre diversas outras ações «em 1921 fundou o “Sporting”, Jornal Desportivo, o primeiro jornal desportivo bissemanário portuense que mais tarde deu origem ao mesmo, e foi o primeiro jornal desportivo diário português, durante 32 anos, sendo encerrado pela polícia política do antigo regime político português – segundo testemunho de um sobrinho-neto, Joffre Justino, em artigo ”O meu tio avô Artur Valença também um Preso Politico do Fascismo! (primeira prisão (?) 14 de Novembro de 1958)”, na sua página informática “Estrategizando - Notícias, Reflexão e Ação”. O qual também acrescenta que ele foi «editor e autor da várias publicações de temas e edições literárias dedicadas aos desportos Portugueses, tendo mesmo editado uma coleção com o nome “Azes”, da qual era o autor…» Em cuja série conseguiu publicar 7 livros, dedicados a desportistas de ciclismo, boxe e futebol, dos quais o n.º 7 foi dedicado a Pinga. Facto que merece relevo atendendo a que nessa coleção, além de terem sido dedicados números a desportistas de outros clubes, foram publicados também outros sobre Valdemar Mota e Álvaro Pereira, do FC Porto, sabendo que «Oliveira Valença foi ainda Presidente do Boavista Futebol Clube, que com ele na presidência passou para a camisola actual de xadrez preto e branco… e foi um dos principais lutadores contra o antigo regime…»

Ora, desse pequeno livro, publicado em 1935, em género de revista, é possível uma visão interessante, por meio de fotocópias coloridas constantes no arquivo aqui do autor destas linhas, graças a oferta de um amigo, possuidor dum exemplar original, que amavelmente ofereceu cópias digitalizadas vertidas para papel (e que pela raridade será melhor nem mencionar para não ser incomodado com mais pedidos). Como se pode ver por partilha de imagens de suas páginas.


Assim, tal como por este meio se consegue conhecer a história dos primeiros tempos da carreira desportiva de Pinga, também se fica com sabor de quanto valiam os antigos livrinhos dedicados aos desportistas. Neste caso acrescido de particularidades, tal o curioso facto de um amor platónico duma jovem por Pinga, quase à espécie dum "Amor de Perdição", naturalmente diferente em distância de tempo e resultados com a trama da célebre obra Camiliana desse título, mas de igual modo a puxar ao sentimentalismo.

Armando Pinto

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quarta-feira, 12 de julho de 2023

Juniores de futebol e Seniores de hóquei em campo Campeões Nacionais de 1964 no 1º aniversário do falecimento de Pinga

A 12 de julho de 1964, em pleno domingo soalheiro e dia em que fazia um ano que falecera Artur de Sousa “Pinga”, grande astro do futebol portista e nacional (e que ia então passar a ter homenagem histórica com atribuição de seu nome ao galardão máximo de reconhecimento do clube), o FC Porto sagrou-se pela segunda vez Campeão Nacional de Juniores de futebol, ao vencer na final em Leiria o Sporting. Ficando na memória essa forte equipa portista, composta por Sousa (guarda-redes), França, Luís Pinto, Alves e Sucena (defesas), Dario, Baptista (médios), Silva, Artur Jorge, Ernesto e Lázaro.

Tinha o FC Porto uma forte equipa, a ponto que conseguiu finalmente suplantar as adversidades e concorrências tradicionais, tamanha a dimensão desse grupo, incluindo uns Ernesto, Artur Jorge, Lázaro, Sucena, Luís Pinto, Vieira Nunes, Silva, todos eles depois chegados à categoria sénior em bom plano. Mais outros como o guarda-redes Sousa, que era uma ridente promessa, bem como Dario, Assunção, Mário Leite e Alves, etc. Sob orientação do treinador Artur Baeta. e direção do responsável do Pelouro, Alfredo Caetano. 


Agora, na lembrança desse título conseguido em 1964, regista-se o facto com imagens e recortes do jornal O Porto, para melhor ilustração memorial de tão importante vitória. Como foi a obtida brilhantemente na final, em Leiria, ao derrotar o Sporting por 1-0, com golo de Ernesto (que mais tarde chegou a alinhar na equipa principal de seniores).

Então, no mesmo dia, em que no centro do país os jovens portistas se sagraram Campeões, houve na Capital do Norte também uma homenagem de saudade ao falecido ídolo “Pinga”, mediante romagem até junto ao local de sua sepultura, onde repousavam seus restos mortais ao tempo (mais tarde trasladado que foi seu corpo para o Mausoléu do FC Porto). 

Entretanto também os hoquistas seniores de Hóquei em Campo se sagraram Campeões Nacionais. Assim sendo, juntando os dois títulos houve dias depois uma homenagem conjunta promovida pela Direção do FC Porto, na quarta-feira seguinte, em festival desportivo de consagração no Estádio das Antas, sendo colocadas as faixas de campeões aos futebolistas juniores e também aos seniores da modalidade hoquista de campo grande. 

O FC Porto sempre foi uma boa escola de valores!

Armando Pinto

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