Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Efeméride eterna dos 4-0 ao Benfica no tempo do antigo regime - em 1971

Estava-se no último dia de janeiro de 1971, um domingo que era também o último santificado Dia do Senhor do primeiro mês do ano primeiro dessa década. Em tempo de antigo regime em que quase tudo girava em torno da capital do país, com televisão e tudo mais a enquadrar o panorama português. Disputando-se na tarde desse domingo um interessante jogo que trazia ao Porto a equipa do Benfica, mais uma vez em tal superioridade que se deslocava em despreocupada entrada em campo. Só que, dessa vez, algo aconteceu…

Então, Benfica de Eusébio e companhia saiu vergado das Antas por 4-0 graças a um póquer de Lemos. O pequeno grande avançado portista - que já havia bisado no clássico da primeira volta - arrasou por completo a defesa encarnada e assinou uma página inesquecível na história do FC Porto. No final, o “Müller português” levou para casa quarenta contos (dez por cada golo), mais cem contos em tintas da "Dukaline", firma que ao tempo era anunciada em todos os jogos nos altifalantes do estádio) e ainda foi presenteado com eletrodomésticos por uma loja da Invicta, recebendo mais precisamente um frigorífico, uma máquina de lavar louça e um gira-discos (coisas que ao serem anunciadas pelos altifalantes do estádio, antes do início do jogo, para quem marcasse 3 ou mais golos do Porto, até provocaram sorrisos e risadas entre o público, mas no fim fizeram parte da grande euforia vivida). Cujos prémios depois foram distribuídos entre companheiros da equipa.

Pois foi, nesse que foi o jogo da vida de Lemos e de muita gente mais, houve essa surpreendente marca no resultado, pelos números que não no resto. Sabendo-se que o Benfica apenas passeava superioridade por evidente proteção do regime, como era conhecido o facto de bastar os defesas vermelhos levantarem o braço em investidas dos adversários para os árbitros marcarem foras de jogo, assim como eram inventados penaltis quando a equipa do sistema encarnado precisava (não mais esquecendo o penalti inventado por Reinaldo Silva que tirou ao FC Porto o título nacional de 1962 /63, assim entregue ao Benfica).

Lemos, que havia marcado nessa época de 1970/71 no estádio da Luz já na 1ª volta do campeonato os 2 golos portistas do empate a dois golos, alargou a conta com mais quatro nessa tarde de glória no estádio das Antas. Em dia que era de festa também por ser de homenagem ao Presidente Afonso Pinto de Magalhães, que estava praticamente a despedir-se da gerência do clube.

Sintomático da envolvência com que o acontecimento se revestiu, na edição do jornal O Porto, órgão oficial do clube ao tempo, foi narrada a euforia do cometimento esquecendo a ficha do jogo, por ocupação de espaço para o feito de Lemos e significativa homenagem ao “Timoneiro do clube”.

Com esse enfoque ganho o então jovem Lemos mereceu alguma atenção da imprensa lisboeta, tendo tido destaque de capa e espaço interior na revista “O Século Ilustrado”, embora com um título interior e referências a remeter para sua antiga simpatia pelo Benfica, quando estava ainda na sua terra natal, em Angola.

Após isso, Lemos foi chamado à Seleção Nacional de Esperanças, quando se esperava que fosse incluído na Seleção A… E que falta fez em jogo que Portugal perdeu em Bruxelas por 3-0 diante da Bélgica, de apuramento para o Europeu, enquanto conseguiu ser bem útil na vitória da equipa portuguesa das Esperanças sobre a Espanha… por exemplo.

Depois é sabido o que aconteceu, mais para diante, com um castigo que lhe foi aplicado de 4 jogos sem jogar, mediante expulsão ocorrida no jogo em casa da CUF do Barreiro, quando ia à frente dos goleadores do campeonato, quase no final do mesmo. E volvidos tempos foi mobilizado para a guerra colonial, indo destacado para a Guiné.

Pese tudo isso, esse 31 de janeiro ficou para a história. Tal como no Porto se dera o 31 de Janeiro da Revolta de 1891, numa tentativa de alterar a situação política vigente nesses lustros, em 1971 Lemos, Custódio Pinto, Pavão, Rolando, Abel, Nóbrega, Valdemar, Manhiça, Rui, Leopoldo, Gualter, Bené e Ricardo derrotaram o sistema reinol, dentro do que ainda era possível por essa época.

De Lemos, o herói dessa grande alegria que tivemos, guarda o autor destas lembranças uma foto autografada pessoalmente nesse tempo (e uma outra recebida de oferta mais tarde por meio de um amigo). E sobretudo está bem gravado no íntimo cá de dentro o que foi sentido ao ouvir o relato desse jogo, de ouvidos atentos cá longe e imaginação sentimentalmente perto.  


Armando Pinto

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domingo, 30 de janeiro de 2022

Evocação de José Monteiro da Costa - na efeméride do falecimento do refundador do FC Porto

 

A 30 de Janeiro de 1911 faleceu José Monteiro da Costa, desaparecendo cedo esse que foi obreiro do renascimento do FC Porto em 1906. Tinha apenas 29 anos, mas, apesar de tão curta passagem pela vida, ficou eternizado na história do grande clube que conseguiu fazer sobreviver ao tempo.

Assim sendo, como refundador do FC Porto, José Monteiro da Costa tem lugar perene na memória Portista e na admiração do universo da nação azul e branca. Motivo porque, desta feita, a efeméride de seu falecimento é mote para mais uma vez aqui ser evocado, merecedor como é de ser sempre relembrado.

Armando Pinto

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sábado, 29 de janeiro de 2022

In Memoriam de Afonso Pinto de Magalhães

A 29 de Janeiro de 1984 faleceu Afonso Pinto de Magalhães, antigo Presidente do Futebol Clube do Porto, grande clube que ele engrandeceu nas suas funções de dirigente durante anos em diversas funções e por fim como Presidente da Direção entre 1967 a 1972. Entretanto honrado com a categoria de Sócio Honorário, por deliberação da Assembleia dos sócios em 13 de julho de 1962 e mais tarde como Presidente Honorário também do FC Porto, título com que foi agraciado por aprovação dos sócios em Assembleia Geral (ao tempo ainda chamada de Assembleia Delegada) de 29 de janeiro de 1971, e atribuição no dia seguinte em jantar de homenagem, realizado no pavilhão polivalente das Antas a 30 de janeiro (véspera do jogo dos 4-0 ao Benfica, com 4 golos de Lemos). 










Além de sua prestigiada folha de serviços no âmbito social, como banqueiro e homem de negócios criador de famosos grupos empresariais, mais atividades no aspeto altruísta de apoiante das artes e de necessitados, incluindo a criação do Lar do Comércio, assim como seu papel de benemérito do clube de futebol da sua terra, o Arouca, e ainda  instituições culturais do Porto,  interessa para o caso aqui focar apenas a sua função elevada de Homem do FC Porto. Tendo como dirigente do FC Porto começado por ser Presidente do Conselho Fiscal em 1955/56 e 1965/66. Ficando para a história o caso de ter sido ele o responsável pela vinda de Dorival Yustrich, o treinador da vitória no Campeonato Nacional de 1955/56. Depois, em 1965, estando o clube inundado em dívidas, após a presidência de Nascimento Cordeiro (período tingido extensivamente pela venda de Serafim ao Benfica), Afonso Pinto de Magalhães fez parte do triunvirato salvador, havendo ele, junto com Cesário Bonito e Ponciano Serrano, conseguido atenuar essas dívidas. Até que em 1967 assumiu a presidência do clube e logo tratou de organizar uma campanha com a finalidade de chegar aos trinta mil sócios, quando o FC Porto não tinha ainda nem vinte mil. Objetivo que depois, passados apenas alguns meses, foi alcançado. Sendo então no seu mandato que foram construídas as piscinas (a inicial descoberta e a definitiva já coberta), o pavilhão de treinos das modalidades ditas amadoras, as amplas bilheteiras em frente ao estádio, a remodelação dos espaços do departamento de futebol, incluindo o átrio de entrada social no estádio (entre outras edificações do espaço envolvente do estádio das Antas, ao tempo considerado então como Cidadela Desportiva das Antas), mais a instalação da Sala-museu do FC Porto, de guarida expositora de todos os  troféus até aí conquistados e objetos históricos do clube, mais a galeria de quadros dos Internacionais de futebol e dos atletas Olímpicos (no edífício-sede, na Praça do Município); e ainda a construção, em 1968, do Mausoléu do clube no Cemitério de Agramonte, onde repousam alguns portistas considerados como Glórias do FC Porto. Assim como teve a iniciativa do primeiro posto de venda de produtos alusivos ao clube, com a criação do postigo de informações e vendas, junto às bilheteiras alinhadas na praceta em frente ao estádio, para prestar todas as informações necessárias e proporcionar aos adeptos desejadas compras de flâmulas e de literatura portista, etc. Sem esquecer que durante a sua gerência fixou importante cunho tendente à identidade mística do simbolismo portista, com a gravação em discos de vinil do Hino do FC Porto em harmonização e instrumental da Grande Orquestra Sinfónica Ligeira, dirigida por Carlos Dias, e declamação do poema Aleluia, do celebrizado poeta Pedro Homem de Melo, recitado pelo então famoso ator e declamador Manuel Lereno, sob fundo musical de piano tocado por Carlos Dias. Tal como esse poema heroico Aleluia foi colocado num painel de azulejos em pleno átrio de entrada de honra no estádio das Antas, entre o bar então existente ali e a entrada para os balneários e também junto do acesso ao túnel de ligação ao relvado para a entrada da equipa em campo. Bem como criou o "Troféu Futebol Clube do Porto", cujo original estava patente em coluna apropriada no átrio social do estádio (galardão que chegou a ser atribuído a importantes colaboradores do clube, mas na presidência seguinte ficou quase esquecido, do mesmo modo que com Américo Sá nem o Troféu Pinga teve atribuição e acabou por deixar de existir, afinal...). Tal como, nesse amplo corredor da entrada, no tempo de Pinto de Magalhães foram afixados quadros emoldurados com figuras icónicas da vida do clube, entre outras iniciativas marcantes.

Na parte desportiva, houve na sua gerência também salientes vitórias em diversas modalidades e nas camadas jovens do futebol, embora no escalão sénior do futebol não tenha conseguido atingir maior sucesso, além da obtenção da conquista da Taça de Portugal em 1968. 

Após esse período histórico, decidido a não continuar, findou essa missão em 1971/72, época em que cedeu o lugar a um novo presidente, havendo então a escolha dos associados recaído em Américo Sá. Enquanto como presidente cessante Pinto de Magalhães recebeu dos diversos órgãos do clube variadas homenagens, incluindo um monumento que estava no aparcamento de entrada das Antas, entre a portaria e o monumento ao Pavão.

Após isso, e com as mudanças político-sociais acontecidas no país, Pinto de Magalhães passou posteriormente alguns anos no Brasil, acabando por regressar mais tarde ao país natal, onde faleceu no Porto, a 29 de janeiro de 1984.

Natural de Arouca, em que nasceu na freguesia do Burgo, atual União das Freguesias de Arouca e Burgo, daquele concelho da Área Metropolitana do Porto, Afonso Pinto de Magalhães foi batizado na cidade do Porto, onde se arreigou. Acabando seus dias também na cidade Invicta, em cujo campo santo de Agramonte ficou sepultado, em jazigo de família.

A sua ação como Presidente do FC Porto ficou registada em diversos livros e brochuras, tal como o facto de ter sido vítima da situação política do tempo, após o 25 de abril de 1974, mais o que de seguida resultou no caso que acabou por lhe fazer justiça, passou à posteridade em volumoso livro raro. Fazendo essas publicações parte da biblioteca particular do autor destas remembranças. E assim dessas mesmas são as ilustrações correspondentes, deitando os olhos a algo do que sobre ele há publicado em livros, brochuras e revistas (sem contar obviamente artigos e reportagens de jornais), entre estimações in libris. Porque quem faz parte vincada do mundo grandioso do FC Porto merece ficar dignificado na Memória Portista.








*****

NOTA BENE - Como complemento, recorde-se outos artigos aqui publicados neste blogue, entre os quais, além de alguns sobre efemérides, também por exemplo estes (clicando em):

https://memoriaporto.blogspot.com/2016/11/pinto-de-magalhaes-um-homem-do-porto.html

e

https://memoriaporto.blogspot.com/2018/05/efemeride-inicial-tomada-de-posse-como.html

Armando Pinto

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Despedida à senhora D. Amélia Canossa - eterna cantora do Hino e da Marcha do FC Porto

Decorreu esta sexta-feira a encomendação religiosa e seguinte funeral da grande cantora portista Maria Amélia Canossa. Cuja despedida do mundo do cimo da terra tem razão de aqui ficar registada por a sua urna ter estado coberta com a bandeira do FC Porto. O que significa muito.

Com todas as atenções e emoções verificadas anteriormente diante do conhecimento da morte da tão familiar cantora do Hino do FC Porto, sobretudo, mas também da Marcha, canções popularizadas na timbrada voz da “sempre nossa Maria Amélia Canossa", chegou a ocasião da despedida. Nesta Sexta-feira de aproximação a mais uma jornada do campeonato de futebol que tem estado entusiasmante, mas também de expetativa pelos dias finais do mercado de inverno das vendas e compras de jogadores do futebol sénior. E com todo o mundo expetante perante o natural pensamento se o Luiz Diaz irá ou não sair, caso haja negócio, que pode ser aceitável ou não mediante os números monetários envolvidos, estando especialmente em causa se a equipa vai ser ou não enfraquecida nesta altura do campeonato, a vida teve e tem de continuar, para além da morte, e logo uma assim tão sentida.

Pois então, podendo estar apenas presente em espírito (aqui o autor destas linhas, eu), por naturais motivos de distância e outras condicionantes, que também metem cautelas de saúde, mesmo assim o pensamento foi voando até à igreja das Antas, onde decorria o cerimonial fúnebre da nossa Maria Amélia Canossa. E então, através de um amigo residente na cidade Invicta, a quem solicitei informações na hora, fui tendo conhecimento e acompanhando dentro do possível. Sendo graças ao envio do amigo Paulo Jorge Oliveira que tive acesso às imagens que se prestam a condizente reportagem.

Ali, diante do féretro, além de haverem passado muitas pessoas de afeição portista, também estiveram presentes figuras conhecidas do clube, como o Eng.º Luís Gonçalves do departamento de futebol, mais o ”Bibota” e atual diretor Fernando Gomes, mais o também membro diretivo Alípio Jorge e alguns futebolistas, como o Gabriel, por exemplo. E representantes das duas claques oficiais do FC Porto, que lhe prestaram devida homenagem com adereços alusivos colocados na frontaria da igreja e saudação de fumos azuis e brancos. Depois o carro fúnebre com a urna saiu da igreja das Antas em direção ao Dragão, indo dar uma volta ao estádio, seguindo por fim para o crematório de Paranhos.

Descanse em paz, para sempre nossa Maria Amélia Canossa!

Armando Pinto

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

“Calcanhar de Falcao ao Benfica”: o golo mais bonito do FC Porto desde 2000

Entre prémios e distinções no mundo do futebol, há galardões que vão ficando mais na memória. Além dos prémios de melhores de cada jogo e melhores do mês, sucessivamente, e de outros de maior extensão de tempo, e sem contar aqueles internacionais que estão fadados para serem atribuídos a jogadores dos clubes mais ricos e dominadores dos bastidores, há os que têm mesmo mais valor para o simbolismo clubista, sem favores mas apenas por mérito, ainda que de valorização mais restrita.

Assim sendo, tal como em tempos recuados ficaram na retina e ainda são recordados prémios de reconhecimento, ao longo dos tempos, quer através de órgãos de comunicação do Norte como do Sul, por exemplo, a futebolistas como Pinga, Siska, Araújo, Hernâni, Virgílio, Américo, Custódio Pinto, Rolando, Cubillas, Gomes, etc, por terem sido atribuídos a furar autenticamente o regime, nos tempos do reinol sistema BSB; também ficam na memória idênticos atos de nível mais interno, como foram e são as votações no âmbito do futebol portista. Pese as naturais opiniões divergentes, porque por norma as votações atuais tendem mais a ser pelo prisma das gerações que não viram nem acompanharam os astros de tempos de outrora. Contudo, desta feita, tratando-se duma apereciação e consequente votação relativa apenas ao século XXI, desde o ano 2000 até aos dias de hoje, torna-se mais consensual.

Ora, desta feita, houve uma votação dos leitores do jornal O Jogo sobre os golos do século XXI, marcados por futebolistas do FC Porto. Sendo lembrados então alguns dos grandes golos do FC Porto neste milénio, com a escolha dos leitores a recair no golo de calcanhar de Falcao ao Benfica, como o golo mais bonito a favor do FC Porto desde o ano 2000. Na era do treinador Villas-Boas e C.ª.  Como golo de belo efeito e nota artística, não o mais emotivo  –  que esse é sem dúvida o do Kelvin, no eterno minuto 92 !

Disso, para constar e ficar desde já memorizado, se respiga no que o próprio jornal O Jogo, edição desta quinta-feira 27 de janeiro de 2022, ficou à vista das apreciações.

Armando Pinto

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Homenagem à “Sempre Nossa Maria Amélia Canossa”!

Depois da inesperada notícia do falecimento da “sempre nossa Maria Amélia Canossa” (como era apresentada apoteoticamente em palco na apresentação do Hino do FC Porto aquando do surgimento por ocasião da campanha para a construção e seguinte conclusão do estádio das Antas; qual genérico que deu título ao livro que sobre ela foi escrito, mais tarde), conforme ficou aqui exarado em artigo no próprio final do dia, a dar nota de seu falecimento, é agora tempo de a lembrar através de mais testemunhos. Desta vez por escritos que ficam a fazer memória de sua ligação ao nosso mundo portista.

Assim sendo, transcreve-se aqui a sua mais sintomática entrevista publicada num dos órgãos informativos ao tempo do FC Porto, por acaso também a mais atualizada, publicada na revista Mundo Azul, do Conselho Cultural do FC Porto, em seu número 9, ano 1, de novembro de 2009.

Com essa sintonia, recorda-se ainda a ocasião em que me encontrei com tão simpática senhora, autêntico ícone da memória portista e de boa memória também pessoal (como me lembro de quando comecei a conhecer “o Hino do Porto” por a ouvir no radio, pelos emissores do Norte Reunidos, era eu ainda criança de escola…). Ficando por fim do dia em que ela autografou meus discos (como anotei aqui no anterior artigo) umas fotos que fazem parte do álbum particular.

Como atualização, no âmbito do desaparecimento da sua voz melodiosa, à qual em coro o ambiente portista junta a voz coletiva quando o FC Porto entra em campo ou no início e fins de eventos variados da atividade onde pulsa portismo, memoriza-se também uma das crónicas da necrologia com que foi referenciada na imprensa. Dando como exemplo a caixa alusiva publicada no jornal O Jogo (por ter sido o jornal que neste dia chegou às mãos aqui do autor).



Observação: Relativamente à referência publicada no jornal O Jogo, como aliás noutros órgãos de informação, foi entretanto feita uma correção através de informação do filho da D. Maria Amélia Canossa, no seguimento de informação pública sobre o velório e funeral de sua mãe. Informando então, no facebook, que «o velório vai ocorrer na Igreja das Antas a partir das 15 horas do dia de amanhã (quinta-feira). As cerimónias fúnebres terão também lugar na Igreja das Antas às 15 horas de sexta-feira, seguindo depois para o cemitério de Paranhos para ser cremada. 

Aproveito a ocasião para corrigir uma informação que anda a circular de que a minha mãe se encontrava numa Lar em Mafra. De facto ela estava num lar mas em Barcelos, "Hotel Lar Condes de Barcelos", agradecendo desde já à sua equipa e à sua diretora todo o carinho e dedicação que tiveram para com ela durante o tempo que lá permaneceu.»

Armando Pinto

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Até sempre Maria Amélia Canossa, a” sempre nossa”… voz do Hino do FC Porto !

25 de JANEIRO DE 2022

Faleceu esta terça-feira, 25 de janeiro de 2022, Maria Amélia Canossa. Partiu uma voz invulgar, uma timbrada voz tão admirada por nós e para sempre a voz do Hino e da Marcha do Futebol Clube do Porto.

Era a sempre nossa Maria Amélia Canossa mesmo uma pessoa especial, muito apreciada, para além de sua bonita voz que entrava bem dentro de nossos sentidos. 

Podendo agora eu testemunhar seu carisma pela recordação dum encontro pessoal tido com ela aquando de uma das edições anuais do Dia do Clube, no Dragão. Tendo dessa ocasião guardado como terna e eterna lembrança os autógrafos que ela teve a gentileza de escrever nas capas de dois discos que levei comigo, para o efeito, sabendo que ela ia lá estar, como era costume nesses eventos. Havendo então ela ficado encantada por eu ter esses discos antigos, assim estimados. Bem como gostou de saber que eu tinha o seu livro e outras coisas. Tal como eu gostei logo tanto e agora tenho tanto gosto de ter essas suas dedicatórias autógrafas, entre o meu acervo de estimação.

Para registar o facto, de sua morte, transcreve-se para este efeito a informação oficial transmitida ao final do dia, já em plena noite, conforme foi e está publicado na página do clube, em fcporto.pt:

« 25 DE JANEIRO DE 2022 23:26

Voz do hino do FC Porto desapareceu esta terça-feira aos 88 anos

Morreu a cantora que deu voz ao hino do FC Porto. Maria Amélia Canossa faleceu esta terça-feira e deixou para trás um legado de 88 anos de amor ao azul e branco que culminou com a gravação do hino pela primeira vez no longínquo dia 31 de março de 1952.

Nascida no seio de uma família portista em outubro de 1933, a Princesa da Rádio começou a frequentar as bancadas do Campo da Constituição com apenas seis anos, pela mão do pai e do avô, em tempos bem diferentes da história do FC Porto. Pouco depois, ainda muito jovem, começou a colaborar com a Rádio Clube do Norte e deu início a uma carreira intrinsecamente ligada à grande paixão da sua vida. 

No equador do século XX deu a cara e a voz nos espetáculos de angariação de fundos para a construção do Estádio das Antas, que tiveram lugar na nave central do Palácio de Cristal, e foi aí que germinou a Marcha do FC Porto, de que também é intérprete. O ex-libris do seu repertório musical viria a surgir praticamente de imediato.

Numa entrevista concedida em 2009 levantou o véu sobre o nascimento de uma obra-prima: “Queria um hino que, aos primeiros acordes, fosse um hino vencedor. Que até os jogadores, ao entrarem em campo, sentissem um impulso que lhes desse força e um hino que transbordasse poder”. Assim foi.

Com a preciosa colaboração do poeta Heitor Campos Monteiro e do compositor António Figueiredo e Melo, Maria Amélia Canossa estreou-se a entoar o hino do FC Porto com apenas 18 anos, em pleno Coliseu, e logo mereceu uma ovação de pé da plateia. Voltaria a cantar na inauguração das Antas, poucas semanas volvidas, para gáudio da multidão ali presente.

O sucesso da sua maior criação é tão grande que os anos passam e o hino mantém-se intacto. Em vésperas de se assinalarem sete décadas desde o lançamento dos acordes da vida de Maria Amélia Canossa e do FC Porto, a cantora desaparece para tristeza de todos aqueles que - como a própria - amam o clube.

Neste momento difícil para todos, o FC Porto solidariza-se com os familiares e amigos, endereçando-lhes as mais sentidas condolências.»

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Está assim de luto o mundo portista, todo o universo do FC Porto.

Até sempre, D. Maria Amélia Canossa. Que para sempre “ É do Porto e sempre nossa”!

Armando Pinto

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