O F C Porto já bateu outra marca: a de 121 anos de vida,
número em que é o clube com futebol de alta competição atualmente mais antigo de
Portugal. Algo que não convirá aos adversários rivais aceitar de bom grado, por
os seus clubes terem resultado de fusões tardias, ao passo também que o F C
Porto não foi planeado nas traseiras de uma "pharmácia" nem o nosso
fundador precisou de pedir dinheiro ao avô... como dizem os livros.
Mas porque o que nos importa é o que mais nos diz respeito,
interessa que nos 121 anos entretanto decorridos o F C Porto foi também o
primeiro campeão de Portugal em futebol, precisamente no ano de 1922, em que um
futebolista do clube, Simplício, criou a versão mais completa do emblema do F C
Porto; bem como o clube era já titular também desde cedo noutras modalidades.
E, com destaque, teve em 1921 o 1º internacional, Artur Augusto, na primeira
equipa que usou camisolas representativas da nação; tal qual o 1º olímpico,
Valdemar Mota, na equipa nacional presente nas Olimpíadas de 1928; enquanto depois,
no decurso dos tempos, foi tendo jogadores de grande fama, como foram Pinga, Siska,
Araújo, Barrigana, Hernâni; teve o mais internacional até à década de
cinquenta, Virgílio Mendes; teve em 1958, através de Hernâni, Arcanjo e
Barbosa, honrosa representação na seleção Militar que venceu o respetivo
Europeu da classe; assim como em 1961 idem na conquista do Europeu de juniores,
através do treinador Pedroto e dos atletas Rui e Serafim; ano em que o clube
teve o seu primeiro goleador, Azumir, premiado por um jornal com uma “bola de
prata” de melhor marcador do campeonato; como, volvidos anos, o clube teve o guarda-redes
que pela primeira vez ganhou um trofeu de guarda-redes menos batido, Américo, o
qual conquistou a “Baliza de Prata”, em 1965, e mais tarde, em 1968, foi
considerado o melhor do campeonato, pontuado como vencedor do 1º Prémio Somelos-Helanca...
...Enquanto, de permeio, o clube esteve representado na primeira presença
portuguesa num Mundial de futebol, em 1966, com Festa, efetivo, e Américo e
Custódio Pinto, integrantes do lote mas não utilizados na fase final; tanto
como em 1969 o F C Porto teve os primeiros campeões europeus formados no clube,
como foram Cristiano, Fernando Barbot e António Júlio, salientes membros da
seleção portuguesa que conquistou o Europeu de juniores em hóquei em patins;
depois em 1984 houve a conquista da primeira “Bota de Ouro” de Fernando Gomes; ainda
João Pinto chegou a ser o futebolista com mais internacionalizações pela seleção
A; em 2004 o reconhecimento de Vítor Baía como melhor da Europa, etc. etc.
Isto em traços largos e muito sucintos, de tanto mais com
que o F C Porto se tem coberto de glória nos mais diversos campos e lugares.
Tantas e tantas páginas de histórias estão encerradas nos
muitos livros escritos ao longo destes 121 anos, ora comemorados com pompa e
circunstância. Como ocorreu no próprio dia, domingo dia 28, num programa que
foi do conhecimento público.
Na ocasião, para lá de tudo o mais, teve certo destaque uma
entrevista prestada em exclusivo ao Porto Canal pelo presidente Nuno Pinto da
Costa. Cuja mediatização obviamente chegou aos jornais e inclusive a outros canais de televisão.Algo de realçar porque Pinto da Costa nos tempos mais recentes não tem
estado tanto em foco como antes. Chegando finalmente uma tomada de posição
superior, apesar de não tão incisiva como acontecia noutros tempos.
Assim, desta vez, embora Pinto da Costa tenha distribuído
recados por outros prismas, chegando a assuntos sociais sem relacionamento ao
clube, foi tocando na ferida que vem infetando o panorama do futebol nacional,
especialmente. Até que clamou: «A história deste campeonato é igual à do ano
passado, só que este ano começou mais cedo. O ano passado, ao quinto jogo,
empatámos 2-2, com um dos golos resultante de um penálti fora da área; este ano
foi uma jornada mais cedo: um penálti não assinalado e golo mal anulado.
Veio-me à ideia o jogo do Estoril. No ano passado foi o senhor Rui Silva o
árbitro, que depois desceu de divisão; este ano, o árbitro foi o senhor Paulo
Batista, que desceu de divisão e que depois foi repescado. Num Guimarães-FC
Porto, ambos líderes na altura, foi nomeado um árbitro que desceu de divisão e
que depois foi repescado…»
= Uma das imagens num dos espaços interativos do museu do F C Porto, onde passam caras e temas de interesse histórico, do percurso glorioso do F C Porto. Neste caso uma equipa do tempo do guarda-redes Armando, e dos famosos Pinto, Pavão e outros (vendo-se, a partir da esquerda, em cima - Pavão, Manhiça, Vieira Nunes, Albano; Gualter e Armando; em baixo - Abel, Custódio Pinto, Chico Gordo, Bené e Eduardo Gomes).
Enquanto isso, ao correr da mesma conversa televisiva, Pinto da Costa naturalmente referiu-se ao Museu do F C Porto,
na celebração do seu primeiro aniversário, porque «superou as expectativas mais
otimistas: “Quando o começámos a idealizar, eu tinha uma ideia, o Antero
Henrique tinha outra e ele apaixonou-se pelo projeto ainda antes de ser idealizado.
Em conjunto concretizamos os nossos sonhos. Excedeu os nossos objetivos e as
nossas expectativas, pois foi inaugurado a 28 de Setembro, abriu a 26 de Outubro
e, em 11 meses, só em bilhetes vendidos já ultrapassa os 120.000, o que acho
que é notável. Delegações, estrangeiros, escolas, são convidados e não contam,
contam apenas nos visitantes. Eu venho cá muitas vezes e descubro sempre mais
qualquer coisa”. Segundo o presidente, o projeto pretendia “mostrar aos sócios
e aos adeptos do FC Porto o que é a história do FC Porto”, desde a sua fundação
- “a 28 de Setembro de 1893, como demonstra um jornal da época” até “às grandes
vitórias”: “A projeção internacional do clube é feita por projetos como o
Dragon Force, que abriu recentemente uma escola em Bogotá, mas também pelo
Museu. Não queria um armazém de taças, mas sim um museu e acredito até que há
uma grande ligação da gente do Porto ao Museu. A cidade são as pessoas e os
portuenses apaixonaram-se por esta obra e por este museu, visitado por muita gente
e muitas vezes. Já é, naturalmente, parte do roteiro turístico”.»
Além, como que em resposta a questões pensadas por
associados mais atentos, Pinto da Costa revelou ainda ter ainda dois sonhos
para o Museu: “Poder concretizar uma sala 4D, primeira no país e fazer uma
coisa inédita que se chamará “A gruta do dragão”: um grande túnel, onde
exporemos mais de 30 mil troféus do FC Porto. Só com esses troféus dava para
fazer um museu como os outros têm. Está em sonho, em projeto, falta a
parceria.»
Com essas esperanças e anseios a bailarem no ar, no domingo
alongou-se o programa festivo, desde a manhã até ao fim da tarde, como guardamos
à posteridade em ilustração de imagens de divulgação oficial. Desde os números
protocolares até a coreografias e outros, com realce para um momento especial,
como foi a entrega da bicicleta com que Fernando Moreira de Sá venceu a Volta a
Portugal de 1952 e uma taça conquistada pelo mesmo Moreira de Sá, ciclista que
sempre representou o F C Porto, objectos esses oferecidos ao Museu FC PORTO by BMG pela filha do recentemente
falecido antigo ciclista - a quem dedicamos um longo artigo evocativo, aqui neste blogue, aquando de seu falecimento.
Em ilustração de toda a dimensão do evento duplamente
festejado, documentamos melhor a efeméride com colocação da reportagem alusiva
publicada no mesmo dia de aniversário na Revista J, do Jornal O Jogo, em homenagem à mesma ocorrência.
Armando Pinto
= Clicar sobre as imagens digitalizadas, para ampliar =