Num mundo humano e realista como o que nos envolve, em que geralmente
a uma boa parte das realidades chamamos simplesmente coisas, pela globalização
existente, entre coisas grandes e
pequenas, há sempre factos de valor. Casos tais e causas assim com um lugar recôndito
de acolhimento a algo afetivo, com seu quê de maravilhoso, onde a imaginação
começa e nunca acaba, albergando certo aconchego superior, numa visão em que as
pequenas coisas têm muito valor, consubstanciando matérias e idealismos,
mistérios e reflexões, motivações e atrações. Refletindo isso num campo de aproximação,
que nos remete para um ideal admirado.
Assim como na história pátria há a figura cimeira de D.
Afonso Henriques, cuja espada emblemática está guardada na cidade do Porto, à
guarda do museu Soares dos Reis, não muito longe donde na mesma cidade Invicta
está guardado o coração do rei liberal D. Pedro, na igreja da Lapa (templo de
fama musical, também, graças à dimensão do saudoso Reitor Padre Luís Rodrigues),
igualmente o Porto alberga preciosidades que muito dizem a muito boa gente,
como tudo o que está no museu do F C Porto, nas instalações do estádio do
Dragão. Desde simples fotografias a retratarem outros tempos, publicações e
adereços, até troféus e tantos objetos de valor estimativo e histórico.
Sendo bem justos todos os louvores e todas as apreciações
que têm demonstrado apreço por tal grandiosidade, será contudo de relembrar que
há figuras e factos ainda à espera de colocação ali, para maior engrandecimento
do espólio e tributo merecido. Como, entre outros aspetos, nos vem à ideia
quando percorremos aquele espaço de grande representatividade, qual viva
memória e recordação. Ocorrendo-nos, por exemplo, na extensão daquele inicial corredor
da memória, provocando experiência emocionante, a falta de alguns artigos e
digna memorização de mais algumas das nossas figuras, de outras pessoas das que
foram deveras conhecidas e estimadas no universo clubista: Tal o que lembra um
personagem como o “Homem da bandeira”, o então conhecido Manuel Pina, um adepto
que não era um Portista qualquer, a pontos de ter merecido uma entrevista no
programa televisivo Zip-Zip, em tempos ainda do regime ditatorial centrado no Terreiro
do Paço… Portista aquele que, como referência que era, como habitual portador
duma saliente bandeira, num tempo em que não eram habituais grandes estandartes
na assistência aos jogos, está preservado na memória clubista dos adeptos
conhecedores da História do F C Porto – como aqui recordamos, numa visualização
com a sua bandeira gigante, a saudar Pedroto, em momento festivo (como foi, no
caso, a festa de homenagem a José Maria Pedroto e extensiva imposição das
faixas aos campeões nacionais, em 1959). Enquanto esse mesmo Pedroto, o nosso famoso Zé do Boné, embora esteja honrado no Museu do F C P com uma estátua no balneário museológico, merece mais espaço noutros setores de exposição, perante a importância que teve no despertar do mitológico Dragão... Tal qual, sabendo-se quantas vezes os
objetos mais comuns são os que despertam maior curiosidade, poderia estar a fazer companhia às botas de Ouro do Gomes, também a Baliza de Prata do Américo Lopes... Ah, e não vimos ainda no
nosso Museu F C Porto by BMG aquela taça grande conquistada pelo Américo, o
Troféu Somelos-Helanca de honra e reconhecimento ao melhor futebolista português
da época, com que o guardião Américo foi galardoado em 1968, num alcance que
então chegou a ser referido como o guarda-redes do grande troféu…
Porque o tempo passa mas a memória se deve manter, pese os
resultados desportivos que vão acontecendo na sucessão dos tempos, tem de ser
avivada a chama da memória Portista, também nestes como noutros aspetos. Sendo sempre
de recordar, no trajeto histórico percorrido por tantos e tantos valores
referenciais, que homens como Pedroto, Manuel Pina e Américo serão eternos,
como exemplos para sempre, da verdadeira mística azul e branca.
Armando Pinto
Nota Bene: Agradecemos a gentileza de D. Cecília Pedroto, que nos facultou a fotografia original da festa de homenagem ao então futebolista campeão nacional do F C Porto, o nosso Mestre Pedroto. Mais uma preciosidade de que nos passamos a orgulhar e agradecemos reconhecidos.
A.P.
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