Está viva a saída do Benfica para o F C Porto do aguerrido
defesa uruguaio Maxi Pereira, ainda bem fresca que é a ferida causada nas
hostes benfiquistas com a presente e sensacional transferência, resultando num
autêntico golpe tal aquisição máxima para o F C Porto.
Essa nova realidade, com que ninguém contava até há pouco
tempo, não é porém caso virgem em mudanças desde o clube de Carnide para o
ambiente das Antas, rumo ao Porto. Dando azo, por isso, a uma rememoração apropriada,
atendendo ao rol de futebolistas famosos que trocaram a camisola encarnada do
Benfica de Lisboa pela azul e branca do F C Porto.
Apesar da tradicional rivalidade entre os dois clubes, e
pela competitividade entre ambos não haver normalmente conversações de mútuo
interesse para trocas ou aquisições, ainda é substancial e significativa a galeria
de futebolistas de primeiro plano que jogaram no Benfica mas depois preferiram
alinhar no F C Porto. Remontando o começo dessa saga aos inícios da década dos
anos 20, do século XX.
= Alguns valores do tempo de Bastinhos no F C Porto - segundo a inicial História do F C Porto, escrita por Rodrigues Teles e publicada em 1933. =
Conforme rezam memórias escritas, o pontapé de saída foi dado
em 1921 por José Bastos e Artur Augusto, que no Porto enfileiraram com escol de
grandes valores, entre os quais Tavares Bastos – motivo porque José Bastos
passou a ser conhecido por Bastinhos, para diferenciação. Enquanto Artur
Augusto, como se sabe (e já recordamos neste blogue) foi então o primeiro
futebolista do F C Porto Internacional A, por ter feito parte da equipa
considerada a primeira seleção nacional sénior de Portugal.
Ora, em diversos espaços de dados tem aparecido alguma
confusão entre Tavares Bastos e o José Bastos “Bastinhos”. A pontos que a
transferência incontornável de Maxi para o F C Porto deu lugar a diversas
crónicas, em jornais, mesmo na televisão e na blogosfera, referindo Tavares Bastos como o primeiro. Quando se trata de outro, José Maria Tavares Bastos (Bastinhos). Tendo havido realmente um Tavares Bastos,
assim mesmo conhecido, mas outro, natural do concelho de Gaia e que ficou com
auréola famosa (inclusive referido por não ter sido chamado à tal primeira
seleção, assim como também o então guarda-redes Lino Moreira, apenas pelo
faciosismo de sempre - o que levou a público diferendo na imprensa, à época). O
qual jogou diversos anos no F C Porto, enquanto o que veio de Lisboa jogou
poucas épocas somente.
Em virtude desse e destes factos, juntamos algumas
fotografias do Bastinhos do F C Porto, em virtude de haver imagens de Tavares
Bastos a confundir as informações difundidas. Deitando mãos, neste caso, a
imagens dos livros da História do F C Porto, de Rodrigues Teles, quer da edição
de 1933, como dos posteriores volumes editados pelos anos da década de cinquenta.
= Equipa do F C Porto em Agosto de 1922. Incluindo (a partir
da esquerda), de pé: Armando Moura, Mota, Alexandre Cal, Bastinhos, João Nunes,
Hall, Velez Carneiro e Lino Moreira, sentados – Floriano Pereira, Balbino e
António Lopes Carneiro.
Na pertinência do caso, respigamos, com a devida vénia, o
que explanou o site informático “Zerozero”:
« Confirmada a contratação de Maxi Pereira pelo FC Porto, o
uruguaio é o 14.º jogador a deixar o Benfica e a ingressar, diretamente, no
rival portista.
Em toda a história do futebol português há 14 nomes
que deixaram a Luz e rumaram ao Dragão. Os dois primeiros foram José Bastos e
Artur Augusto, na temporada 1921/22 e só 50 anos depois essa mudança se repetiu
quando Abel Miglietti (1970/71) fez o mesmo caminho.
No final dos anos 80 (1988/89) Dito e Rui Águas também
passaram a vestir de azul e branco, algo que os russos Yuran e Kulkov (1994/95)
também fizeram.
Seguiu-se Pedro Henriques, na temporada 1997/98, mas que não
chegou a jogar pelo FC Porto, acabando por ser emprestado, depois, ao Vitória
de Setúbal.
Um ano depois, Panduru também fez os cerca de 300
quilómetros entre Lisboa e a Invicta, tal como Maniche e Jankauskas, na
temporada 2002/03, na qual acabariam por vencer a Taça UEFA em Sevilha.
Tomo Sokota, na temporada 2005/06 e Cristián Rodríguez, em
2008/09, são os mais recentes exemplos desta troca entre rivais,
seguindo-se-lhes (o agora oficializado) Maxi Pereira.»
De Maxi a Bastinhos é assim histórica a linha que se estende
no tempo e na afeição, justificando um aceno de apreço a esses bons valores que
souberam que no Porto se faz das tripas coração, apesar do poderio capitalista
lisboeta.
Armando Pinto
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