Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Ricardo – Referência Madeirense do Hóquei em Patins Portista e Nacional


A Madeira é um jardim, como entoa a cantiga popular e bem se diz no sentido da beleza natural, mas não só, também pelo caracter de seu valor humano. Tendo derivado do povoamento daquelas paragens no meio do Atlântico, em resultado das descobertas de Zarco, Tristão e Perestrelo, toda uma casta de gente que tem dado bem conta do legado do Infante D. Henrique.

A Madeira, típica por seu ambiente florido e paisagens em cascatas atraentes, qual tela de diversos matizes, seduz num panorama idílico que dá ideia de ser musical aos olhos. Numa proporção que até fez brotar outros dotes personalizados. Tal como, entre diversas pessoas salientes, viu nascer em seu regaço ilhéu alguns bons exemplos: Max deu voz às mais conhecidas cantigas do folclore local; Sérgio Borges foi uma voz singular na música dos conjuntos académicos e venceu em Portugal o então mediático Festival RTP da Canção; Luís Jardim é um dotado e multifacetado homem da música; enquanto Vânia Fernandes venceu o Festival RTP da canção e chegou a ser representante de Portugal no Festival da Eurovisão. Bem como nas letras irradia cultura nuns José Tolentino Mendonça e Herberto Helder, por exemplo. Mais desempenhando papel de relevo em filmes, tendo como ilustre ator cinematográfico o artista Virgílio Teixeira, que andou nas telas do cinema nacional e internacional. Tanto ou mais como se eleva na linha Jardim de políticos famosos, um dos quais, Alberto João (quer se goste ou não, sendo admirado por muitos e nem tanto por outros), é figura incontornável da história do desenvolvimento da Madeira e Porto Santo.
E também no desporto o paradigma humano da natureza da Madeira tem saliência, a começar em Pinga, o célebre Artur de Sousa “Pinga”, em seu tempo tido como melhor do futebol português e considerado o primeiro fenómeno madeirense, até ao atual representante-mor, o futebolista prestigiado Cristiano Ronaldo, este considerado algumas vezes já o melhor do mundo no universo do futebol. Assim como, entre outras modalidades e seus melhores praticantes, tendo o hóquei em patins já tido impacto notório no arquipélago da Madeira, na senda do hóquei patinado ser modalidade querida dos portugueses, José Ricardo foi o maior embaixador do hóquei madeirense, com efeito, como grande valor do hóquei nacional. Pois Ricardo, somente, como era mais conhecido, mas também referido por José Ricardo e Ricardo Sousa, foi o melhor hoquista português nascido na Madeira – num honroso lote em que ele foi expoente, como ficou expresso na sua transferência para o continente do país, inicialmente para o Sporting de Lisboa por uma época, e mais tarde aportando no F C Porto durante seis épocas, até descalçar os patins. Ficando assim a enfileirar junto com Branco, Castro, Jorge Câmara e Januário no lote dos que, em períodos diferentes, jogaram igualmente no F C Porto, além de também noutros clubes continentais. Entre boas colheitas, cujas ilhas vulcânicas produzem mais, mas também, como o vinho Madeira sui generis, de longa duração.

= Ricardo na Seleção da Madeira, em 1967. Vendo-se Castro e Ricardo sentados, à esquerda da foto. Pose de recordação no balneário, com o ator também madeirense Virgílio Teixeira, no final de disputado jogo com a Seleção de Lisboa. =

O hóquei em patins ganhara boa projeção na Madeira, em cujo meio sensivelmente a partir de princípios dos anos sessentas, em pleno século XX, foi ganhando maior protagonismo no panorama desportivo. Daí que os melhores valores dessa modalidade passaram a ser alvo dos clubes continentais, com epicentro em jogos de seleções entre representações da Associação de Patinagem do Funchal e de cidades do Continente, sobretudo de Lisboa. Seguindo-se mais outras direções, como aconteceu quando o F C Porto, então em fase de ascensão do hóquei em patins no clube, reforçou suas fileiras com o guarda-redes Branco, primeiro, a que se seguiram, algo mais tarde, o avançado Ricardo (de características mais de médio-avançado, embora jogando em todo o rinque) e o jovem guarda-redes José Castro. Transformando o panorama hoquístico com outro semblante, como ficou descrito num livro historiador do cenário desportivo local, do qual se junta extrato duma página:

= Excerto do livro “História lúdico-desportiva da Madeira”, publicado no Funchal em 1989, por Francisco Santos =

Quando o hoquista Ricardo veio para a cidade do Porto jogar hóquei no F C Porto, havia no futebol portista um outro Ricardo também. Por sinal um jovem em que se depositavam esperanças num futuro risonho no campo do futebol, com reconhecida habilidade, mas sem a acutilância que se desejava do alto das bancadas, aos olhos dos espetadores apoiantes do clube perante esse João Ricardo. Enquanto o hoquista começou a ser deveras apreciado. Pois logo que o José Ricardo passou a evoluir em rinque e se notou que fazia bem dupla com Cristiano Pereira, ficou a ser personagem grato, nome de agrado no mundo azul e branco da Constituição e das Antas (porque o hóquei em patins ainda se jogava no rinque do antigo campo da Constituição e o clube se solidificava em torno do estádio das Antas). Então, quando se falava em Ricardo era ao do hóquei que se associava mentalmente de imediato.

= Aspeto panorâmico do Campo da Constituição, com vista sobre o antigo rinque de patinagem, onde também se desenrolavam jogos das equipas do F C Porto, ainda naquele tempo - estando, na ocasião da fotografia, a decorrer um treino de hóquei em patins. =

Ora, Ricardo também quando rumou ao Porto, junto com o conterrâneo Castro, guarda-redes ainda com idade de júnior mas que veio para completar a equipa sénior portista, encontrou na Invicta portanto o guarda-redes Branco, conhecido da mesma ilha, que era então o titular do F C Porto (depois de Moreira ter findado a carreira). Aí, apesar de ter outra simpatia clubista, além do clube Maritimista onde se formou, também pelo clube de Lisboa que representou de passagem, Ricardo foi-se afeiçoando ao clube nortenho que passou a representar e inclusive ganhou fortes raízes na cidade do Porto. Tanto que se encantou na atmosfera do mundo portista e começou a namorar uma jovem que deslizava nas águas de competição do mesmo clube azul e branco, vindo a casar com essa mesma nadadora, Francelina Valadares, que era, ao tempo, a mais destacada representante feminina dos “golfinhos do Porto”. Uma atleta do F C Porto conhecida nesses tempos e praticamente das mais referenciadas no âmbito da atividade amadora das Antas, como figura da natação portista, a par com Fátima Pinto e Isolina Pinhel no atletismo (como o autor destas linhas se recorda bem de ver serem referenciadas no jornal O Porto, órgão que divulgava o ecletismo do clube, acompanhado pelo Norte Desportivo, visto os jornais de Lisboa serem sectários na direção sul). Casou então em Lisboa, em Novembro de 1970, com Francelina Valadares. Deste seu casamento resultou ter natural descendência, continuando seu nome no orgulho dos filhos, Mafalda Filipa e Ricardo Sousa. Voltou a casar em Março de 1987.

De seu nome completo José Ricardo Meneses Alves e Sousa, o Ricardo do hóquei do Porto nasceu na ilha da Madeira a 6 de Março de 1942. Começou a jogar no Clube Sport Marítimo, em 1960, ao pegar num stique e jogar sobre patins, tendo logo chamado as atenções, revelando-se um hoquista de elevado rendimento.

 = Equipa do F C Porto de 1968. Em pose aquando da vinda de Ricardo e Castro para o F C Porto. Reportando-se à formação que jogou em digressão à Madeira, efetuada após a respetiva transferência. Da esquerda para a direita, em cima: Alexandre Magalhães, Valentim, Leite e Hernâni; em baixo - Cristiano, Castro, Branco e Ricardo. =

Ao serviço do Marítimo foi várias vezes Campeão Regional, tendo-se sagrado Campeão Regional da Madeira em 1961/1962,1962/1963,1963/1964 e 1966/1967. Sendo que na época de interregno, em que não obteve esse título, foi por estar ausente no Continente, tendo inicialmente estado uma época em Lisboa a representar o Sporting, em 1964/65. Depois regressou à Madeira, entretanto. De permeio jogou na Seleção Regional da Madeira em 1967 e 1968. Continuando assim mais algum tempo no Marítimo, onde enfileirou oficialmente com alguns outros bons valores, entre os quais o jovem guarda-redes Castro, até que veio para o F C Porto, junto com esse amigo e colega mais novo, em 1968, ano em que o F C Porto venceu a Taça de Portugal de futebol.

Com o reforço dos referidos madeirenses, a completar o naipe existente, onde a experiência de Magalhães e Leite se aliava à juventude de Cristiano, goleador que começava a dar nas vistas e puxava mais entusiasmo, começaram a aparecer resultados animadores, nalguns casos surpreendendo equipas que estavam mal habituadas... Senão, repare-se:


Despontava assim mais a Norte a modalidade dos patins e stiques, trazendo também o hóquei uma era de revigoramento ao mundo azul e branco, qual andorinha a anunciar a Primavera com essa "ala dos namorados" que se movimentava em rinque com as cores do F C Porto.  

= Equipa da época da conquista do Campeonato Metropolitano, em 1969 =

Tendo então entrado no plantel sénior do hóquei do F. C. do Porto a partir de 1968, Ricardo foi Campeão Regional do Porto, na equipa do F C Porto que venceu o Campeonato Regional da Associação de Patinagem do Porto, em 1969/1970, 1971/1972, 1972/1973 e 1973/1974. Assim como conquistou o título de campeão do Campeonato Metropolitano em 1969, ano em que o clube foi vice-campeão nacional, como aliás voltou a ser algumas vezes mais. 

= Saudação entre equipas do clube, de homenagem da equipa de Voleibol à equipa de Hóquei, saudando os Campeões Metropolitanos de 1969. 

Entretanto Ricardo jogou pela Seleção do Porto, na equipa representativa da APP, em 1969. Além de haver chegado a ser convocado para a Seleção Nacional e ter participado nos treinos, selecionado que foi em 1968 para a Seleção Nacional que se estava a preparar para a disputa do Campeonato do Mundo, mas não chegou a ficar no lote que disputou a fase final, vítima da diferença de tratamento que então havia. Em tempos que dos hoquistas de clubes do Norte somente eram incluídos os chamados indiscutíveis, entre os melhores, quando unicamente iam à Seleção A da Federação, entre jogadores de campeonatos nortenhos, o Júlio Rendeiro, inicialmente do Infante de Sagres (e depois do Sporting), mais o Brito, episodicamente, após ter mudado do F C Porto para o Académico e só vários anos depois de ter regressado ao F C Porto, e por fim o Cristiano, do F C Porto, durante alguns anos o único representante do F C Porto na seleção principal. Algo somente mais tarde alterado, quando começaram a ser convocados outros, como Castro, Chalupa, os Vítores Hugo e Bruno, Vale, os António, Pedro e Paulo Alves, Carlos Realista, Domingos Guimarães e Carvalho, Franquelim, Filipe Santos, Tó Neves, Reinaldo Ventura, Nelson Filipe, Jorge Silva, etc. etc. até aos mais recentes Helder Nunes, Gonçalo Alves e Alvarinho.

= Foto da primeira eliminatória da estreia do F C Porto nas competições europeias de hóquei, em 1970, quando defrontou no Porto para a Taça dos Campeões Europeus a equipa alemã do Rollsport Reimscheid, com cujos oponentes os hoquistas do F C Porto posaram em conjunto. Tendo o F C Porto alinhado com o equipamento alternativo desse tempo e usado durante muitos anos, com camisola branca e calção azul. Identificando-se, a partir da esquerda e em cima, os portistas: Cristiano, Leite, Júlio, Ricardo e Fernandes; e em baixo, Castro, Hernâni e Brito.

Efetivamente, no caso da seleção representativa do hóquei português, Ricardo não chegou a ser escolhido por não jogar num clube da área da Associação de Lisboa e sobretudo por ser do Porto. Em parte acontecendo isso quando um selecionador desse tempo era um simpatizante do Sporting. Pessoa que enquanto selecionador da seleção júnior soube discernir bem, sem olhar a clubismos nem regionalismos, mas já como responsável da seleção sénior foi de visão parcial. (Recordo-me, narrando na primeira pessoa, de ter sido aflorado esse assunto duma vez em que, por amável convite do sr. Sampaio Mota, decorria a Primavera de 1972, fui convidado a passar um fim de semana de acompanhamento ao hóquei portista. Tendo ido no autocarro pequeno do clube junto com a equipa principal para um importante jogo em Valongo. Fui então ciceroneado pelos amigos Jorge Câmara e irmãos Barbots durante a tarde e à noite, na ida para o jogo de Valongo, o Ricardo foi propositadamente no autocarro, quando alguns foram em carros particulares, e sentou-se à minha beira, para conversarmos. Numa cavaqueira inesquecível que deu para eu ter ficado mais por dentro do mundo do hóquei. Nunca mais esquecendo como ele me contou que sem ter vindo para o Porto como adepto do clube, cada vez simpatizava mais com a causa portista ao conhecer apoiantes como este seu amigo…)

= Recorte d’ O Porto, edição de 25 Maio de 1972, com caixa referente a acontecimento do dia 21 anterior… =

A visibilidade deveras apreciada da presença de um bom número de madeirenses no hóquei da cidade do Porto teve, de permeio, direito a uma entrevista jornalística aos quatro "mosqueteiros" que se fixaram na Invicta - como se pode ver por recortes dessa reportagem que teve lugar no antigo jornal O Comércio do Porto (com Ricardo, Castro e Jorge, já do  plantel senior do F C Porto; e Branco, que anos antes se mudara para o Académico):


Ricardo manteve-se no F C Porto até 1974, abandonando depois a atividade desportiva, em consequência de um acidente de viação.

= Esquadrão do F C Porto em 1972 / 73, estando Ricardo em cima, à direita, junto com (a partir da esquerda) Cristiano, António Júlio e Joaquim Leite; e (em baixo) Augusto, Domingos Ferreira, João Brito e Jorge Câmara.

Aquando da sua retirada, na admiração nutrida e simpatia que havia pela sua carreira ao serviço do F C Porto, o autor destas linhas dedicou ao hoquista Ricardo uma boa parte dum artigo escrito no jornal O Porto, órgão informativo oficial do clube, onde começávamos então a colaboração publicista que se manteve durante alguns anos. Desse texto juntamos aqui a respetiva coluna, em homenagem perene a esse grande jogador de hóquei em patins madeirense que deixou seu nome ligado ao hóquei do F C Porto, ficando nos anais do hóquei patinado nacional.

= In jornal “O Porto” de 19/12/1974

Ricardo, estrela que brilhou no universo do hóquei em patins, desapareceu cedo do mundo, falecido com 61 anos a 20 de Outubro de 2003, deixando um rasto cintilante na sua vida como homem e desportista.

ARMANDO PINTO

((( Clicar sobre as imagens e recortes digitalizados, para ampliar )))

* Obs.: Imagens de arquivo pessoal do autor e outras dos arquivos dos antigos hoquistas José Castro e Jorge Câmara.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Muita história do F C Porto a dar ao pedal


Anos atrás e durante uns tempos  foi aparecendo nalguma literatura historiadora, tal como em crónicas e estatísticas jornalísticas, inclusive em publicações do clube, uma indicação errada sobre o começo do ciclismo no F C Porto. A pontos que foi passando para enciclopédias publicadas entretanto e constando em diversos quadrantes da divulgação. Embora seja muito antiga a ligação do F C Porto ao ciclismo.


Tentando repor o que era e é verdadeiro, aqui neste blogue fomos batendo na tecla da devida reposição, como chamada de atenção, porque na história tudo começa pelo princípio e não com o percurso em andamento. Agora nos locais informáticos do F C Porto já está a ser reposta a verdade histórica, como se pode ver pelo que foi publicado recentemente na revista Dragões e no site oficial do clube:

« A PEDALAR HÁ MAIS DE UM SÉCULO
Ciclismo foi uma das primeiras modalidades a aparecer no universo do FC Porto

É verdade que o ciclismo faz parte do imaginário do FC Porto quase desde a origem, em 1893 - o fundador, António Nicolau d’Almeida, era, aliás, praticante de velocipedismo. Foi, no entanto, uns anos mais tarde, em 1906, que o então presidente, José Monteiro da Costa, dinamizou verdadeiramente a modalidade, no clube e na região. Os primeiros capítulos da história do ciclismo azul e branco começaram a escritos no Campo da Rainha, onde se reuniam entusiastas da competição em bicicleta, e foram recordados na edição de Fevereiro da revista Dragões, mês que assinalou o regresso oficial do clube à estrada, já em 2016 .

= Vitória dum ciclista portista em vigoroso sprint para a meta - Ernesto Coelho ao vencer uma etapa com a camisola do F C Porto !

A rubrica Os Imortais viaja, desta vez, até aos primórdios do século XX, quando se começaram a organizar as primeiras etapas de bicicleta, sempre muito concorridas, no relvado da rua da Rainha (atual Antero de Quental), que depressa se estenderam à região. À entrada para a segunda década dos anos 1900, já se realizavam os grandes prémios Valença-Porto, de cuja organização o FC Porto foi pioneiro. O ciclismo começava-se a impor no panorama desportivo português e dentro do próprio clube, de tal como que em 1927/28, passa a ter uma secção própria, sob a orientação de Carlos Machado, António Rial e Manuel Vinagre, que criaram as condições para tornar o FC Porto o clube com maior número de vitórias na Volta a Portugal - 12 títulos individuais - um deles conquistado por Joaquim Leão (na foto), em 1964 - e 13 triunfos coletivos.»


Acrescente-se aqui (porque tivemos de emendar acima o que foi escrito na própria página informática do FCP…) que, até ao final da época de 2015, são mesmo 13 os triunfos do F C Porto na classificação por equipas das Voltas a Portugal. Pois continuam frequentemente a ser referidas só 12 vitórias, porque há quem não tenha atualizado os dados quando em 1969 o F C Porto foi declarado vencedor coletivo, na oficialização das classificações definitivas da Volta desse ano, devido ao caso da primeira Volta (das duas) que Agostinho perdeu por ter  sido apanhado com “Doping”.

«Os Dragões estrearam-se na prova rainha do ciclismo em 1934, numa década em que a modalidade continuava a ser muito acarinhada pela direção do FC Porto, sob a presidência de Dumont Villares. Foi, no entanto, na década de 60 que o ciclismo ganha uma grande projeção no clube, com a inauguração de uma pista de ciclismo no Estádio das Antas, a 14 de Agosto, no mesmo dia em que recebeu a primeira etapa da Volta a Portugal. Foi aí que se assistiram a imemoráveis vitórias dos azuis e brancos nas bicicletas e por lá passaram algumas estrelas internacionais, como o belga Eddy Merckx.»

Ora, havendo notícias sobre participação de ciclistas do F C Porto em provas de competição desde 1927/28, pelo menos, e entremeando com algumas interrupções cronológicas, tendo participado inicialmente nas Voltas a Portugal de 1934 e 1941, o F C Porto passou a ter ciclismo mais competitivo desde meio da década dos anos quarentas - como neste blogue foi historiado em devido tempo, há algum tempo já.

ARMANDO PINTO
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sábado, 26 de março de 2016

Feliz Páscoa !


Páscoa é vitória da vida, na renovação da natureza, sobre o desaparecimento físico. Valendo assim a pena investir no bem comum, ao que deve dizer respeito à comunidade, fazendo bem ao que é de todos, como a vivenciar pelo que nos une.

Neste contexto, como tudo o que se recorda e se procura fazer pela preservação da memória coletiva é duma boa causa, a que aqui se memoriza no sentido do bem comum, formulamos desejos desta vitória que é vivermos a Páscoa.

Feliz Páscoa: a todos os amigos leitores, comentadores e companheiros visitantes deste espaço informático e lugar de confraternização virtual.

ARMANDO PINTO


sexta-feira, 25 de março de 2016

Primeiro título nacional de Jorge Nuno Pinto da Costa como Dirigente do F C Porto


O Presidente Dragão Nuno Pinto da Costa está a completar a bela soma de 34 anos na frente dos destinos do F C Porto, como Presidente da Direção do Futebol Clube do Porto. Ao assumir a continuidade, prestes a ser o único concorrente à eleição para novo mandato, visto não haver quem assuma oficial e publicamente um papel de oposição e se apresente a concorrer ao ato eleitoral de Abril próximo, no mundo azul e branco.

Efetivamente Pinto da Costa é um caso especial, sendo um Presidente vitorioso, com grande folha de serviço e um currículo de êxitos sem paralelo. Naturalmente sem poder vencer sempre, mas tendo vencido mais, em maior percentagem e na maioria das vezes, mesmo contra tudo o que é tradicionalmente adverso e muitos adversários, como se sabe.

Ora, desde que tomou posse em 1982, muitos foram os triunfos e sobretudo os títulos nacionais e internacionais alcançados pelo clube. Tendo o primeiro, como presidente, sido obtido pelo hóquei em patins sénior, mediante a conquista da internacional Taça das Taças da Europa.

Contudo a folha de serviços de Pinto da Costa vem de muito antes, desde os tempos de dirigente do clube, primeiro através das modalidades amadoras, quer como seccionista e também diretor responsável, quer depois como chefe da secção de futebol profissional. E, curiosamente, o primeiro título alcançado na era dirigente de Jorge Nuno Pinto da Costa foi também pelo hóquei em patins sénior, por via da conquista do Campeonato Metropolitano, em 1969. Prova que ao tempo era o título continental, ou seja de apuramento do Campeão de Portugal Continental (para de seguida disputar com os campeões das províncias ultramarinas, havendo concorrência dos representantes de Moçambique e Angola). Sendo esse Campeonato Metropolitano conquistado em 1969 a primeira vitória de relevo de Pinto da Costa enquanto dirigente do F C Porto.

Desse acontecimento juntamos imagens do repasto comemorativo, em plano mais centrado no diretor (imagem cimeira) e por fim (abaixo, numa seqência de duas fotos) em panorâmica alargada, estando Jorge Nuno Pinto da Costa ladeado pelo então Presidente da Associação de Patinagem do Porto, sr. Fernando A. Barbot, e por alguns colegas do dirigismo clubista, enquanto na mesa de honra estavam os hoquistas (a partir da esquerda) Hernâni Martins, Cristiano, Castro, Zé Fernandes, José Ricardo (e continuando na outra foto, depois do Ricardo), o capitão Alexandre Magalhães, mais Leite, João Brito, António Júlio, etc. Vendo-se ainda à direita o sr. Sampaio Mota, grande dedicação de dirigente do hóquei portista.


/// Clicar sobre as fotos, para ampliar ///

(Fotos, aqui com marca de água por motivos decorrentes, mas que originalmente são de arquivo de José Castro e constantes do “grupo fb Antigos Hoquistas Madeirenses”.)

 Armando Pinto

terça-feira, 22 de março de 2016

Fernando Barbot – hoquista do primeiro lote portista de Campeões Europeus formados no F C Porto


Fernando Barbot é um nome de peso na memória do hóquei portista. Primeiro através do antigo dirigente da secção de hóquei em patins do F C Porto e da Associação de Patinagem do Porto, e depois do filho com o mesmo nome, que calçou os patins e de aléu nas mãos evoluiu em rinque com a camisola do F C Porto, tendo inclusive sido campeão europeu, pela seleção nacional de juniores na conquista do título europeu de 1969. Oriundos de uma família tradicionalmente ligada ao hóquei, pois além do patriarca dedicado à área administrativa e organizativa, jogavam hóquei em patins os filhos, Fernando, Luís e João Paulo, três irmãos Barbots. Havendo anos depois, já após ter guardado os patins e o stique (“stick”), o filho Fernando também desempenhado funções diretivas, na qualidade de dirigente da A.P.P.

Ora o Fernando Barbot campeão europeu é o personagem hoquista que desta vez aqui lembramos, com todo o merecimento pela sua dedicação ao hóquei e, na parte que nos toca mais, pela afeição ao nosso comum clube Dragão.


Pois o então jovem Fernando tinha assim nome próprio como seu pai, que foi Vice-Presidente da Direção da Associação de Patinagem do Porto, organismo ainda com a sua sede numa das salas do Clube Fenianos do Porto (era o Sr. Armando Ribeiro o Presidente, como figura grada do hóquei, de que mais tarde chegou a ser selecionador nacional), assim como depois foi mesmo Presidente, o sr. Fernando Barbot, tido então com grande respeito, tal o renome obtido no mais alto cargo representativo da Associação portuense. E como hoquista, o filho Fernando mereceu a honra de ter sido chamado à seleção nacional de juniores, havendo integrado a primeira fornada da patinagem da Constituição que obteve o título europeu nessa equipa representativa de Portugal, como hoquistas formados no F C Porto.  Honra sobretudo para o clube, pois esses três, que eram Cristiano, Fernando Barbot e António Júlio, tornaram-se aí os primeiros atletas campeões da Europa formados nas Escolas do F C Porto em todas as modalidades. Saídos que foram da formação iniciada no antigo rinque da Constituição, cuja criação dava então frutos, a pontos de Cristiano, nesse tempo ainda com idade de júnior, já ser figura principal da equipa sénior. Num lote de campeões europeus juniores que, com honra e glória para o clube e para o país, era ainda reforçado com Castro, guarda-redes que viera da ilha da Madeira e de idade júnior também já ajudava na equipa sénior do F C Porto.


Ora, Fernando Barbot, filho, é o mais velho dos três herdeiros de senhor Fernando Barbot pai, que ao tempo era um associado já antigo do F C Porto. Fernando A. Barbot Costa, distinguido com a categoria de Sócio Honorário individual da Associação de Patinagem do Porto (enquanto o F C Porto é Sócio de Mérito coletivo). Sendo o filho de nome completo Fernando Manuel Fernandes Barbot Costa. Rapaz que foi para o hóquei praticamente pela mão de seu pai – como referiu ao jornal O Porto, na ocasião (em entrevista conjunta ao quinteto portista que dignificou o F C Porto através da representação portuguesa em Vigo). Era o então jovem Fernando estudante do Colégio João de Deus, no Porto, descrito como “um moço aprumado e de maneiras pouco modernistas", estando à época com 18 anos, logo ainda com mais tempo na categoria júnior (jogando com seu irmão Luís, mais Jorge Câmara e outros prometedores hoquistas desse tempo). Acrescentando o próprio, naquela entrevista: «Quando pequeno, aí com uns três anos de idade, era ele (o pai) quem me levava a ver os jogos. Como adorava patinar de “stic” nas mãos, não demorou a fazer-me jogador…»

= Quarteto dos hoquistas que foram os primeiros campeões europeus do F C Porto (em pose no antigo espaço do campo da Constituição - a partir da esquerda:)  António Júlio, José Castro, Fernando Barbot e Cristiano  =

Campeão Europeu com a camisola da seleção portuguesa que venceu o Campeonato da Europa de juniores, disputado em Vigo entre 10 e 14 de Setembro de 1969, Fernando Barbot faz parte da galeria de internacionais de hóquei do F C Porto. De cuja equipa, em que esteve incluído, há apenas uma fotografia de conjunto, numa pose coletiva feita durante a viagem rumo à Galiza, na paragem para almoço, motivo porque estão todos de fato de treino. Isso porque naquele tempo para cada jogo só eram escalados oito elementos, dos dez do lote escolhido, originando assim que só se equipavam os que constavam na ficha do encontro.

= Seleção Nacional de Juniores que se sagrou Campeã Europeia de 1969, da qual faziam parte quatro hoquistas e um massagista do F. C. do Porto. Além de alguns mais que depois também vieram para o F C Porto. Em pé, da esquerda para a direita: José Fernandes (então da CUF, mas que depois ingressou no F C Porto), Dinis, Leitão (ambos do Parede), António Júlio (F C Porto), Fernando Barbot (F C Porto), Rui Monteiro (guarda-redes, Paço d´Arcos) e Joaquim Lopes (massagista e também do F C Porto). À frente, de cócoras: Vítor Orênsio (Parede), António Vale (Valongo) - estes dois, mais tarde transferidos para o F C Porto, Cristiano (F C Porto) e José Castro (guarda-redes, F C Porto).=

Dessa campanha, entre curiosidades e recordações, Fernando Barbot guardou o regulamento (que era entregue a todos os selecionados, com diretrizes de comportamento). Outros tempos, outras regras…


A participação da equipa portuguesa nessa prova foi seguida com grande entusiasmo e natural esperança, em virtude de na época anterior a seleção junior, já com Cristiano e Castro, do F C Porto, ter feito um brilharete no Europeu de 1968 também disputado em Espanha, tendo ficado com os mesmos pontos da seleção anfitriã, que venceu por diferença de golos. A ponto que, na jornada decisiva de Setembro de 1969, foram diversas personalidades do hóquei nortenho até Vigo, devido à proximidade, mas também ao interesse entusiasta, com saliência para alguns dirigentes do F C Porto e para o capitão da equipa principal do F C Porto, Alexandre Magalhães, entre pessoas que foram levar um abraço de estímulo aos jovens hoquistas portugueses.

Desse campeonato junta-se aqui também o frontispício do livro, devidamente autografado por todos os membros da comitiva. Sendo interessante anotar a respetiva identificação das assinaturas:
- Do lado esquerdo e de cima para baixo – Rui Monteiro, António Vale, Victor Orêncio e António Júlio; do lado direito e no mesmo sentido: Amílcar Fernandes (diretor da Federação), Welson Marques (Adjunto do selecionador), Guilhermino Rodrigues (Selecionador nacional), José Manuel Castro, Fernando Barbot, Joaquim Pedro Dinis, José Fernandes, Cristiano e Leitão.

= Capa do livro oficial do Campeonato Europeu de Juniores – 1969 (IX campeonato de europa de hockey sobre patines junior)

No regresso sucederam-se algumas justas homenagens, a nível oficial e também particular. De uma dessas ocasiões é a captação fotográfica que se junta, a seguir, reportando a homenagem da Associação de Patinagem e do próprio F C Porto em cerimónia realizada no rinque da Constituição. Vendo-se, no instantâneo desta foto, Cristiano, Barbot e Castro, no momento em que era entregue a Fernando Barbot uma placa alusiva com que a APP homenageou os Campeões Europeus de sua jurisdição. Na imagem está, à direita, o então diretor Dr. José Eduardo Pinto da Costa (ainda sem as  barbas brancas que tornam hoje mais conhecido o Doutor Pinto da Costa). 


Havendo continuado no escalão júnior, junto com seu irmão Luís Barbot, Armindo, Jorge e demais dessa época, Fernando ajudou a formação júnior do F C Porto a classificar-se para a fase final do "Nacional", facto inédito até então. (Enquanto o irmão mais novo era peça importante da equipa do escalão a seguir, sagrando-se campeão nacional como integrante da equipa que venceu o Campeonato Nacional de Juvenis, também ocorrência conseguida pela primeira vez nessa categoria em tal grau dos jovens portistas.)

= Equipa de Juniores do F. C. do Porto que pela 1.ª vez se classificou para o Campeonato Nacional, decorria o ano de 1970. Em pé: Tavares (massagista) Fernando Barbot, Luís Barbot, Armindo, Feliciano, Adriano Ferreira e Lopes. De cócoras: Vítor Freitas, Vítor Machado, Jorge Câmara, José Manuel Coelho e Joel (roupeiro).=

Fernando Barbot subiu depois à categoria sénior em 1971, tendo feito parte da equipa portista que venceu a fase Norte do Campeonato Metropolitano. Havendo então alinhado ao lado de Cristiano, que durante anos foi referência do hóquei portista, de José Ricardo, possivelmente o melhor hoquista português nascido na Madeira, de Joaquim Leite, grande valor do hóquei patinado e que entretanto foi internacional de hóquei em campo, mais do guarda-redes internacional sénior João Brito, do Hernâni que era nome certo nas seleções do Norte e da Associação de Patinagem do Porto e, como outros, só não foi à seleção A da FPP por ser de onde era… etc. e tal.


Entretanto Fernando Barbot havia recebido um convite para jogar pelo Boavista, mas não chegou sequer a equacionar essa possibilidade, preferindo manter-se entre os seus amigos de longa data, em vez de ir representar o clube do Bessa, que nesse tempo também tinha equipa de hóquei e com diversos contactos mútuos através de jogos da equipa B do FC Porto, como em jogos de torneios de reservas - a que se reporta o exemplo de uma imagem coeva (vendo-se na apresentação dum encontro Fernando Barbot a capitanear a equipa portista, enquanto os hoquistas da zona da Boavista pareciam muito descontraídos, em sinal do seu clube não ter grandes aspirações na modalidade, ao tempo).


Intrometendo-se a chamada para a tropa, como nesse tempo era e de longa duração o serviço militar obrigatório, acrescido à situação da equipa senior do F C Porto ter recebido alguns reforços vindos de outras equipas, Fernando Barbot solicitou a Jorge Nuno Pinto da Costa (ao tempo responsável desse setor no clube) que lhe fosse permitida a saída para um outro clube da cidade, para se manter a jogar com regularidade. Porque tinha contrato assinado com o F C Porto por mais tempo (sendo os contratos de três anos, à época), apesar de não ganhar dinheiro algum, como aliás nunca recebeu qualquer vencimento enquanto atleta. Tendo então passado a jogar no pavilhão do Lima, pelo Académico do Porto, oficialmente como emprestado pelo F C Porto, mas com a carta na mão, já. Carta essa, como era chamada, que consistia no documento de filiação clubista e inscrição associativa e federativa, efetivamente. Fez então parte da última equipa da camisola branca academista que esteve presente numa fase final do Campeonato Nacional, em 1974/75. Nessa altura tirou o primeiro grau do curso de treinadores, junto com Cristiano e outros, numa interessante experiência (pois esse curso era abrangente em diversas áreas de técnica e tática, tendo por mestres nomes sonantes do desporto nesse tempo, desde o conhecido treinador e jornalista Correia de Brito, o Prof. Manuel Puga, que era grande preparador físico em várias modalidades, além de ter sido conceituado treinador de voleibol e representante na cidade do Porto da Direção Geral dos Desportos, até ao árbitro internacional Afonso Cardoso e ao especialista de medicina desportiva Dr. Sousa Nunes, incluindo mesmo parte de dirigismo desportivo com um federativo como Vaz da Silva, etc.).  Passado então um período de três anos no clube alvi-negro, recebeu convite para representar o Candal, ainda.

Fernando Barbot, depois, representou então o Candal, de 1976 a 1978, numa equipa formada por hoquistas oriundos do F C Porto, especialmente porque o treinador havia sido pessoa importante do hóquei portista, o senhor Alfredo Sampaio Mota, antigo chefe de secção do hóquei em patins das Antas. Tendo então Fernando Barbot, junto com Jorge Câmara, Rui Caetano, Januário, Domingos Ferreira, José Manuel e seu irmão João Paulo Barbot (todos ex-F.C. do Porto), levado essa equipa de equipamento azul a ter subido de divisão, ingressando na 1ª Divisão nessa altura. Tendo Fernando Barbot ficado também assinalado nesse plantel histórico daquela zona de Gaia, tanto que ainda constam quadros emoldurados dessa equipa em cafés e outros locais públicos da localidade.

= Irmãos Barbots, junto com Cristiano, num convívio recente de Gente do Hóquei Portista.

= ... E com o autor destas linhas, simples adepto do hóquei portista e amigo também !

Para a história, com o nome de Fernando Barbot na memória portista, permanece nos anais do hóquei em patins aquela grande vitória que foi o Europeu conquistado em Espanha, na Galiza, corria o ano de 1969. Cujo acontecimento foi assinalado entretanto quando perfez 45 anos, em 2014, através dum jantar de convívio entre alguns desses campeões europeus que puderam estar presentes. Como neste blogue demos nota, conforme se pode rever (clicando sobre os links) em

e

ARMANDO PINTO
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segunda-feira, 21 de março de 2016

Evocação do grande Dale Dover, o melhor basquetebolista que atuou no panorama português da bola ao cesto!


Os deuses são eternos. Como se diz em frases feitas de memória. E como até tem sido tema para filmes e se aplica no desenvolvimento histórico. Tal o que calha a preceito para evocar uma recordação do grande basquetebolista Dale Dover, o valoroso encestador que passou pelo basquete portista e foi o melhor basquetebolista de sempre que jogou nas provas portuguesas por equipas nacionais.

Dover foi um caso à parte, um ídolo endeusado que cativava adeptos. Com ele a jogar os pavilhões enchiam, a pontos de mais ter feito sentir a necessidade do F C Porto ter um pavilhão próprio, levando à construção do primeiro pavilhão para jogos de competições que o F C Porto teve, o Gimnodesportivo das Antas.

Em harmonia à sua maneira de atuar, era conhecido popularmente por "Flash" Dover. Naquele tempo de que guardamos foto coeva, que ainda é do arquivo pessoal do autor.

A propósito, no “Dragões Diário” vem uma forma de recordação que apraz vincar, como forma de mais fazer perdurar sua imagem à posteridade:

«Viu Dale “Flash” Dover jogar? Lembra-se de uma das lendas do basquetebol do FC Porto no início da década de 70 (do século XX), que tinha médias de 40 pontos por jogo e que enchia os pavilhões portugueses? Falamos-lhe dele, da grande figura do título de campeão nacional de 1971/72, porque o norte-americano apareceu cá na cidade do Porto de surpresa para "matar saudades" e conhecer a estátua que o imortaliza no Museu, que visitou, tal como o Estádio do Dragão. Dover recordou, sempre a falar em português, os tempos memoráveis com a camisola azul e branca e, no fim, confessou ter ficado “portista para sempre”. O FC Porto ficou no coração de Dover e Dover também ficou no coração do FC Porto».

Eis então, como aqui fica, umas imagens de vídeo reportando essa recente visita do “Flash” Dover ao Museu F C Porto by BMG:



Armando Pinto

((( Clicar sobre a imagem de cima, para ampliar. E na seta do vídeo, para aceder ao filme )))

quinta-feira, 17 de março de 2016

Ecos da História do Hóquei em Patins Portista


Passa o hóquei portista por uma fase de renovação, na atualidade. Com um panorama de remodelação, por assim dizer, que leva a que a carreira da equipa principal não tenha sido bem dentro dos anseios dos apoiantes e atentos seguidores, por ora. Podendo contudo ainda conseguir algo interessante no que falta disputar, na época em curso. Realidade essa, no momento, que de todo o modo fica na memória histórica da respetiva secção, que já passou por muitas situações, de maior ou menor saliência.

Num momento assim, em que o futuro pode ser de revitalização da aura que envolve o hóquei patinado dentro da mística azul e branca, mas que importa reter, lembramos algumas imagens de tempos passados, de quando a modalidade no clube ainda não atingira o cume, mas caminhava com laivos de progresso.


Assim sendo, vem a talhe, desta vez, recordar um tempo em que, após período saliente, o F C Porto conseguiu formar uma equipa que, em 1969, venceu o Campeonato Metropolitano e foi Vice-Campeão Nacional (em disputa com os clubes do então Ultramar português), bem como depois voltou a vencer a fase inicial do Metropolitano, em 1970/71, até que a equipa sénior passou por período de renovação, derivado à mobilização de hoquistas em idade militar que tiveram de rumar para a guerra colonial. Tendo-se ausentado desse modo o guarda-redes Castro e o avançado Zé Fernandes, por exemplo. Continuando Cristiano, Leite, Ricardo, Hernâni, Fernando Barbot e Júlio, mais Augusto, Jorge Câmara, e alguns mais.


Desses tempos, em forma de evocação, recorde-se que o F C Porto, como agremiação desportiva eclética, com muitas modalidades além do futebol, vivia temporadas de menor potencial, como serve de exemplo referir que os hoquistas nem podiam oferecer as suas camisolas, no fim de jogos e mesmo ao fim da época, pela falta que faziam (aqui o autor dessas linhas chegou a ter algumas promessas, não concretizadas à época, por esses motivos), inclusive as luvas, se rasgadas ou furadas, eram quantas vezes coladas com adesivos (como se via na evolução dos atletas em rinque), por via da escassez de fundos para abastecimento de material, etc. e tal.


Pois então, em jeito de recordação, colocamos diante dos olhos da memória algumas imagens desse tempo, quer da equipa principal, como da equipa de reservas (composta pelos hoquistas que serviam de reforços ao plantel). E, por extensão, lembramos que nessa era alguns nomes da secção de hóquei em patins do F C Porto tiveram papel importante na construção do Pavilhão Gimnodesportivo das Antas (como era chamado inicialmente, o pavilhão de jogos, mais tarde rebatizado de Pavilhão Américo Sá; havendo ainda o pavilhão de treinos que era chamado Pavilhão Afonso Pinto de Magalhães). Tendo esses ilustres dirigentes portistas recebido o Emblema Gratidão, entre os sócios agraciados – conforme registamos em apontamentos pessoais, à época, em 1972/73.


Armando Pinto

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