Um Mar Azul espraia-se por tudo quanto é sítio onde se
realizem jogos do FC Porto. Desliza nas paragens da ocidental praia lusitana uma
autêntica avalancha de fiéis adeptos portistas seguindo por todo o lado a
equipa azul e branca que joga por todo o mundo dragão, incluindo estádios da
Europa comunitária e mesmo em países de fora, como ocorreu na inglesa Liverpool.
Entre pessoas que fazem das tripas coração e conseguem superar as dificuldades
da vida, representando também muitos mais que gostariam de acompanhar tudo se
pudessem. Havendo pessoas que por motivos de poupanças de saúde não podem, como
quem tenha de poupar nos recursos que a situação do país limita a boas franjas
populacionais. Enquanto os jogadores do FC Porto lá dentro do campo jogam por
todos nós. E em espírito, dentro do possível, um outro mundo segue, sofre e vibra
com tudo o que vê, ouve e sente, do desenrolar dos jogos do FC Porto. É o Porto
uma nação dentro da nação, por mais que custe aos detratores e invejosos
oponentes, quase parecendo que o país não merece algo assim, na tacanhez das
mentalidades dos que não conseguem obter vitórias de maneira justa e verdadeira
e não olham a meios para atingir fins…
É, pois, este o panorama desportivo do país que ostenta nome
Portugal, curiosamente derivado de outras origens dos meios atualmente no
poder.
Camões cantou n’”Os Lusíadas”, já a meio do épico poema da
narrativa dos feitos lusitanos, que
“Lá na leal cidade, donde teve
Origem (como é fama) o nome eterno
De Portugal, armar madeiro leve
Manda o que tem o leme do governo… “
(referindo-se ao Porto, cidade que deu origem ao nome de Portugal,
com a sinédoque de seco lenho, na conclusão … do que tem o leme do governo
manda armar madeiro [barco] leve [veloz]) … sabendo-se que foi no Porto, nos
estaleiros ribeirinhos de Miragaia, que foram construídas as caravelas dos Descobrimentos
de novos mares ao mundo, incluindo o sacrifício da doação de carnes para
abastecimento da tripulação dos navegantes à expedição a Ceuta, celebrizada na
tradição das tripas de altruísmo patriota…
Ao passo que Pedro Homem de Melo no poema Aleluia refletiu e
concluiu (sobre tudo o que se consubstancia na bandeira empunhada pelo sentimento
Portista), que
«… Só quem não sente o ardor da juventude
Poderá vê-la de olhos descuidados.
Porto – palavra exacta. Nunca ilude.
Renasce nela a ala dos namorados…
… São sempre heróis! São sempre Portugueses!
E, azul e branca, essa bandeira avança…
Azul, branca, indomável, imortal.
Como não pôr no Porto uma esperança
Se “daqui houve nome Portugal!?»
Mas, como também Camões já nos idos de quinhentos percebeu o
que murmuravam os velhos do Restelo e estava patente na vã cobiça, incluiu
(logo no canto I) algo extensivo:
«Já lhe foi (bem o vistes) concedido
C’um poder tão singelo e tão pequeno,
Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda a terra, que rega o Tejo ameno:
Pois contra o Castelhano tão temido,
Sempre alcançou favor do Céu sereno.
Assim que sempre, enfim, com fama e glória,
Teve os troféus pendentes da vitória.»
Ora, neste país da costa mais ocidental europeia, os valores
históricos e sociais têm andado arredios de quem detém o poder, não olhando a
tudo e todos por igual, conforme se nota com o fenómeno desportivo e perante o
tratamento ao sentimento portista. Por quanto o FC Porto foi até agora o representante
português que mais resistiu na compita com os colossos europeus e levou atrás
um mar de gente acompanhante, com boa reputação na representação nacional
derivada. Porém, apesar de tudo e enquanto isso, por cá tudo era, foi e é diferente. Embora sendo algo a que o povo
não esteja já habituado.
Basta recuar ao tempo do Calabote e depois ao do Reinaldo Silva,
como dois exemplos do tempo das arbitragens à sistema BSB. Sendo uns autênticos
heróis os futebolistas do FC Porto que nessas eras conseguiram mesmo assim
ainda ganhar alguns campeonatos e taças, assim como é de admirar os que não conseguiram, apesar de grandes
valores que foram e se mantiveram fieis ao FC Porto…
= Uma das gerações heróicas do FC Porto. Equipa do FC Porto
em 1963, na transição dos consagrados valores dos anos cinquentas para as novas
estrelas surgidas na década de 60… incluindo valores como Hernâni, Arcanjo, Carlos Duarte… e já Américo, Festa, Custódio Pinto, Jaime, Azumir, Atraca, Joaquim Jorge, Paula, Carlos Baptista, Mesquita, Jorge Gomes…
= Equipa vencedora da Taça de Portugal de 1968, triunfante na final por 2-1 diante do Vitória de Setúbal !
Pois sim, depois de tudo... Na atualidade está tudo a voltar ao antigo. Desde que passou
em claro o Estorilgate, mais o caso gritante do túnel, depois o ano do colinho,
ainda o campeonato da Liga Salazar…
Então, presentemente, acumulam-se casos que mostram a
corrupção que tem levado o Benfica, sabendo-se como o caso dos e-mails não é
desmentido, a justiça desportiva não atua e os responsáveis escondem a cabeça
na areia. Agora foram detidos indivíduos ligados ao Benfica, tendo um assessor
jurídico da SAD do Benfica sido preso preventivamente por suspeitas de corrupção ativa, e
continua a cortina de encobrimento oficial nas esferas desportivas. Estando em
causa uma rede montada pelos encarnados para recolher informações de processos
que corriam no DIAP de Lisboa e outras extensões judiciárias, conforme se sabe
por a investigação se ter espalhado pelos Tribunais de Fafe e de Guimarães, além
das instalações da SAD benfiquista, no Estádio da Luz, todos também alvos de
buscas.
= Na edição de quarta-feira dia 7 de março do jornal "O
JOGO" é apresentado um esquema que demonstra as várias ligações de Paulo
Gonçalves, um “cabecilha” do sistema…. O esquema mostra a quantidade de pessoas
envolvidas neste “polvo” que não parece ter fim.=
Pois decorrendo isso, mas para iludir e desviar atenções, aparece
na comunicação social que foi por diferentes instâncias instaurado um inquérito
à segunda parte do jogo de futebol entre Estoril Praia e FC Porto, disputada em
21 de fevereiro, sobre assunto que está mais que justificado e explicado.
Aparecendo logo o Conselho do futebol português a abrir inquérito
a isso. Enquanto da goleada do Benfica ao Marítimo que foi muito estranha com
encolher de pernas, etc. e tal, nada… E, de bradar, sobre a corrupção do
Benfica e detenções de seus representantes envolvidos, estando todos como
arguidos e inclusive o clube… conforme as próprias medidas de coação ditadas
pelo Tribunal de Lisboa… nada, nada de nada. Mesmo com toda essa sujeira a chegar
ao estrangeiro, andando já nas colunas de todo o mundo.
Enfim.
Enquanto isso, continua o mar azul. Sendo entusiasmante a
ruidosa massa de seguidores apoiantes que foram um orgulho clubista no apoio ao
FC Porto em Anfield Road. Tal reflete a imagem dum polícia aderente à alegria
portuguesa, pelo bom comportamento dos adeptos portistas, qual marca de
apreço (“this is your year to sparkle”). Algo que se fosse com um grupo de
adeptos do clube que não tem claques reconhecidas, seria para filme genérico… à
posteridade!
Como diz a vozearia das claques oficiais do FC Porto, com o
Porto vai-se até ao fim do mundo. Ultrapassando de lado a caravana que passa em
sentido contrário. Sem misturar o bem com o mal, a verdade e retidão com a
mafia e corrupção. Pois que o Porto honramos, quão nos contempla. Tal o Porto é
para sempre, até ao fim dos tempos!
Armando Pinto
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