Na proximidade da festa de apresentação da equipa principal do
F C Porto para 2014/2015 e ainda na calha da recente festa de homenagem e
despedida ao Deco, de duas em uma, duma assentada, recordamos desta feita um
exemplo de duas festas dedicadas a um mesmo futebolista. Possivelmente caso
único, tanto quanto nos lembramos. Tal o que ocorreu, com alguns anos de
intervalo, durante a década de sessenta, primeiro com uma festa de homenagem e
depois, volvidos anos, com uma outra de despedida, ao guarda-redes Américo.
Ora, quanto à festa de apresentação do plantel entretanto
formado para a próxima época, está ainda de fresco o respetivo conhecimento,
por tudo o que foi expresso na comunicação pública. E aliás, mesmo nos sítios
informáticos da Internet, sobretudo em blogues e também páginas das redes
sociais, tudo e mais alguma coisa já foi referido, não interessando assim encher
apenas mais espaço. Sobrando, por conseguinte,
uma aberta oportuna para recordar um caso vindo a talhe (a propósito da
jornada dedicada a Deco), qual o apreço que noutros tempos foi dedicado ao
célebre guardião Américo Lopes, festejado a dobrar, ainda durante sua atividade
na defesa da baliza do F C Porto e por fim no encerramento da respetiva
carreira.
Com efeito, corria já a transição do fim do Verão de 1964,
quando, a 30 de Setembro, decorreu numa noite agradável, em pleno estádio das
Antas, um jogo de homenagem a Américo, tendo como prato forte um encontro entre
as formações principais do F C Porto e do Sporting, terminando com uma vitória
portista por 1-0, através dum golo de Valdir. Jogo esse em que o F C Porto alinhou com
Américo (depois Rui), Atraca, Almeida, Rolando, Joaquim Jorge; Carlos Baptista,
Custódio Pinto; Jaime Silva, Valdir, Artur Jorge e Nóbrega. Tendo o Sporting
alinhado com todos os seus principais elementos, também, contando com o
guarda-redes Carvalho, os defesas Pedro Gomes, Morato, Alfredo e Saturnino;
médios Fernando Mendes e José Carlos; e avançados Serra, Sitói, Osvaldo Silva e
João Morais.
Dessa festa noturna de inícios do Outono de 1964, de
homenagem pela dedicação do mesmo guarda-redes ao clube, sendo então
considerado como referência especial, mostramos imagem alusiva, dum recorte de
jornal (dos que nos foi possível guardar e preservar ao longo dos anos),
reportando o agradecimento público de Américo, antes dos atos protocolares, que
meteram oferta duma salva de prata oferecida em nome do F C Porto pelo então
presidente do clube, Dr. Cesário Bonito; e diversas recordações de colegas,
adversários e até admiradores.
Naquelas épocas, em que havia amor à camisola, era costume haver festas de homenagens aos
melhores futebolistas dos clubes, mas especialmente em fins de carreira ou quando
já se aproximava o arrumar das botas. Só que com Américo ainda haveria algo mais,
afinal havia outra…
Ora, depois disso, muita água do rio Douro correu por baixo
das pontes portuenses de D. Maria Pia, D. Luís I e Arrábida, que a custo eram atravessadas, nessas eras, pelas
condicionantes de tal período político-social e desportivo do antigo regime,
como é sabido… e decorreu o percurso futebolístico do melhor guarda-redes português
desses tempos. Incluindo a conquista da Baliza de Prata, trofeu existente ao
tempo, de guarda-redes menos batido no campeonato, bem como, mais tarde, a vitória
na Taça de Portugal em 1968 e a atribuição do Trofeu Somelos-Helanca de melhor
futebolista do campeonato, através de pontuação de jornalistas… do jornal A
Bola, de Lisboa. De permeio com outras distinções, como da RTP, jornal O Norte
Desportivo, etc. Até que, já em finais
daquela década muito recordada do século XX, em 1969, após os acontecimentos
que ditaram a perda do campeonato que mais perto esteve de ser conquistado pelo
F C Porto (na época de 1968/69), uma arreliadora lesão no joelho obrigou
Américo a deixar a prática do futebol, pondo fim a uma brilhante carreira.
Seguindo-se a sua despedida, a 02 de Setembro de 1969, com um jogo F C Porto-Benfica.
Havia aí o custo do adeus a Américo, que era bastião da
retaguarda da equipa portista e ao longo dos anos fora [fôra] disfarçando
alguma irregularidade das diferenças entre setores das sucessivas equipas azuis
e brancas. E assim sendo, deixando-se do o ver a voar para a bola, como até de o ouvir, com seu vozeirão atroando os ares, a comandar a defesa e a dar ânimo aos colegas, contava já a saudade que batia no seio da família
portista. Como se não bastasse, intrometeu-se ainda certa tristeza acrescida pelo
jogo do programa, que contou com algumas estreias e inclusão de novos
elementos, tal os casos de Cibrão (ex-Gil Vicente), Vieira Nunes (regressado,
vindo da Académica), Gualter (ex-Guimarães), o brasileiro Ronaldo (avançado que
era tão goleador que depois foi colocado a defesa), alguns ex-juniores, como Chico Gordo, e na baliza o jovem guarda-redes Aníbal, outro
ex-junior em quem se depositavam fortes esperanças, depressa esfriadas, porém
pela evolução do resultado nessa noite, terminado que foi o jogo, nas Antas, com uma surpreendente vitória dos encarnados
por 3-0… num resultado concludente conseguido por Eusébio, Coluna e outros
(cujos nomes estão legendados em algumas das imagens que por aqui colocamos). Sendo
desde logo antevisto um cenário temido, como veio a acontecer sobretudo pela
carreira seguinte da equipa, que, para substituir Américo, nessa mesma época (terminada
com a pior classificação de sempre no campeonato nacional) comportou a inclusão
de cinco guarda-redes ao longo da temporada – Aníbal, Rui, Vaz, Antenor e
Frederico.
Ora, dessa festa de despedida, a segunda de homenagem
pública, em honra de Américo Ferreira Lopes, em que o Américo até foi distinguido oficialmente pela entidade governamental Direcção Geral dos Desportos, juntamos algumas recordações documentais, do
arquivo do autor destas linhas, também. Deixando falar as palavras escritas
nesse tempo, há que tempos…
Armando Pinto
((( CLICAR sobre as imagens, para ampliar )))
Isto é HISTÒRIA DO FCP, memória viva. Obrigado.
ResponderEliminarMeu ídolo de criança, pena não o ter visto jogar no Mundial de 1966.
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