Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Festas Portistas – Um caso de duas jornadas festivas… dedicadas a Américo!


Na proximidade da festa de apresentação da equipa principal do F C Porto para 2014/2015 e ainda na calha da recente festa de homenagem e despedida ao Deco, de duas em uma, duma assentada, recordamos desta feita um exemplo de duas festas dedicadas a um mesmo futebolista. Possivelmente caso único, tanto quanto nos lembramos. Tal o que ocorreu, com alguns anos de intervalo, durante a década de sessenta, primeiro com uma festa de homenagem e depois, volvidos anos, com uma outra de despedida, ao guarda-redes Américo.


Ora, quanto à festa de apresentação do plantel entretanto formado para a próxima época, está ainda de fresco o respetivo conhecimento, por tudo o que foi expresso na comunicação pública. E aliás, mesmo nos sítios informáticos da Internet, sobretudo em blogues e também páginas das redes sociais, tudo e mais alguma coisa já foi referido, não interessando assim encher apenas mais espaço. Sobrando, por conseguinte,  uma aberta oportuna para recordar um caso vindo a talhe (a propósito da jornada dedicada a Deco), qual o apreço que noutros tempos foi dedicado ao célebre guardião Américo Lopes, festejado a dobrar, ainda durante sua atividade na defesa da baliza do F C Porto e por fim no encerramento da respetiva carreira.


Com efeito, corria já a transição do fim do Verão de 1964, quando, a 30 de Setembro, decorreu numa noite agradável, em pleno estádio das Antas, um jogo de homenagem a Américo, tendo como prato forte um encontro entre as formações principais do F C Porto e do Sporting, terminando com uma vitória portista por 1-0, através dum golo de Valdir.  Jogo esse em que o F C Porto alinhou com Américo (depois Rui), Atraca, Almeida, Rolando, Joaquim Jorge; Carlos Baptista, Custódio Pinto; Jaime Silva, Valdir, Artur Jorge e Nóbrega. Tendo o Sporting alinhado com todos os seus principais elementos, também, contando com o guarda-redes Carvalho, os defesas Pedro Gomes, Morato, Alfredo e Saturnino; médios Fernando Mendes e José Carlos; e avançados Serra, Sitói, Osvaldo Silva e João Morais.


Dessa festa noturna de inícios do Outono de 1964, de homenagem pela dedicação do mesmo guarda-redes ao clube, sendo então considerado como referência especial, mostramos imagem alusiva, dum recorte de jornal (dos que nos foi possível guardar e preservar ao longo dos anos), reportando o agradecimento público de Américo, antes dos atos protocolares, que meteram oferta duma salva de prata oferecida em nome do F C Porto pelo então presidente do clube, Dr. Cesário Bonito; e diversas recordações de colegas, adversários e até admiradores.


Naquelas épocas, em que havia amor à camisola, era costume haver festas de homenagens aos melhores futebolistas dos clubes, mas especialmente em fins de carreira ou quando já se aproximava o arrumar das botas. Só que com Américo ainda haveria algo mais, afinal havia outra…


Ora, depois disso, muita água do rio Douro correu por baixo das pontes portuenses de D. Maria Pia, D. Luís I e Arrábida, que a custo eram atravessadas, nessas eras, pelas condicionantes de tal período político-social e desportivo do antigo regime, como é sabido… e decorreu o percurso futebolístico do melhor guarda-redes português desses tempos. Incluindo a conquista da Baliza de Prata, trofeu existente ao tempo, de guarda-redes menos batido no campeonato, bem como, mais tarde, a vitória na Taça de Portugal em 1968 e a atribuição do Trofeu Somelos-Helanca de melhor futebolista do campeonato, através de pontuação de jornalistas… do jornal A Bola, de Lisboa. De permeio com outras distinções, como da RTP, jornal O Norte Desportivo, etc.  Até que, já em finais daquela década muito recordada do século XX, em 1969, após os acontecimentos que ditaram a perda do campeonato que mais perto esteve de ser conquistado pelo F C Porto (na época de 1968/69), uma arreliadora lesão no joelho obrigou Américo a deixar a prática do futebol, pondo fim a uma brilhante carreira. Seguindo-se a sua despedida, a 02 de Setembro de 1969, com um jogo F C Porto-Benfica.


Havia aí o custo do adeus a Américo, que era bastião da retaguarda da equipa portista e ao longo dos anos fora [fôra] disfarçando alguma irregularidade das diferenças entre setores das sucessivas equipas azuis e brancas. E assim sendo, deixando-se do o ver a voar para a bola, como até de o ouvir, com seu vozeirão atroando os ares, a comandar a defesa e a dar ânimo aos colegas, contava já a saudade que batia no seio da família portista. Como se não bastasse, intrometeu-se ainda certa tristeza acrescida pelo jogo do programa, que contou com algumas estreias e inclusão de novos elementos, tal os casos de Cibrão (ex-Gil Vicente), Vieira Nunes (regressado, vindo da Académica), Gualter (ex-Guimarães), o brasileiro Ronaldo (avançado que era tão goleador que depois foi colocado a defesa), alguns ex-juniores, como Chico Gordo, e na baliza o jovem guarda-redes Aníbal, outro ex-junior em quem se depositavam fortes esperanças, depressa esfriadas, porém pela evolução do resultado nessa noite, terminado que foi o jogo, nas Antas, com uma surpreendente vitória dos encarnados por 3-0… num resultado concludente conseguido por Eusébio, Coluna e outros (cujos nomes estão legendados em algumas das imagens que por aqui colocamos). Sendo desde logo antevisto um cenário temido, como veio a acontecer sobretudo pela carreira seguinte da equipa, que, para substituir Américo, nessa mesma época (terminada com a pior classificação de sempre no campeonato nacional) comportou a inclusão de cinco guarda-redes ao longo da temporada – Aníbal, Rui, Vaz, Antenor e Frederico.


Ora, dessa festa de despedida, a segunda de homenagem pública, em honra de Américo Ferreira Lopes, em que o Américo até foi distinguido oficialmente pela entidade governamental Direcção Geral dos Desportos, juntamos algumas recordações documentais, do arquivo do autor destas linhas, também. Deixando falar as palavras escritas nesse tempo, há que tempos…




Armando Pinto

((( CLICAR sobre as imagens, para ampliar )))

2 comentários:

  1. Isto é HISTÒRIA DO FCP, memória viva. Obrigado.

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  2. Meu ídolo de criança, pena não o ter visto jogar no Mundial de 1966.

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