Tal como noutros tempos houve alterações profundas na
sociedade perante mudanças estruturais, como foi em Portugal no período de
transição da Monarquia à República, entrado o século XX (para não recuar
demasiado na cronologia) diante do desaparecimento de antigos dinheiros como
eram as moedas de Reis até à entrada do Escudo, mais a mudança das cores nacionais
do azul e branco da realeza para o verde e vermelho do Partido Republicano
Português e seus movimentos associados, como à entrada do
século XXI surgiu a moeda Euro que substituiu pela metade o Escudo, também no
futebol tudo se tem alterado ao longo dos tempos e talvez até mais depressa. Acontecendo,
no caso do futebol, como desporto rei, que o facto se evidencie demasiado na
repentina situação das transferências e grandes somas envolvidas. Contudo,
antes disso ainda, o panorama foi sendo modificado em variados aspetos menos
agressivos, como eram em tempos distantes as provas do início de época, através
de torneios famosos que eram possíveis por não existirem ainda
pré-eliminatórias de acesso às competições europeias, nem os campeonatos
nacionais começarem em pleno período de verão, havendo inclusive férias
grandes, como era chamado a esse período de veraneio alongado.
Pois então, enquanto pelos idos de quarenta e inícios de
cinquenta, do século XX, ainda não existiam provas internacionais oficializadas, foram
decorrendo jogos de permutas entre equipas de diversos países, tendo o FC Porto
tido jogos famosos com receções vitoriosas diante do Vasco da Gama do Brasil, Arsenal de Londres, Portuguesa do Rio, Fluminense, o Real Madrid, Vazas,
Valência, etc, cuja repercussão se refletia em tais momentos terem sido
distinguidos com publicações de coloridas separatas de publicações da
especialidade, à época, em género de “posters” médios ilustrados. Gravuras essas
que se viam nesse tempo, como embelezamento, por exemplo, coladas ou pregadas a
forrarem tapamentos de locais públicos, quais divisórias de tábuas de madeira
em tascas e similares estabelecimentos de comes e bebes nessas eras, quando não
em quadros emoldurados a decorarem lojas de comidas e casas de pasto, como em
tempos idos se chamava aos restaurantes tradicionais de aspeto singelo ou clássico,
respetivamente. Para depois, quando começaram as provas europeias oficiais, iniciadas a partir do Outono, os períodos de verão antecedente aos jogos de
campeonato eram precedidos de torneios internacionais organizados por clubes, que
se foram tornando famosos.
Então, pelos anos sessentas, em plena década que o FC Porto
em Portugal não conseguia mostrar sua valia pelas manobras dos bastidores
federativos, foi conseguindo desforrar-se no estrangeiro, onde foi sendo
possível fazer coisas bonitas e ganhar provas importantes. Tal o caso do famoso
torneio espanhol do Troféu Luís Otero, anualmente organizado em Pontevedra, na
Galiza.
Eis o atraente trofeu que agora, em Setembro de
2017, é o “Objeto do Mês” de amostra no espaço público de acesso à Loja do
Dragão e ao Museu do FC Porto: o Troféu Luís Otero, de 1964. Sendo esse o
segundo, como importa sempre recordar, pois que tal torneio e consequente
troféu foi conquistado por duas vezes pelo FC Porto, a primeira em 1962 e por
fim em 1964.
Com efeito, como é descrito na relação correspondente, a
propósito, «ao longo da história, o FC Porto marcava presença em importantes
torneios de verão, autênticos festivais futebolísticos que ajudavam a preparar
as épocas desportivas, a encantar plateias nacionais e estrangeiras e, também,
a depositar factos e objetos memoráveis no património do clube.
É o caso do
Troféu Luís Otero, conquistado pela segunda vez pelo FC Porto em 1964 com uma
equipa onde emergia Rolando, um dos históricos capitães azuis e brancos, e o
jovem Artur Jorge. A taça, erguida em Pontevedra (Espanha), e outras curiosidades
sobre este torneio descobrem-se no Hall do Museu, área de circulação livre,
onde todos os meses há uma revelação da diversidade e riqueza da coleção do
clube, colocando a história ainda mais ao alcance de todos » - para todas as
idades e com entrada livre, no Hall do Museu.
Rolando »»»
Assim sendo, apraz avivar o facto ao quadrado, recordando a vitória dupla conquistada, através de alguns dos dados relacionados com essa participação em tal torneio, da primeira vez realizado entre três competidores, e à segunda dois, sempre com o FC Porto em jogo.
= Azumir e Valdir =
Em 1962, os participantes foram o Pontevedra CF e Real Betis,
de Espanha, mais o FC Porto, de Portugal. Tendo o FC Porto tido o seguinte
programa
- Meia-final, a 24 de Agosto de 1962 - FC Porto, 2 - Real Betis,
1 [golos: 1-0 por Hernâni, aos 40´; e 2-0 por Azumir, aos 44´; 2-1 pelo espanhol Luís, aos 87´]´,
Alinhando as equipas com
FC Porto: Rui; Virgílio, Miguel Arcanjo, Mesquita, Atraca, Paula, Carlos
Duarte, Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim.
Real Betis: Corral; Colo, Ríos, Arieta, Lasa, Bosch,
Senekovic, Luís, Ansola, Cortés, Portilla.
- Final, no seguinte 26 de Agosto - Pontevedra CF, 0 - FC
Porto, 2 [golos: 0-1 por Azumir, aos 52´, e 0-2 por Serafim, aos 58´]
Alinhando os finalistas assim
Pontevedra CF: Gato (Estévez); Firi, Calleja, Cholo; Pastor,
Bea (Guillermo);Recalde, Vallejo, Tucho, Cerezuela, Ferreiro.
FC Porto: Rui; Virgílio, Arcanjo, Mesquita; Festa, Paula; Carlos
Duarte, Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim.
Chegados os elementos da comitiva portista ao Porto no dia
seguinte, houve receção apoteótica que, a propósito, foi também ainda há um ano
recordada globalmente. Incluída tal lembrança que foi nas efemérides referidas
diariamente na página informática do Museu FC Porto e extensivamente partilhada
na pública carta de mensagens e novidades do clube, “Dragões Diário”, relembrado
a 27 de Agosto, que nessa data fazia anos que «em 1962, a equipa do FC Porto
regressava a casa com o Trofeo Luis Otero, de futebol, conquistado em
Pontevedra (Espanha). Vários jogadores históricos, como o guarda-redes Américo,
faziam parte do plantel nesse ano». Os quais, entre mais, se podem recordar
visitando o Museu para conhecer melhor os ídolos perpetuados na memória do
clube.
Por acaso Américo não chegou a alinhar em nenhuma das vezes
em que o FC Porto venceu esse torneio, por estar lesionado. Contudo fazia parte do plantel obviamente, tendo de
ambas as vezes depois alinhado logo de início no campeonato português, ele
que era e foi o guarda-redes nº 1 desse valioso grupo, do qual se recorda uma
das formações contemporâneas.
Volvidos dois anos (com interregno de um ano em que só
participaram o Bétis e o anfitrião Pontevedra, com o visitante sevilhano saindo
vencedor), em 1964 o FC Porto voltou a ser convidado, sendo participantes o
Pontevedra CF, de Espanha, e o português FC Porto:
- Final, a 6 de Setembro de 1964 - Pontevedra CF, 0
- FC Porto, 2 [golos:0-1 por Bernardo da Velha, aos 32´, e 0-2 por Nóbrega, aos
75´]
Alinhando
Pontevedra CF: Fermín; Azcueta, Batalla, Cholo; Martín
Esperanza, Roldán I; José Luis (Recalde), Cerezuela (Roldán II), Vallejo, Neme,
Odriozola.
FC Porto: Rui; Festa, Almeida, Joaquim Jorge; Carlos Baptista,
Paula; Jaime (depois Artur Jorge), Bernardo da Velha, Valdir, Pinto (Rolando) e
Nóbrega.
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
Que saudades deste início de paixão!
ResponderEliminarBelíssimo trofeu que estava exposto e cheguei a ver na sala Museu Pinto Magalhães das Antas
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