Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

In Memoriam de António Nicolau de Almeida – fundador do FC Porto – na efeméride do seu falecimento !

A 21 de fevereiro de 1948 faleceu António Nicolau d'Almeida, o fundador e primeiro presidente do Futebol Clube do Porto. Portuense que havia nascido a 19 de outubro de 1873, e também no Porto expirou então com 74 anos. Havia sido um antigo comerciante da cidade do Porto, onde fundou o FC Porto sob o nome de Foot-Ball Club do Porto, em 1893.

Quando criou o F C Porto António Nicolau de Almeida era sócio com o seu pai de uma firma exportadora de vinho do Porto. 

De permeio aconteceu que, numa das suas viagens a Inglaterra, ficou fascinado com o futebol e desde logo começou a pensar na ideia de criar um clube em Portugal.

Assim, com alguns amigos da alta sociedade, no dia 28 de setembro de 1893, Nicolau fundou o Foot-Ball Club do Porto, no dia do aniversário de nascimento e casamento do rei D. Carlos e da rainha D. Amélia. Na altura, tinha 20 anos. Era também sócio do Velo Club do Porto. Motivo de nos primeiros tempos de existência do Futebol Clube do Porto ter havido uma espécie de parceria entre as duas coletividades, qual acompanhamento paralelo, visto muitos dos atletas de um lado também terem sido dos primeiros jogadores, sócios e dirigentes do outro.

Depois disso, em Outubro seguinte, ainda durante esse outono de 1893, com o clube fundado por Nicolau de Almeida a dar os primeiros passos, aos pontapés numa bola, iniciaram-se os primeiros treinos do novo clube de futebol. Havendo notícias de no início desse mês ter havido treinamentos dos pioneiros do FC Porto no campo do Prado de Matosinhos com o clube de Aveiro, dirigido por Mário Duarte, seguindo-se a 8 desse mesmo mês um encontro no antigo Hipódromo de Matosinhos, em jogo-treino entre os primeiros sócios do novo clube; e de seguida o 1º jogo FC Porto-Clube de Aveiro; para dias depois, a 15 do mesmo mês de outubro ter havido o 2º jogo inter-sócios. E como naturalmente, estando-se nos inícios do aparecimento do futebol em Portugal, ainda não havia provas organizadas e muito poucos eram os clubes, durante esses primeiros anos a atividade foi decorrendo calmamente em jogos de convívio e treinos. Tal como a 1 de novembro, segundo foi então anunciado no Jornal de Notícias, decorreu mais um “match de foot-ball” entre sócios do FCP. Tendo a 2 de março de 1894 se realizado o 1º jogo Porto-Lisboa no Campo do Oporto Cricket and Law-Tennis, no Campo Alegre, Porto. Jogo esse do FC Porto contra o Club Lisbonense, sido uma partida que foi apadrinhada pelo Rei D. Carlos, e na qual as duas equipas representaram as suas cidades. O encontro teve o nome de 1º Lisboa-Porto Cup D´El Rey. Tempos depois, já em 1905, a 6 de janeiro, o FC Porto jogou e venceu o Lisboa Ginásio por 5-2 na Cruz Quebrada.

No entanto depois desse encontro, António Nicolau de Almeida, acedendo ao pedido da sua namorada e futura esposa, Hilda Rumsey, afastou-se do clube, por ela considerar o futebol um desporto bastante violento. Havendo entretanto ainda durante o ano de 1905 Nicolau de Almeida incentivado José Monteiro da Costa a continuar o FC Porto, o que acabou por ser materializado em 1906. 

Já como refundador e segundo Presidente do FC Porto, em fevereiro de 1907 José Monteiro da Costa convidou António Nicolau d’Almeida para Vice-Presidente do Clube, por todo o apoio e ajuda prestados. Este recusaria e indicou o nome de Remualdo Torres, seu amigo e ativo colaborador do FCP desde outubro de 1893 até ao momento, que assim ficou nomeado Vice-presidente da Direção presidida por Monteiro da Costa (cuja gerência foi eleita na Assembleia do dia 9 desse mês e ano) – conforme está redigido na Tábua Biográfica da Fotobiografia do FC Porto, por Rui Guedes. 

Enquanto isso, depois que José Monteiro das Costa deu continuidade ao Clube, António Nicolau d’Almeida acompanhou essa atividade muito de perto.

António Nicolau d’Almeida, fundador do FC Porto, era comerciante de vinhos do Porto, proprietário da empresa Companhia de Vinhos de A. Nicolau d’Almeida & Companhia conforme consta no Museu do FC Porto by BMG.


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António Nicolau de Almeida, fundador do Futebol Clube do Porto, foi ainda não há muito tempo reconhecido pelo Clube com o Dragão de Ouro de Recordação do Ano, em 2013, galardão que foi recebido pessoalmente pela sua neta Elsa Nicolau de Almeida Reid, em nome do avô, na cerimónia dos Dragões de Ouro que encerrou as comemorações do 120.º aniversário do FC Porto, a 28 de setembro de 2013 (D. Elsa Nicolau de Almeida Reid, que tinha então 89 anos e veio a falecer em dezembro de 2023 com 99).

Antes disso, embora também com atraso no tempo (sendo porém melhor tarde que nunca), em 2011 foi atribuído oficialmente o nome de António Nicolau de Almeida a uma rua da cidade do Porto. Cujo nome do fundador do FC Porto denomina desde então uma rua da cidade (artéria essa que se localiza no cruzamento da Rua Manuel Pinto de Azevedo com a Rua do Conde da Covilhã), na freguesia de Ramalde. Não por ação de alguma comissão de toponímia, das que foram existindo, nem por iniciativa de quaisquer autarcas que se foram sucedendo, mas graças ao projeto artístico Viver a Rua, do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), que culminou com essa atribuição. Através de tal projeto idealizado para envolver cidadãos e instituições locais, por meio do qual foi antes lançado o desafio à comunidade para atribuir o nome de uma rua do Porto a uma pessoa, anónima ou não, tendo recebido 253 propostas. E entre os cinco finalistas, foi vencedor António Nicolau d'Almeida, sugerido por um seu sobrinho trineto (num grupo de estudantes), por ter sido o nome com mais votos recebidos de apoio.

Texto oficial da atibuição do nome da "Rua António Nicolau d' Almeida":

«António Nicolau d’Almeida: Tributo à Cidade e às suas Figuras Históricas (1873-1948)

Fundador e primeiro presidente do Futebol Clube do Porto, o júri quis reconhecer o seu papel na demarcação da identidade da cidade, além de destacar o envolvimento do grupo de estudantes, responsável pela candidatura, num concurso que apela à participação e ao sentido de pertença.»

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António Nicolau de Almeida faleceu no ano de 1948, a 21 de fevereiro, e desde aí ficou e está sepultado no cemitério de Agramonte, na cidade do Porto, em sepultura assinalada com uma placa oficial da Câmara Municipal do Porto. 

Jazigo da família do fundador António Nicolau de Almeida:

= António Nicolau d' Almeida
= De Nicolau de Almeida - com placa de sinalética informativa 

No mesmo campo santo em que também existe desde 1968 o Mausoléu do FC Porto, onde “Repousam Glórias do Futebol Clube do Porto”.


Tem o F C Porto com efeito seu mausoléu, onde, precisamente, repousam em paz Glórias do FC Porto. Como lembrança eterna, existe assim no citadino cemitério de Agramonte, na cidade do Porto, o Mausoléu do Futebol Clube do Porto, inaugurado em 1968, numa feliz iniciativa da presidência de Afonso Pinto de Magalhães. Algo sublime a honrar o sentimento clubista, denotando que os que serviram e valorizaram o F C Porto jamais serão esquecidos. Aí estão notáveis atletas, treinadores e dirigentes, lado a lado: Acácio Mesquita, atleta de futebol e outras modalidades; Avelino Martins, futebolista “cara de aço”; João Lopes Martins, atleta mais eclético (tendo praticado sete modalidades) do clube; João Augusto Silva, dirigente; Pinga e Pavão, futebolistas carismáticos; Soares dos Reis, grande guarda-redes internacional e dirigente; Joaquim Pereira Lopes (o sr. Lopinhos), massagista; mais José Maria Pedroto, futebolista e treinador Mestre. (Tendo os primeiros a ficar ali sepultados sido por trasladação, como aconteceu com os restos mortais de Pinga, que havia falecido em 1963 e foi então trasladado em 1968 para o mausoleu do clube. Os mais recentes, sepultados aquando de suas exéquias fúnebres, até agora, foram José Maria Pedroto, em 1985,  Manuel Soares dos Reis, em 1990 e João Lopes Martins, em 1995.)


 Desses ilustres Portistas estão seus nomes numa placa colocada ao lado, como legenda identificativa, a assinalar as respetivas datas. 

Tempos houve em que, pelo sentimento subjacente, era de tradição histórica o FC Porto honrar os seus mortos com deposição de coroas floridas em datas especiais, através de cerimónias da Direção e restantes órgãos diretivos do Clube. Homenageando assim as memórias de seus maiores com romagem ao cemitério de Agramonte, para depositar flores nos túmulos respetivos e no mausoleu do clube, especialmente no dia do aniversário do FC Porto. E, por toda essa envolvência e assimilação, ainda e sempre os Portistas mais atentos e fiéis à vida do Clube, quando podem, ali se deslocam como romagem de saudade, prestando homenagem aos grandes vultos do FC Porto que aí jazem, numa sentida oração clubista.

Armando Pinto

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