O futebol, considerado desporto-rei, e o ciclismo,
modalidade que entusiasma na passagem perto das pessoas, por assim dizer, são
distintas formas de atração desportiva e especialmente complementos de interação
clubista. Reinando o jogo da bola durante o ano, no decurso dos campeonatos nacionais
e provas internacionais, até que o ciclismo, que se vai revezando em interesse
ao longo do calendário, tem ponto alto no defeso do futebol, ao correr da Volta
a Portugal.
Estando-se em tempo propício, no ano do regresso do FC Porto
ao desporto dos pedais e vitória portista na prova rainha do ciclismo
português, vem a propósito trazer aqui uma curiosidade relacionada, como espaço
vocacionado a casos históricos de afeição portista.
Como adepto do FC Porto, escrevendo no caso pessoal, mas em geral entre boa parte dos apoiantes, o futebol e o ciclismo sempre foram
modalidades queridas dentro do apreço clubista. No decurso do desenvolvimento patente
pela evolução visível da passagem de pequenos campos de futebol ao estádio com
pistas de ciclismo e atletismo, pelos idos anos cinquentas, sessentas até à
década de setenta, sobretudo, e a entrar pelos anos oitentas quando voltaram as
boas razões. Sendo que outras modalidades nunca tiveram tanta
expressão dentro do clube, no sentido de forte aposta, ao passo que o futebol e
ciclismo eram forças motrizes do desenvolvimento clubista. Aparecendo depois,
já em finais dos anos sessentas, o crescimento do hóquei em patins no FC Porto,
também, passando a cativar o entusiasmo portista a partir de então. Havendo aí particular predileção pelas modalidades em apreço. Além do basquetebol no apogeu da era de Flash Dover e a espaços o andebol. Embora haja quem queira
separar as coisas, mas factos são factos. Tanto que quando o FC Porto deixou de ter ciclismo, esta
modalidade ficou de lado nas atenções, a pontos que durante anos em grande
maioria os adeptos nem sabiam os nomes dos ciclistas do pelotão, a não ser os
mais badalados na comunicação social naturalmente. Ao passo que na atualidade,
com a presença clubista, são conhecidos nomes e até as fisionomias dos
ciclistas aplaudidos ao longo das corridas, como se viu na Volta a Portugal de
modo especial.
Como enquadramento, será de recordar, para contextualizar,
que tempos houve em que essa importância do ciclismo no âmbito clubista incluía
a própria organização de provas à responsabilidade dos clubes, sabendo-se por
exemplo que os três grandes chegaram a ter parte na organização de algumas
edições da Volta a Portugal em bicicleta e inclusive existiram, entre as
corridas oficiais do calendário velocipédico, alguns Grandes Prémios com os
nomes dos clubes, como organizadores que eram, respetivamente. Sendo então os
próprios clubes anfitriões a tratarem de toda a logística, obviamente.
Posto isto, vem o assunto que dá mote a esta memorização, na
pertinência do tema. Tratando-se dum facto sugestivo e sintomático, ocorrido em
plena década de sessenta, num tempo áureo dessa interessante cumplicidade entre
futebol e ciclismo. Qual foi, na chegada de uma etapa então ganha pelo ciclista do FC Porto Ernesto Coelho, numa das edições do Grande Prémio do FC Porto, com a meta instalada na pista do estádio das Antas, o juiz de chegada (pessoa que sinaliza o corte da meta com
a bandeira correspondente) ter sido um nome importante do futebol portista, em
sintonia com a envolvência azul e branca no acontecimento – o famoso guarda-redes
Américo, como referência maior do futebol do mesmo clube, nesse tempo.
Desta curiosa preciosidade memorial se dá conta a preceito,
através de recorte do antigo jornal O Norte Desportivo (com a imagem original,
quer legendada, como de permeio em fragmentos para ajuste de visualização). Vendo-se o possante Ernesto Coelho a erguer o braço em sinal de vitória, na chegada à meta diante da bancada central vibrante de público, enquanto Américo estava muito atento ao sprint vitorioso do colega de clube.
Armando Pinto
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