Faleceu António Barbosa, antigo futebolista do FC Porto nos
anos cinquenta e princípios dos sessenta, finado na manhã deste domingo de
início de Dezembro. Desaparecendo assim fisicamente um dos poucos sobreviventes
da equipa maravilha do FC Porto, com Hernâni, Virgílio, Carlos Duarte, Pedroto, Monteiro da Costa, António Teixeira, Noé, Perdigão, Acúrcio, Américo e outros, que nos anos cinquenta teve o condão de
conseguir vencer o sistema desportivo português, a pontos de ter ficado a
convicção histórica de que só com equipa muitíssimo superior o FC Porto poderá
vencer tudo e todos.
Agora, quando o sentimento portista está ainda ferido pelo
autêntico roubo cometido pelo continuado sistema do futebol luso, tal o que
aconteceu no recente clássico com o Benfica no estádio do Dragão e todas as
manobras subterrâneas dos cartilheiros, falsos padres, acólitos e aquela “jandra“ que
anda na sombra da corrupção que tem sido fértil no país, enquanto isso, a
representatividade da entidade do mundo azul e branco sofre mais uma perda,
esta física e sentimental, com o desaparecimento de Barbosa.
Barbosa foi um rosto sereno que eu me habituei a conhecer
por imagens e gravuras, sendo um dos primeiros cromos que me saíram nos embrulhozitos
de rebuçados era eu criança. Não o conheci pessoalmente, mas via-o na história
do FC Porto, conhecia-o pelas fotografias e por quanto representava no ego
portista.
Como tal, Barbosa, Américo, Arcanjo, Paula, Ívan, Virgílio, Jaime, Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim, estão num quadro emoldurado do "atelier de estudo e escrita" do autor destas linhas, incluídos na equipa do tempo do histórico treinador Jorge Orth, ao tempo dos inícios do portismo cá de dentro...
Nascido em Miragaia, a 3 de Novembro de 1931, António
Fernando Barbosa da Silva cresceu em Ramalde de baixo, em plena área típica da
cidade do Porto, sendo um portuense de gema e portista de cima a baixo. Embora
entrado no futebol pela oportunidade que teve no Boavista, logo que conseguiu
transferiu-se para o FC Porto, ainda que tendo de prescindir de dinheiro –
como se pode rever pela descrição constante no livro que em 1960 lhe foi
dedicado na coleção Ídolos do Desporto…
A sua grande coroa de glória ficou assinalada com o título
nacional de 1959, o célebre campeonato do caso Calabote… Mas antes ainda de ter
sido Campeão Nacional, Barbosa foi Campeão Europeu Militar na Seleção portuguesa
dessa categoria, junto com os colegas de clube Hernâni e Arcanjo. Algo que dá
também para vincar pelas imagens das páginas da referida publicação.
Barbosa é pois um futebolista que faz parte do sentimento
portista. Falecido este domingo 3 de dezembro de 2017, é mais uma estrela do firmamento azul que no infinito reluz no sentido dos homens de boa vontade.
Como cantaram os anjos pelo Natal, no nascimento de Jesus Cristo, e parece que
é preciso no além haver mais gente a dizer a Deus o que se passa na terra,
perante a malvadez de quem tem tido o poder das más ações e decisões, no caso do futebol
que faz rolar a bola de jogo e do mundo desportivo.
Paz à sua alma.
Armando Pinto
= Obs.: Esta foto mais recente de Barbosa (a mesma que está em cima, a encimar o artigo), aqui numa fisionomia já de seus últimos tempos, foi cedida pelo meu amigo Paulo Jorge Oliveira, grande portista e também colecionador, sempre atento à angariação de fotografias portistas. As restantes imagens e fotos são de meu arquivo e biblioteca pessoal.
A. P.
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