Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

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quarta-feira, 24 de julho de 2019

Ademir, o herói do golo do importante empate que muito ajudou ao Título Nacional de 1977/78 – no “Universo Porto Entrevista”


Há momentos inesquecíveis que por mais tempo que passe não passam da memória, jamais saem das lembranças mais felizes, permanecendo pelos tempos adiante. Como, entre tantos e bons momentos de alegrias portistas, felizmente vividas, está o célebre golo que deu o empate mais saboroso da história, aquele empate que impediu uma derrota que seria frustrante e sobretudo injusta. Quando, depois de um autogolo que colocou o FC Porto a perder no jogo que não podia perder, em tempo de decisões do campeonato Nacional de futebol de 1977/1978, chegou finalmente um golo do Porto, o golo que deu o empate, chegado quase no fim do jogo, já. O seu autor foi Ademir, o herói que repôs a justiça, quando o FC Porto passara quase todo o tempo à procura de marcar um golo e o adversário, toda a gente da equipa do Benfica, se remetera à defesa, fechando espaços diante da baliza. Até que, quase com todo o estádio em desespero, surgiu enfim esse remate que levou a bola a beijar as redes, pelo lado de dentro.


Pois, passados tantos anos, depois dessa inesquecível tarde de 1978, Ademir, o marcador do golo do título de 1978, foi o grande entrevistado do Porto Canal. Tendo sido entrevistado por Rui Cerqueira, no seu programa “Universo Porto Entrevista. Cuja conversa foi para o ar em primeira visão pública no sábado dia 20 de julho de 2019 e depois disso já revimos diversas vezes, em gravações dos diversos modos possíveis. E quem não viu poderá ainda ver e também rever, pois as entrevistas do Porto Canal têm emissões de repetições ao longo de algum tempo, pelo menos, bastando haver atenção à programação, além das gravações possíveis.


O slogan que deu para recordar isso referiu, em apresentação, tratar-se de “um golo e um avançado inesquecíveis” E foi. Tendo toda essa carga envolvente estado com Ademir no Porto Canal.


Foi um sofrimento grande todo o decorrer desse jogo, com todo o mundo portista a vibrar e quase por fim começar a descrer. Tal como o autor destas linhas sentiu. Sim, porque também estive ali, eu estava lá.


Havendo o dia começado em tons alegres, num autêntico ambiente de romaria em redor do estádio, perante tendas e barraquinhas de vendas de cachecóis e bandeiras, mais estendais de revistas e jornais, assim como adereços diversos. Não chegando a meia missa o material que se vendia também no guichet do clube, sito por trás das bilheteiras, com galhardetes e flâmulas. Passando pela atmosfera familiar, vendo-se famílias inteiras e amigos a comerem seus farnéis, como era uso nesse tempo comer os merendeiros levados de casa, em jeito de piquenique, fazendo refeições partilhadas com o pessoal sentado à volta de toalha onde havia de tudo o que o povo gosta. Até que, com o estômago saciado, se ter entrado ainda cedo para as bancadas, que o estádio depressa encheu e ficou a abarrotar… para depois ter-se ficado a arrotar perante as ocorrências.


Decorrido o jogo, estava quase a acabar, faltando qualquer pouca coisa como uns sete minutos, quando, eis que finalmente o estádio explodiu, e toda a gente saltou e gritou em uníssono: - Golo do Porto!


“Adémir vai levantar para o outro lado, seria para o Simões… corte… para Ademir… rematou… É golo!!!  Que felicidade…  Ademir restabelece a igualdade! É golo… o meu time é a alegria da cidade. Ademir, Ademir o herói da partida!” – Assim relatou e deu música o Gomes Amaro na rádio, em pleno relato do tradicional programa radiofónico Quadrante Norte de Ilídio Inácio, dos Emissores do Norte Reunidos.


Estava uma tarde quente, sufocante. E a garganta já cansada, de gritar e algo seca pelos cigarros fumados. Era o tempo em que eu fumava cigarros da marca Porto, que o Porto estava em tudo connosco. E sem nos podermos mexer do sítio, com tudo apinhado por quanto era espaço.


Ainda parece que ainda sentimos isso… como tudo aquilo mexeu e ainda mexe. Leva mais tempo e custa mais a descrever do que o que instantaneamente os olhos viram e não interessou descrever, então, mas sim sentir, como sentimos.


Esse dia foi dia de comprar muitas recordações, pois eram tempos em que se vendia muito material alusivo ao FC Porto em modo popular. E depois essa campanha ficou registada em livros e discos, como temos grande prazer em ter e guardar.


Ficou célebre uma canção com os nomes de todos os Campeões e proliferaram fotos grandes em calendários de parede e posters, entre muitíssima coisa de variados géneros, de grande apreço memorial. 


Pois agora tudo isso voltou à memória, de olhos e outros sentidos, diante do ecrã com as imagens do Porto Canal. Perante o modo de Rui Cerqueira conseguir puxar pelo entrevistado.


Recordando tudo o que se passou antes e depois. Desde que veio para o FC Porto “com a maior fé no meu futebol".


Recordamo-nos de quando ele veio para o FC Porto e o vimos chegar às Antas para o jogo de apresentação do plantel. Tendo nessa altura vindo também Dinis, que o FC Porto conseguira ir buscar ao Sporting esse que era autêntico ídolo de Alvalade. 


Estando o FC Porto ao tempo com outros bons valores, como Cubillas, Oliveira, Gomes, com tais reforços adveio uma aura de grande esperança. Tendo contudo os resultados não sido ao nível das expetativas e mesmo Ademir só conseguiu assegurar um lugar no onze principal anos depois, na época que afinal seria a sua última com o emblema do Porto.


Na entrevista em apreço, «Ademir, jogador do FC Porto de 1975 a 1978, afirma que quando veio para a equipa azul e branca acreditava no seu futebol e veio com o intuito de "trabalhar para ser titular", mesmo sabendo que teria companheiros à altura. Conta que "a adaptação foi boa" e "o acolhimento maravilhoso", agradecendo ainda ao FC Porto toda a experiência portista que viveu.»


Ademir Vieira nasceu no dia 21 de Outubro de 1951 em Santo André, Estado de São Paulo, Brasil. Tendo na sua terra natal começado a jogar futebol de nível competitivo já espigadote. Havendo-se estreado a nível profissional no Esporte Clube Santo André, com uma rápida ascensão, até que foi contratado pelo S.C. Olhanense, vindo para Portugal no início da época de 1972/73. Depois, em resultado de seu bom desempenho, tendo dado nas vistas, em 1975/76 transferiu-se para o Futebol Clube do Porto.


A estreia oficial com a camisola do FC Porto decorreu durante o Torneio Início da Associação de Futebol do Porto, no último fim de semana de Agosto de 1975, em jogo diante do Vilanovense, com vitória portista por 7-0. Tendo aí Ademir entrado a substituir Cubillas, aos 59 minutos de jogo. Depois a estreia em jogos da Federação Portuguesa de Futebol, ainda como suplente utilizado, aconteceu no jogo inaugural do Campeonato Nacional seguinte, a 7 de Setembro de 1975 no Estádio das Antas, quando os portistas receberam e venceram o União de Tomar por 6-1, à 1ª jornada do Campeonato Nacional de 1975/76.


Teve entretanto algum tempo de espera, devido a ter diante de si valores com tarimba, e foi depois da saída de Cubillas que começou a aparecer mais na equipa principal do FC Porto. E já na temporada de 1976/77 conquistou a Taça de Portugal, tendo sido titular durante alguns jogos das eliminatórias e suplente na final – em que o F.C. Porto venceu o S.C. Braga por 1-0. Ademir apesar de não ter sido utilizado nesse jogo, participou em 4 partidas e marcou 2 golos na caminhada que levou os portistas até ao encontro da festa do futebol, nesse ano realizado no estádio das Antas, com o então Primeiro-ministro Mário Soares a honrar a ocasião com a entrega do troféu ao capitão Oliveira.


Na época seguinte, já com lugar na equipa principal, após Pedroto o ter colocado em funções de levar mais a bola do meio campo da frente, ganhou novo estatuto. Sendo assim que na época de 1977/78 «Ademir entrou na história dos Dragões e nunca mais saiu da memória de todos os portistas que o viram vestido de azul e branco. Nessa temporada o F.C. Porto sagrou-se Campeão Nacional e foi Ademir o autor do golo que fez as bancadas do Estádio das Antas explodirem de alegria quando apontou o golo que empatou o jogo aos 83 minutos contra o S.L. Benfica na antepenúltima jornada do campeonato e que valeu o Título Nacional, que foi confirmado 15 dias mais tarde.


No decorrer dessa época o Boavista conseguiu levá-lo a assinar um pré-acordo, motivo porque no final da mesma temporada em que se sagrou Campeão Nacional, Ademir deixou o F.C. Porto. Mas em última jogada, os responsáveis do FC Porto conseguiram que houvesse entrada na corrida do Celta de Vigo, acabando o brasileiro Ademir por rumar à Galiza, sem ter jogado no Boavista.


Havia representado os portistas durante 3 temporadas, mas só se conseguiu impor na última. Entretanto, conquistou 2 Títulos nacionais, um Campeonato e uma Taça de Portugal, enquanto disputou 68 partidas oficiais e marcou 26 golos. Além dos títulos e golos que não aparecem nas estatísticas conhecidas, como foram as Taças do Torneio Início da A. F. Porto.


Após ter estado em Espanha em representação do Celta de Vigo durante cinco épocas, em 1983/84 regressou a Portugal e ao Olhanense. Depois ainda passou pelo Louletano e terminou a carreira no Imortal, em 1987.


Pois sim, entre isso tudo, ressalta que foi o jogador que pôs fim à travessia dos 19 anos do FC Porto sem o título de campeão, ao ter marcado o golo do empate, 1-1. frente ao Benfica, cujo desfecho permitiu ao F.C. Porto continuar à frente do campeonato e depois sagrar-se campeão. O herói disso foi o homem que agora vimos e ouvimos, já com a fisionomia da passagem dos anos, mas sempre com o seu semblante de pessoa de quem ficamos sempre a gostar. Como foi mais uma vez possível vislumbrar em mais uma das entrevistas sempre bem conseguidas por Rui Cerqueira, a vincar a memória portista de sempre. 


Desta vez com espaço final algo apoteótico, tendo apresentado o guarda-redes Fidalgo, entrado na conversa em tom de recordação, sentando-se ali ao lado o guarda-redes benfiquista que sofreu aquele tal golo de nosso grande consolo e desconsolo encarnado.  


Armando Pinto
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domingo, 16 de setembro de 2018

António Oliveira: O “Sandokan do FC Porto” – no “Universo Porto Entrevista”


Oliveira, o Oliveira da célebre equipa de Rodolfo, Gomes e Oliveira cantada nos discos comemorativos do título de campeões nacionais de 1978, foi o herói da história passada em entrevista televisiva no Porto Canal. Entrevistado desta feita numa das entrevistas de carreira que o Porto Canal tem realizado. Tendo de se repetir as palavras porque não há forma de sintetizar melhor esse encontro de Oliveira diante dos espetadores, como o autor destas linhas, que estive de frente ao televisor a seguir atentamente a conversa, logo na primeira passagem desse programa, na noite de sábado de meio de setembro. A ponto de quase desejarmos que o entrevistador, Rui Cerqueira, fizesse as perguntas que nos apetecia fazer, perante as questões que nos vinham à ideia. Estando Oliveira em frente ao entrevistador e diante das câmaras, como que câmaras e entrevistador fossemos nós. Quão Oliveira desperta interesse em questões portistas.


Oliveira… Assim como Custódio Pinto foi o rosto que vimos pelas fotos de jornais em 1968 a receber, beijar e levantar a Taça que tão bem soube ao mundo portista ver o Porto finalmente ganhar, como ficou para a história de meias já em baixo, pelas canelas das pernas e camisola de fora, como se viu o Pinto, depois de a receber das mãos do presidente da nação, ao tempo o almirante Américo Tomás, a erguer a Taça de Portugal que ele e Américo Lopes, Valdemar Pacheco, Francisco Nóbrega, Djalma, Pavão, José Rolando, Jaime Silva, Atraca, Eduardo Gomes e Bernardo da Velha venceram em pleno relvado do Jamor… também Oliveira foi quem vimos e ficou nas fotos, de barba e sorriso rasgado, a levantar a Taça em 1977, no camarote presidencial do estádio das Antas, recebida das mãos de Mário Soares, então primeiro-ministro da nação. Tendo sido aí Oliveira, de barba crescida à Sandokan (herói de filmes televisivos), que lá em cima representava toda a equipa, com quem depois partilhou no relvado, passando a taça a Gomes, Rodolfo, Torres, Murça, Freitas, Duda, Taí, Gabriel, Simões, Seninho, etc. etc, como representou todos os portistas, os que aplaudiram esses bravos depois na volta de honra, diante dos adeptos, ou quem em casa ou onde se encontrava ouviu pela transmissão radiofónica do Quadrante Norte o Amaro gritar o golo de Gomes e relatar o ambiente vivido nas Antas.


Oliveira que anos antes recebera o último passe de Pavão, foi também quem fez o remate de livre que originou a recarga de Ademir para o golo do empate com sabor a vitória de Maio de 1978 e por fim marcou o primeiro golo do último jogo do regresso dos títulos nacionais ao Porto… mas também o Oliveira que anos mais tarde ficou associado a momentos de fraca memória, quando foi para o Sporting e falou como leão, sobretudo… Assim como volvidos anos regressou como treinador, tendo arcado com tenaz oposição do sistema do futebol português através do programa Donos da Bola da SIC, mas, superando isso e a costumeira roubalheira arbitral contra o Porto, foi o técnico do Tri e do Tetra, deixando por fim o trabalho feito para o Penta que se seguiu…


Ora Oliveira esteve então no “Universo Porto-Entrevista” do Porto Canal. Podendo assim o mundo portista rever-se nalgumas recordações e extensivamente poder fazer-se algumas reflexões. Porque Oliveira é figura que capta atenções e gera diferentes pontos de vista, tal como nuns aspetos leva facilmente à simpatia e noutros deixa a pairar algumas interrogações se queria mesmo dizer ou não o que as palavras dizem mas poderão não querer dizer. Tal como uma coisa é uma coisa e outras coisas podem ser outras coisas.  Sendo contudo notório ser portista e sócio que vive o clube à sua maneira, além de acionista da SAD e da admiração que merece o seu empreendedorismo, como empresário de sucesso, nomeadamente enquanto figura para já marcante na cidade do Porto. Ele que é natural de Penafiel, onde deixou nome no futebol, também, mas especialmente por continuar como figura nacional e portuense afetivo, também.  


Oliveira, que fez seu percurso de formação no FC Porto e no FC Porto foi um dos maiores futebolistas de sempre...


... tal qual como treinador foi campeão nos dois anos em que esteve à frente da equipa portista, é um nome que dispensa muitas apresentações no aspeto histórico.


Tendo sido um bom entrevistado, desta feita, marcou alguns pontos na opinião pública, para amenizar a ferida que há na história portista de Oliveira quando jogou pelo Penafiel contra o FC Porto nas Antas, em 1981, ter tido atitudes que caíram mal, e depois quando jogou pelo Sporting ter ficado célebre a sua frase de quando cair um leão outro se levantará... Havendo a entrevista passado um pouco ao lado, além do caso das memórias para a atualidade e possíveis lampejos futuros. Sem esquecer que foi contemporâneo da ultrapassagem do "Cabo Bojador" do futebol português, mesmo que nos dias que correm ainda haja resquícios, mormente com os campeonatos ganhos pelo Benfica em moldes do túnel da Luz, do modo que a descoberta dos famosos e-mails demonstra e a situação nacional se reflita em haver toupeiras nos sistemas fortes da nação.  


Em suma, sem necessidade de se alongar o percurso curricular de Oliveira, explanado em diversos locais e dos mais variados géneros e feitios, deixamos pequena amostra de sua ficha de carreira. Enquanto fica boa sensação de se ouvir Oliveira, como se viu no Porto Canal. Por quanto fez, jogando e treinando, continua nome importante na História do passado do FC Porto.


Armando Pinto
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