Em pleno período de confraternização do tempo de castanhas e
vinho novo, como é por norma o chamado tempo do verão de S. Martinho, reuniam
na cidade Invicta os associados do FC Porto. Então, a 18 de novembro de 1938,
numa assembleia clubista, «os sócios do FC Porto reclamavam a utilização do (estádio do) Lima devido à escandalosa renda que os Dragões estavam a pagar. Prontamente,
José Donas, tesoureiro do clube, propôs uma solução: “Arranjamos homens com
algumas posses, damos dez contos cada um e começamos a construir um estádio”.
Há 81 anos, um projeto começou a ser pensado e acabaria por se tornar no
Estádio das Antas» - conforme é lembrado, nesta data, na rubrica "Aconteceu" da newsletter
Dragões Diário.
José Donas era então, em 1938, tesoureiro do clube durante o mandato do Dr. Ângelo César.
Vem o caso a calhar para lembrar e homenagear na preservação
memorial esse que foi um bom Portista, José Donas, segundo nos apercebemos pelo que dele ainda
chega ao conhecimento vindouro. Porque, como noutros casos, se não forem de vez
em quando evocados personagens que foram salientes em suas ações, passam ao injusto
esquecimento, quando muito fizeram pelo clube que chegou até nós.
Tanto foi assim, que esse entusiasta da realidade azul e branca fez
parte da original comissão com vista à materialização do anseio da edificação
de um melhor recinto do FC Porto. Então, em meados de 1937/38 constituiu-se a
chamada Comissão Pró-Campo, formada por José Donas, Domingos Ferreira,
Sebastião Ferreira Mendes, Carlos Lello e António Martins. Mais tarde substituída
pela comissão executiva pró-estádio, já mais alargada e com outros associados a
revezarem alguns dos pioneiros.
= José Donas aparece nesta foto do acto de posse do Presidente
Júlio Ribeiro de Campos, em 1950. Da esquerda para a direita: Carlos Mesquita,
Dr. Urgel Horta, Júlio Ribeiro Campos, Dias Ferreira, Dr. Aureliano Braga,
António Sousa, José Moreira, Engº Alberto Mendonça e José Donas (de óculos de
aros escuros).
Entretanto, de sua mobilização permanente, por esses tempos, recorde-se mais uma das realizações em que ele esteve envolvido, sempre pugnando pelo crescimento do FC Porto.
Ora, vindo de longa data a existência de convívios entre gente do FC Porto, desde organizações oficiais até iniciativas particulares, sempre visando o fortalecimento do Portismo que não cabe só no íntimo e tem de extravasar para ser compartilhado e convivido, algumas das antigas iniciativas constavam de banquetes de confraternização de diretores e associados. Ficando na história as organizações desse grande portista do passado, em pleno século XX, o sr. José Donas, que ao longo de anos foi alma de diversas dessas reuniões de portistas pelos anos quarenta e cinquenta.
Como homenagem a essa realidade antiga, com forte marca deixada na mística que formou o Portismo chegado a nossos dias vindo de outrora, damos nota duma dessas organizações, conforme caixa publicada na revista Stadium, a fixar à posteridade um jantar comemorativo do FC Porto de Dezembro de 1950 (do qual, por acaso, há um filme que aparece pela Internet, de arquivo da Cinemateca Nacional, ainda que sem som, mas facilmente identificável pelas imagens condizentes com as fotos que aqui colocamos agora), do tempo de grandes nomes diretivos do FC Porto como o Dr. Urgel Horta, Padre Marcelino da Conceição, Sebastião Ferreira Mendes, Afonso Pinto de Magalhães, Dr. Neiva de Oliveira (entretanto diretor do jornal O Porto), etc. Tratando-se, na ocasião, de um jantar natalício, por assim dizer, realizado à chegada da quadra de Natal dessa época, juntando em alongadas mesas numerosos portistas, diretores e associados Amigos do FC Porto, a meio do mês de dezembro do início da década de cinquenta.
Como se vê sempre houve ações de confraternização dentro do clube, com gente do FC Porto, a procurar elevar a mística portista. Algo que na atualidade, embora em moldes diferenciados, incluindo convidados de fora, ainda se vai podendo rever de alguma forma na gala dos Dragões de Ouro do tempo presente.
Armando Pinto
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