Reconstituição Histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Reconstituição histórico-documental da Vida do FC Porto em parcelas memoráveis

Criar é fazer existir, dar vida. Recriar é reconstituir. Como a criação e existência deste blogue tende a que tenha vida perene tudo o que eleva a alma portista. E ao recriar-se memórias procuramos fazer algo para que se não esqueça a história, procurando que seja reavivado o facto de terem existido valores memorávais dignos de registo; tal como se cumpra a finalidade de obtenção glorificadora, que levou a haver pessoas vencedoras, campeões conquistadores de justas vitórias, quais acontecimentos merecedores de evocação histórica.

A. P.

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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Armando: Guarda-redes vencedor da Taça de Portugal pelo F C Porto e pelo Braga


A festa do futebol, como é normalmente o último jogo oficial da época e é chamada a final da Taça de Portugal, tem este ano o F C Porto e o Braga como intervenientes de um lado para o outro do campo de jogo, no Jamor. Sendo este um encontro que desperta sempre atenções redobradas, como será mais uma vez diante do colorido ambiental e associação sentimental. 

Numa final de Taça incide assim algo, no que rodeia antes, durante e depois tudo o que se relacione com as ocorrências no recinto do jogo final. Como, agora que se voltam a encontrar na Festa da Taça o simbolismo azul e branco do FC Porto e o vermelho e branco do Sporting de Braga. Vindo a talhe referir e recordar uma curiosidade especial relacionada, havendo alguém que representou os dois clubes, em períodos diferentes obviamente, e venceu a Taça de Portugal pelos dois – o guarda-redes Armando.

Armando Pereira da Silva, guarda-redes formado no F C Porto e que teve uma carreira assinalável com bons momentos no F C Porto e no Braga, sobretudo, foi efetivamente um guarda-redes com a faceta de ter estado em duas finais vitoriosas da Taça de Portugal, quer pelo F C Porto como pelo Braga.

Armando Silva, depois de ter passado pelas escolas do Futebol Clube do Porto, estreou-se na equipa principal portista na temporada de 1957/58, tendo logo nessa época estado presente, como guarda-redes suplente, na Final da Taça de Portugal em que o F.C. Porto venceu o S.L. Benfica por 1-0, com golo de Hernâni. Apesar de jovem, então, saído dos juniores pouco antes, Armando foi chamado de prevenção nesse jogo, para o que desse e viesse, fazendo parte da composição dos participantes finalistas na ficha do jogo, em sinal que merecia a confiança dos responsáveis para qualquer eventualidade. Tendo vibrado no banco, junto com o treinador Otto Bumbel (que substituíra Yustrich) e esteve entre os elementos do clube ali presentes no local de sofrimento, em que Bumbel venceu o outro Otto, o Otto Glória que estava do outro lado… e nas vésperas tivera comportamento habitual dos adversários na forma do regime… Conforme, referente a essa final, e como mera curiosidade, se pode relembrar por um respigo do livro “Glória e Vida de 3 Gigantes”, editado pel’A Bola.


Ora, Acúrcio, o guarda-redes efetivo do FC Porto ao tempo, havia-se lesionado em jogo disputado no Restelo, quando marcou um golo de baliza a baliza e jogou a parte restante do prélio com um braço partido. Foi então Pinho quem alinhou nessa final, no Jamor, e Armando subiu ao recinto de jogo como reforço, recebendo também no início a medalha, como naquele tempo acontecia com o Presidente da República ou seu representante a descer ao relvado para proceder aos atos protocolares de cumprimentos e entregas das medalhas correspondentes. E no fim andou também com a taça em mãos, depois do capitão Virgílio a ter ido receber à tribuna de honra, como é da praxe.


De seguida, Armando integrou o plantel portista que foi em digressão a Moçambique, tendo a comitiva portista incluído os elementos que participaram na campanha da Taça - a que se reporta imagem de conjunto, com todos a envergarem o fato oficial do clube.


Depois, mantendo-se no plantel principal, Armando representou os Dragões nas duas temporadas seguintes, tendo vencido por duas vezes a Taça Associação de Futebol do Porto, fazendo equipa com diversos nomes consagrados, como Pedroto, Osvaldo Silva e outros, mas no final do Campeonato Nacional de 1959/60 deixou as Antas para cumprir o serviço militar, enquanto de permeio seguia a carreira por outros clubes, incluindo passagem pelo ultramar, devido à guerra colonial. Após o regresso e breve passagem pelo Salgueiros, transferiu-se para o Braga em 1964/65, tendo-se mantido na cidade dos arcebispos por cinco temporadas, onde venceu a sua segunda Taça de Portugal em 1965/66, havendo aí sido titular na vitória sobre o Vitória de Setúbal, por 1-0.

Armando foi então um dos heróis do clube minhoto nessa única Taça que o Braga conseguiu até agora, através duma exibição segura e presença de respeito. Tendo ficado na retina dos aficionados bracarenses o golo do arsenalista Perrichon, que no final valeu a vitória, e a defesa de Armando a acabar o encontro, segurando o resultado – pois o jogo terminou com Armando a segurar a bola e a agarrar bem contra si aquele triunfo.


Dessa final, como ilustração, junta-se uma imagem da cerimónia protocolar, vendo-se Armando a ser cumprimentado pelo presidente Américo Tomás. E dos festejos, com Armando a levantar a taça desde a varanda dos Paços do Concelho, em Braga.


Passados esses tempos, mais tarde Armando ainda regressou ao F C Porto, para depois também ter retornado ao Braga, onde terminou a carreira, condecorado pela Federação de Futebol com a Medalha de Comportamento Exemplar.

É então Armando um caso singular, sendo o único futebolista vencedor da Taça de Portugal pelos dois atuais finalistas da mesma prova que culmina festivamente as temporadas do futebol nacional.

~~ * ~~

A Propósito, recorde-se (clicando sobre o link) 


Armando Pinto
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sábado, 13 de abril de 2013

Taça da Liga...


TAÇA DA LIGA... a tal... ainda não foi desta. 
...Também o jogo havia logo de calhar num dia 13... e com um azar (esse com outro nome) dos de antiga memória, tal a nomeação dum árbitro dos que mais prejudicam o F. C. Porto, por sistema... Mas lamenta-se esta perda, que entristece os bons desportistas, por, apesar do F. C. Porto não ter feito um bom jogo, ter acabado por haver um vencedor que nada fez de especial para isso. E logo com um penalti duvidoso... e com o Porto obrigado a jogar toda a segunda parte com menos um jogador - com 10 contra mais de 11...! 

De qualquer modo foi uma tristeza, acabando assim a série vitoriosa do clube. Notando-se, por outro lado, que falta raça à nossa equipa, à maneira de fazer das tripas coração... como é apanágio do Porto.

Pese esta realidade - que se deseja sirva de lição e incentivo para dentro do balneário - mantém-se a supremacia do F. C. Porto, que a nível de comparação entre clubes portugueses, se mantém com mais provas conquistadas no total, perante a soma de 72 competições de futebol sénior, enquanto o mais direto adversário, Benfica, continua a só fazer 69...

No caso do jogo deste sábado, foi o que se sabe. Perdendo-se a hipótese de vencer, como até aqui acontecera, as finais disputadas frente ao Sporting de Braga. Verdade desfeita agora ao quinto duelo entre os clubes maiores de Entre Douro e Minho, para a Taça da Liga, no Estádio Cidade de Coimbra.

 

Antes, é de recordar, no plano memorial, frente aos "arsenalistas", os "Dragões" venceram duas edições da Taça de Portugal, uma Supertaça e, mais recentemente, há duas épocas, uma Liga Europa, no que foi a primeira e até agora única final europeia entre duas equipas lusas.

 

No meio disso, a conquista mais importante, no âmbito internacional, foi a Liga Europa, a tal cuja baliza onde entrou o golo vitorioso irá fazer parte do museu do Dragão, num  futuro já algo próximo… Foi a 18 de Maio de 2011, em Dublin, capital da República da Irlanda, com o tento do avançado colombiano Radamel Falcao a valer saboroso triunfo (1-0) ao mundo azul e branco representado pelo “onze" então orientado por André Villas-Boas.

 
 

Foi essa a quarta vitória do F.C. Porto sobre o Sporting de Braga em outras tantas finais, até então, sendo que a primeira, para a Taça de Portugal, se realizou precisamente 34 anos antes de Dublin, a 18 de Maio de 1977, e também foi decidida com um tento solitário, mas inteiramente justiceiro.

 

Nesse jogo, em pleno Estádio das Antas, como local antecipadamente aprovado oficialmente para o encontro, os "anfitriões", orientados pelo Mestre José Maria Pedroto, ganharam por 1-0, graças a um golo do "bi-Bota de Ouro" Fernando Gomes, aos 52 minutos, de cabeça, após cruzamento de Duda.

   

Os dois clubes nortenhos voltaram a encontrar-se, entretanto, na final da Taça de Portugal em 1997/98, aí no Estádio dito Nacional de Oeiras, no Jamor de Queijas, arredores de Lisboa, onde o "onze" de António Oliveira se impôs por 3-1, num embate recordado sobremaneira pelo terceiro golo, num bonito pontapé de bicicleta executado por Artur, avançado brasileiro que com aquele toque de artista sentenciou o resultado, a juntar aos golos portistas de Jardel e Aloísio.

 

Meses depois, como o F.C. Porto se sagrou campeão, seguiu-se o confronto natural para a Supertaça portuguesa, que à época se disputava a duas mãos. Assim o F. C. Porto levou a melhor logo na primeira nas Antas, com triunfo por 1-0, graças a um golo de Zahovic, aos 48 minutos. Seguindo-se um empate de confirmação no jogo derradeiro, à segunda mão, no Estádio 1.º de Maio em Braga, onde os portistas selaram praticamente o troféu aos 69 minutos, com um tento de Capucho, adiantando-se a um posterior de consolação, aos 80, com que o Braga ainda restabeleceu a igualdade, porém sem já nada valer para o lado da cidade dos arcebispos.

 

 

Fica assim para a história tudo isso e a célebre e mais importante Taça Europa, que essa foi e é nossa.

Depois... Aconteceu agora uma das derrotas inesperadas que por vezes surgem, com erros e desvios... Como foi hoje, na noite deste sábado, dia 13 de Abril de 2013, em que, passando duas épocas após o histórico duelo de Dublin, o F.C. Porto e o Sporting Bracarense jogaram nova final. Esta a mais infeliz, na verdade, como taça da cerveja que continua a ser...tratando-se duma taça considerada menos importante, como quarta prova em hierarquia de importância das competições futebolísticas em Portugal. Mas que conta sempre.   

Contudo, melhores dias virão... como os anteriores, que sabe sempre bem recordar!

 Armando Pinto
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sábado, 24 de novembro de 2012

Jogos Braga – F. C. Porto de Memórias mil…


Num fim de semana à imagem do tempo transitivo de outono/inverno, domina as atenções o embate que o F. C. Porto disputa em Braga, no ainda novo estádio bracarense popularmente tido por pedreira. Num semblante que nos faz recordar tempos de criança, há muitíssimos anos, quando ainda pouco entendíamos mas já sabíamos gostar do Porto. 

Corriam tempos da infância do autor, numa tarde domingueira de aspeto cinzento. Então, segundo recordo, apenas já me sentia de alguma forma Portista, mas não sabia ainda os nomes da maioria dos jogadores, aliás nem quais eram eles na totalidade, os que envergavam a camisola azul e branca. Tinha na cabeça os que via nos “macacos” da bola, como por aqui pela Longra chamavam aos populares cromos de coleção, figuras em pequenos papeis que vinham a embrulhar rebuçados baratos, dos que meus irmãos mais velhos e seus amigos juntavam e colecionavam em cadernetas. Tendo, daí, ficado na cabeça um jogo que se disputava em Braga, nessa tarde escura, porque, estando eu a brincar nas proximidades de casa com alguns amigos vizinhos e havendo alguém ali por perto a ouvir o relato do futebol, se ia sabendo que o Porto estava sem conseguir ultrapassar um teimoso empate. Então, contra o costume, em que eu normalmente brincava descontraído, dessa vez não me senti muito bem e dei comigo meio tristonho e sem vontade de continuar a brincar. 


Nas conversas dos mais velhos, por esses tempos, ainda andavam no ar resquícios do campeonato que o F. C. Porto ganhara antes, em 1958/59, coisa de que eu não tinha nem fazia ideia, mas me parecia ter sido há uma infinidade de tempo, na pouca idade entretanto vivida. Ouvindo por isso nomes duns Hernâni, Pedroto, Monteiro da Costa, Teixeira, Arcanjo, etc. mas nem sabia se eram altos ou baixos, brancos ou morenos, até porque nos que apareciam nos jornais, por vezes, via tudo a preto e branco. Por isso, naquela tarde enfadonha, já pelo ano de 1960, fiquei a saber que no Porto havia um tal Humaitá e outros que tais, que não deviam ter pés muito direitos - às bolas que não acertavam na baliza dos outros… 

E foram surgindo e desaparecendo jogadores, muitos deles de fugaz passagem pelo clube, a modos de nem terem chegado a aquecer o lugar na história. Resultando disso que, passados anos, logo que começamos a ter noção de tudo, já não conseguimos ficar com imagens de muitos deles, resultando que só anos mais tarde se nos foram deparando, no interesse memorial clubista. Tal o caso de uma equipa desse tempo que aqui juntamos (graças a cedência do amigo Abílio Faria, o cantor Monte Cristo), a servir de ilustração.

= …Uma formação de 1959/1960, incluindo (desde a esquerda, a partir de cima): Pedroto, Américo, Janko Daucík, Miguel Arcanjo, Paula e Monteiro da Costa; na fila de baixo: Rico, Montaño, António Teixeira, Fernando Perdigão e Humaitá. =

Mas, apesar disso, não fiquei a ver Braga por um canudo. Não simpatizava muito com aquela terra, é verdade, por ter sabido (numa excursão da “doutrina”, em que o Padre João de Rande nos levara, aos moços da catequese, até ao Sameiro e Bom Jesus) que, embora sendo das redondezas, aqui do Norte, por lá havia muitos simpatizantes daquela equipa “armante” (como dizíamos, de ser de gajos que se armavam em finos…), do Benfica de Lisboa; talvez pela parecença das camisolas vermelhas, mas também por certo gosto parolo, como se dizia também.

E no campeonato da época seguinte, como me recordo bem e soube melhor, estava à mesma a jogar uma partida de bola com outros amigos (daqueles jogos de mudar aos três e acabar aos seis, que podiam durar até às tantas), quando por um rádio se ia ouvindo a algazarra dum relato radiofónico, doutro jogo que o Porto disputava em Braga. Mas aí, então, tudo correu bem, e, sabendo que os golos foram aparecendo, houve boa disposição. - Pudera… O Porto foi lá e espetou quatro secos, para eles verem como era…!

= Equipa do tempo de Ívan, já por 1961 dentro. Contendo (a partir da esquerda, e desde cima) Américo, Arcanjo, Paula, Ívan, Barbosa e Virgílio; (em baixo) Jaime, Pinto, Azumir, Hernâni e Serafim.= 

Nesse jogo ouvi o nome de um outro apelido engraçado, um tal Ívan, não o terrível mas o do Porto, simplesmente, que passara a jogar com o Hernâni, Virgílio, o Carlos Duarte, Perdigão, e demais. Nome que, volvidos tempos, já em 1961, foi um dos que me deu uma grande alegria, entre outras, quando integrou a equipa que venceu em Alvalade o Sporting, com um golo de Azumir - por ter tirado o pio aos lagartos que andavam pela nossa escola…

Dessa equipa guardamos uma foto, tirada duma carteira de bolso (como ao tempo havia, daquelas carteiras de plástico com capa de bolsa transparente, onde estava uma gravura da equipa, dum monumento ou duma terra, assim como também duma “gaja”, conforme se quisesse). Cuja gravura mantivemos pelos anos fora e presentemente temos emoldurada, junto com outras relíquias.


Depois disso, naturalmente, sucederam-se outros bons desempenhos e muitos grandes jogos nas idas do F. C. Porto até à cidade dos arcebispos, ao chamado estádio 28 de Maio (e por fim rebatizado por 1º de Maio). Num curso que teve grandes tardes nos embates de avançados como Pinto, Naftal, Manuel António, Nóbrega e outros, diante do guarda-redes Armando que ficou célebre na guarda das balizas arsenalistas, onde ajudou mesmo a conquistar (numa final com o Setúbal) a única taça a nível nacional que o clube minhoto possui.


Não esquece, nem pode olvidar-se, ainda, que foi em Braga que o F. C. Porto teve um embate que decisivamente deu mais confiança para o título nacional alcançado, ao fim de 19 anos de espera, em 1977/78, com uma inesquecível reviravolta, quando já escasseavam as esperanças e parecia ir manter-se a sina… através de golos de Oliveira e Gomes, com que foi suplantada a vantagem inicial dos vermelhos bracarenses. Estava-se no virar da 1ª para a 2ª volta desse campeonato...


E que jogo… ?!! Lá vibramos, durante tal jornada, nas bancadas de pedra do estádio helénico do Minho, com esse triunfo empolgante, surgido quase no fim.

A partir dali tudo já era possível, afinal… como foi. E a realidade suplantou até os sonhos de menino. Desde então, com efeito, o Porto passou a ganhar muito mais e melhor!


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 Armando Pinto