A 11 de junho de 1978 um mar de gente andava pelas Antas logo
desde a manhã desse domingo risonho, passeando por todo o espaço da cidadela
desportiva das Antas e zonas envolventes, sem ninguém querer perder nada nem chegar
tarde ao que fosse, de modo que chegado o final dessa manhã só se viam pessoas
a merendar em jeito de piqueniques à hora do almoço, mais parecendo a zona dos
jardins da Praça Velasquez, ainda assim mesmo chamada, e a rotunda acima do
estádio (ainda não havia a VCI nem coisa que se parecesse) até fuguravam ser um parque florestal de área de merendeiros. Todos comendo satisfeitos seu farnel,
de cachecol às riscas azuis e brancas do Porto pelos ombros, como eram esses
adereços nesses tempos iniciais de tal uso.
Tudo isso porque «o campeonato decidia-se nessa última
jornada. O FC Porto era líder, com os mesmos 49 pontos que o segundo, o
Benfica, mas com uma confortável vantagem na diferença de golos. E havia quase
certeza de vitória, tal era a fé. Depois, no jogo final, diante do Braga, «os
Dragões não deixaram escapar o tão desejado título nacional: Oliveira marcou o
primeiro, Octávio aumentou a contagem e, na segunda parte, apareceu o
inevitável Gomes que, com um bis, fechou a goleada em 4-0. A festa tomou conta
do Estádio das Antas: o FC Porto era campeão nacional 19 anos depois, com José
Maria Pedroto como treinador e Jorge Nuno Pinto da Costa como chefe do
departamento de futebol. Foram os grandes obreiros daquela que é a mãe de todas
as conquistas nacionais.»
Durante essa manhã muitos adereços foram comprados, para ficarem
guardados no carro, de maneira a não se estragar nada e tudo ficar de recordação.
Depois das emoções, já de camisas abertas e peito ao leu, tal era a temperatura
corporal e anímica de entusiasmo, ainda comprei um disco de vinil alusivo. E o
resto vagueia ainda na memória intemporal.
Desse inesquecível dia ficaram algumas fotografias, que
agora dão também para recordar, apesar do colorido já diluído na passagem dos
tempos.
Armando Pinto
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