Com a devida vénia, partilha-se aqui o que foi bem explanado por Diogo Faria no programa Universdo Porto-Bancada de Imprensa, do Porto Canal, acrescido das palavras transmitidas publicamente pelo mesmo elemento da Comunicação do FC Porto:
«Nos últimos dias, voltou a lenga-lenga de alguns papagaios
do Benfica sobre a realização de eleições nos clubes de futebol durante o
Estado Novo.
Dizem eles que o Benfica sempre teve eleições livres e
democráticas, enquanto no FC Porto e no Sporting "as direções eram
escolhidas por conselhos de ex-dirigentes e notáveis" (palavras de Pedro
Adão e Silva, replicadas por vários outros).
No que toca ao FC Porto, estas afirmações são absolutamente
falsas. Na verdade, não tenho qualquer dúvida em afirmar que as eleições do FC
Porto durante o Estado Novo eram mais democráticas do que as do Benfica de
hoje.
Demonstro-o nesta sequência de tweets:
Thread sobre eleições, fascismo, o FC Porto e o Benfica
A 1/05/17, @padaoesilva escreveu: "Durante a noite negra do fascismo, enquanto os sócios benfiquistas elegiam o Presidente, no Porto e no Sporting as direções eram escolhidas por conselhos de ex-dirigentes e notáveis".
A 1/05/17, @padaoesilva escreveu: "Durante a noite negra do fascismo, enquanto os sócios benfiquistas elegiam o Presidente, no Porto e no Sporting as direções eram escolhidas por conselhos de ex-dirigentes e notáveis".
Essa ideia publicada no Record é há vários anos propagada pela comunicação oficial e oficiosa do Benfica, e ainda esta semana foi repetida pela BTV. É falsa. As eleições do FC Porto durante o Estado Novo eram mais democráticas do que as eleições do Benfica na atualidade.
Desde que o FC Porto se consolidou enquanto instituição, no princípio do século XX, até hoje, as eleições dos corpos sociais decorreram sempre em assembleias gerais em que podiam participar a generalidade dos sócios, cada um com direito a um voto.
Houve mudanças nos critérios de elegibilidade, mas muito poucas e sem grande significado: em tempos remotos, podia-se votar a partir dos 16 anos; mais tarde, apenas a partir dos 21; hoje é a partir dos 18.
Continuou a ser assim depois do 25 de abril de 1974. Consultei 12 versões dos Estatutos do clube para o período 1910-1974 e o panorama é sempre o mesmo: órgãos sociais eleitos democraticamente em Assembleia-Geral, pela generalidade dos sócios, cada um com direito a um voto.
O presidente da Assembleia-Geral do FC Porto dirigiu-se aos associados com estas palavras: "Fostes convocados para cumprir o mais sagrado direito do homem: o direito de eleger". Não é uma declaração propriamente comum durante o fascismo, e é por isso plena de significado.
Em blogues do Benfica correm imagens de um jornal do FC Porto que noticia que, em 1963, os corpos gerentes do clube foram reconduzidos pela Assembleia Delegada (AD), supostamente composta por 'notáveis'. Há aí um duplo enviesamento:
1) é verdade que a AD tinha membros por inerência (antigos membros dos corpos sociais), mas era esmagadoramente constituída por sócios eleitos em AG; 2) não era a AD que escolhia os corpos gerentes, a não ser muito excecionalmente, quando não havia candidatos às eleições.
Em suma: o FC Porto teve eleições democráticas durante a monarquia, a I República, o Estado Novo e no Portugal democrático. Eleições em que podiam participar todos os sócios (menos os menores) e em que cada um tinha direito a um voto, como é normal nas democracias.
Parece-me indiscutível que é muito mais democrático um sistema eleitoral em que cada eleitor tem direito a um voto do que outro em que há categorias de eleitores e uns têm mais votos do que outros, como acontece no Benfica.
Por tudo isto, não tenho qualquer dúvida: ao contrário do que dizem os cartilheiros, o FC Porto sempre teve eleições democráticas; mesmo durante o Estado Novo, as eleições do FC Porto eram mais democráticas do que as do Benfica de hoje.
(Diogo Faria)
Partilhado aqui por Armando Pinto
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