Estávamos em 1977, ainda com efeitos recentes da mudança social
saída do 25 de Abril de 74. Entrado já o Outono, num sábado de tempo de
vindimas de vinho verde pela região de Entre Douro e Minho. Tendo de manhã
estado um dia chuvoso e a partir do meio dia começado a raiar um sol vistoso, a
durar pela tarde adiante e a dourar até à noite, chegada sob temperatura
agradável.
Nesse dia, a 24 de Setembro de 1977, o FC Porto tinha jogo
nas Antas, à noite. E durante o dia, esse foi um dia em que isso não andou na
cabeça do autor destas linhas, pois foi dia de casamento próprio, do autor também desta vivência que dá para recordar. Com cerimónia
religiosa ao início da tarde, na igreja paroquial onde os dois noivos iam à
missa e fizeram suas comunhões, e por fim nas redondezas a boda da praxe com
familiares, amigos e convidados, a entrar pela noite dentro. O fotógrafo de
serviço à reportagem devida foi o fotógrafo do jornal O Porto, o amigo sr.
Fernando Timóteo. Por esse motivo, nessa noite ele teve de chegar tarde ao jogo
das Antas. E só então o caso do Porto jogar nessa noite veio à ideia, quando
ele se teve de despedir apressado (e já lá chegaria tarde, quase para o final, apesar dos jogos nesse tempo começarem sempre pelas nove e meia da noite). Assim como, enquanto os convivas ainda
ficaram a fazer festa, no interior do distrito do Porto, os noivos rumaram mais
longe para o litoral até um hotel; e ao passarmos em frente ao estádio das
Antas (sendo como era por aí a entrada principal da cidade, anos-luz antes de haver por ali autoestradas e via de cintura citadina), com todo aquele frenesim e o céu brilhantemente luminoso pelos focos das torres de
iluminação do recinto, ecoou um brado vindo de dentro, que ressoou fora, na
hora em que o Porto marcara um golo, mais um golo.
Com efeito, nessa noite e nesse jogo foram até vários os
golos, tendo o FC Porto vencido por 6-1. O adversário era o Feirense, que
equipava de camisola toda azul. E aí, a equipa comandada por José Maria Pedroto,
de camisola branca e calções azuis, como era norma ao tempo no equipamento
alternativo, consumava a terceira vitória em quatro jogos do campeonato, rumo à
conquista do título que escapava desde 1959. Tendo o triunfo por 6-1 sido
construído com um hat-trick de Duda, a que se juntaram outros três golos distribuídos
por Gomes, Murça e Oliveira, sendo deste o último por sinal, o ouvido à
passagem do autor destas linhas, nessa noite em que o céu por ali estava
iluminado.
Esse ano foi especial e o dia inesquecível, obviamente.
O senhor Timóteo depois fez a surpresa de, passados dias,
ter feito publicar no jornal O Porto uma foto alusiva, dando nota da passagem
para o grupo de casados do colaborador do jornal desse tempo. Fazendo imprimir
no jornal do clube foto com um grupo de convidados que haviam sido hoquistas do
FC Porto, até. Enquanto se esmerou no álbum fotográfico do casamento, mediante
um modelo raro à época, com as fotos a fazerem de páginas, em género de livro
próprio…
Quanto ao campeonato, então o FC Porto vencera em casa o Setúbal, mas perdera de seguida no
Estoril. Sendo que, então em 1977/78 tal derrota foi mãe de vitórias e
não mais sucedeu qualquer desaire total. E, depois, a meio de Junho seguinte, o FC Porto acabou por conseguir
ser campeão.
Ufff… Como tudo isso ficou para sempre gravado na memória!
Ora esse foi assim um jogo dos jogos da vida, no caso mesmo sem o ter presenciado com os olhos, mas com o coração.
Ufff… Como tudo isso ficou para sempre gravado na memória!
Ora esse foi assim um jogo dos jogos da vida, no caso mesmo sem o ter presenciado com os olhos, mas com o coração.
E já se passaram todos estes anos...
Armando Pinto
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